CRISTIANISMO/ catequistas ensinar O AMOR VALE MAIS DO QUE A FÉ


CRISTIANISMO/ catequistas ensinar
O AMOR VALE MAIS DO QUE A FÉ
sábado, 20 de julho de 2019
in: Email: paroquiachapadinha@chpadinhasite.com

O direito de errar é tão importante como o direito de existir, caso contrário nem Deus não nos teria criado.
Veja bem, o jogador bota o nome num time, começa aprendendo, quer ser um craque, mas erra muito e nunca desiste. O treinador dá-lhe o direito de errar. O aluno vai na escola, vai para aprender mas  tem o direito de errar. O filho tem o direito de errar, porque está aprendendo a ser filho ou filha. 

Os pais têm o direito de errar porque estão aprendendo a ser pais. Por isso os pais têm que dar aos filhos o direito de errar. E os filhos também que dar aos pais o direito de errar. E Deus é o primeiro que nos dá o direito de errar senão nem nos tinha criado.

Na Igreja  e nas famílias parece que ninguém pode errar. Até para as crianças já temos um dedo apontando que errou, e poucas vezes um elogio que acertou. E na Igreja? Vejamos bem que houve sempre uma luta entre o magistério dos bispos e  dos teólogos.

No séc.I não havia separação nenhuma entre um e outro. Havia a função de ensinar semelhante à dos rabinos das sinagogas. Depois as Escolas do séc.II ao séc. III foram abertas por iniciativa de mestres de iniciativa particular, sem missão recebida das autoridades pastorais, como Justino, Orígenes, Jerônimo  e Efrém. O Catequista era chamado de doutor (didáskalos) semelhante ao ensino dos rabinos do A.Testamento.

Foi Santo Irineu que começou a formular o critério de sucessão apostólica para garantir a autenticidade da tradição. Depois do séc.II já começou uma distinção entre o ensino dos doutores e dos ministros ordenados que se julgavam os da tradição. E começou a tomar relevo a figura do bispo. 

A “cátedra” é que caracterizava a figura do bispo. Daí a “cátedra” “cadeira” do bispo é que começou se tornando o critério de autenticidade. Embora alguns bispos mal soubessem ler mas se baseavam na sucessão dos apóstolos e faziam “regra de fé”, e botavam algum diácono para fazer as pregações. E assim continuou pela Idade Média, quando não poucos bispos eram escolhidos pelo rei e nobres da corte e entre os seus membros.

Mais à frente chegou-se a um conceito restritivo de magistério do bispo e exigir dos teólogos que exercessem sua atividade só para explicação das declarações do Magistério, limitando e amarrando o trabalho da Teologia  e dos teólogos.

O magistério do Papa e dos bispos, invocando sua autoridade pastoral invadiu assim o campo e a competência da Teologia. Foi quando também o Papa declarou só como válida e eterna a teologia de Tomás de Aquino, como a única aceitável, e excluindo todas as outras Escolas e Mestres mais atualizados e capacitados.

O papel assumido pela especulação teológica sofreu grandes revezes em épocas diferentes devido a essa invasão e repressão do Magistério impedindo o trabalho acadêmico que na herança de Platão é o lugar do diálogo entre as ciências e isso foi suprimido. Além de outros atropelos como a Inquisição, o Index e o Syllabus.

O Concílio Vaticano II colocou bases para uma solução desse problema, pondo em evidência a necessidade  de abertura ao trabalho teológico (GS. 44 e 62). Na verdade, como dissemos atrás,  há um direito fundamental da pessoa humana e das instituições, que é o direito de errar. Se Deus dá o direito de errar, porque é que a Igreja não dá esse direito? E por que tantas vezes não o admitiu? Porque se não existisse o direito de errar não poderia haver o direito de existir.

“Ninguém explica Deus”,  como canta o músico Marcos Almeida. Os cientistas explicam Deus do jeito deles; o morador de rua  explica do jeito dele; a Igreja explica do jeito dela; as outras igrejas explicam do jeito delas; o Antigo Testamento explicava do jeito dele. E há erros? Não, porque todos querem acertar e ninguém,  acerta, só tenta, “procurando Deus às apalpadelas”. (At.17,24).  E ainda : “Agora vemos como num espelho, em enigma, mas então veremos (Deus) face a face” (1 Cor,13,12).
Já dizia um jargão antigo da Patrística: “Nas coisas necessárias haja unidade, nas duvidosas e incertas a liberdade, mas em todas a caridade. E eu sempre digo: O amor vale mais do que a fé.

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