Dia Mundial da Paz Mensagem do Papa Francisco para o 48º Dia Mundial da Paz “Já não escravos, mas irmãos”
Dia
Mundial da Paz
Mensagem do Papa Francisco para
o 48º Dia Mundial da Paz
“Já não escravos, mas irmãos”
…Infelizmente, o flagelo generalizado da exploração do
homem pelo homem fere gravemente a vida de comunhão e a vocação a tecer relações
interpessoais marcadas pelo respeito, a justiça e a caridade. Tal fenómeno
abominável, que leva a espezinhar os direitos fundamentais do outro e a
aniquilar a sua liberdade e dignidade, assume múltiplas formas sobre as quais
desejo deter-me, para que, à luz da Palavra de Deus, possamos considerar todos
os homens, «já não escravos, mas irmãos».
Apesar da comunidade internacional ter adoptado numerosos
acordos para pôr termo à escravatura em todas as suas formas e ter lançado
diversas estratégias para combater este fenómeno, ainda hoje milhões de pessoas
– crianças, homens e mulheres de todas as idades – são privadas da liberdade e
constrangidas a viver em condições semelhantes às da escravatura.
Penso em tantos trabalhadores e trabalhadoras,
mesmo menores, escravizados nos mais diversos sectores, a nível
formal e informal, desde o trabalho doméstico ao trabalho agrícola, da
indústria manufactureira à mineração, tanto nos países onde a legislação do
trabalho não está conforme às normas e padrões mínimos internacionais, como –
ainda que ilegalmente – naqueles cuja legislação protege o trabalhador.
Penso também nas condições de vida de muitos migrantes que, ao
longo do seu trajecto dramático, padecem a fome, são privados da liberdade,
despojados dos seus bens ou abusados física e sexualmente. Penso em tantos
deles que, chegados ao destino depois duma viagem duríssima e dominada pelo
medo e a insegurança, ficam detidos em condições às vezes desumanas.... Sim!
Penso no «trabalho escravo».
Penso nas pessoas obrigadas a
prostituírem-se, entre as quais se contam muitos menores, e
nas escravas e escravos sexuais; nas
mulheres forçadas a casar-se, quer as que são vendidas para casamento quer as
que são deixadas em sucessão a um familiar por morte do marido, sem que tenham
o direito de dar ou não o próprio consentimento.
Não posso deixar de pensar em quantos, menores e adultos, são objecto
de tráfico e comercialização para remoção de
órgãos, para ser recrutados como soldados,
para servir de pedintes, para actividades
ilegais como a produção ou venda de drogas,
ou para formas disfarçadas de adopção internacional.
Penso, enfim, em todos aqueles que são raptados e mantidos
em cativeiro por grupos terroristas,
servindo os seus objectivos como combatentes ou, especialmente no que diz
respeito às meninas e mulheres, como escravas sexuais. Muitos deles
desaparecem, alguns são vendidos várias vezes, torturados, mutilados ou mortos. In VOZ DA MISSÃO Janeiro 2015, p.8
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