GLOBALIZAÇÃO Dia Mundial da Paz: Papa pede «fraternidade» para enfrentar «globalização da indiferença»
GLOBALIZAÇÃO
Dia
Mundial da Paz: Papa pede «fraternidade» para enfrentar «globalização da
indiferença»
31
de Dezembro de 2013, às 11:04
D.R. /
Francisco destaca importância da «paternidade» divina
para criar vínculos entre irmãos
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Cidade do Vaticano, 31 dez 2013 (Ecclesia) – O Papa
Francisco destaca a importância de uma “paternidade” comum na humanidade para
travar a “globalização da indiferença”, na mensagem para o Dia Mundial da Paz
2014, que se celebra a 1 de janeiro.
“As próprias éticas contemporâneas mostram-se incapazes de
produzir autênticos vínculos de fraternidade, porque uma fraternidade privada
da referência a um Pai comum como seu fundamento último não consegue
subsistir”, refere o documento, dedicado ao tema ‘Fraternidade, fundamento e
caminho para a paz’.
Francisco sublinha que o número cada vez mais maior de
ligações e comunicações que envolvem o planeta “torna mais palpável a
consciência da unidade e partilha dum destino comum entre as nações da terra”.
Esta realidade mostra a “a vocação” da humanidade a “formar
uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos
outros”.
“Contudo, ainda hoje, esta vocação é muitas vezes
contrastada e negada nos factos, num mundo caracterizado pela ‘globalização da
indiferença’ que lentamente nos faz ‘habituar’ ao sofrimento alheio,
fechando-nos em nós mesmos”, refere o Papa.
A primeira mensagem do pontificado para esta celebração
anual da Igreja Católica insiste na necessidade de uma “paternidade
transcendente” que reforce a “fraternidade entre os homens, ou seja, o fazer-se
‘próximo’ para cuidar do outro”.
“O amor de Deus, quando é acolhido, torna-se no mais
admirável agente de transformação da vida e das relações com o outro, abrindo
os seres humanos à solidariedade e à partilha ativa”, acrescenta.
O Papa formula a todos, indivíduos e povos, “votos duma
vida repleta de alegria e esperança”, falando no “anseio duma vida plena que
contém uma aspiração irreprimível de fraternidade”.
Os outros, precisa, não são “inimigos ou concorrentes”, mas
irmãos a “acolher e abraçar”.
“A consciência viva desta dimensão relacional leva-nos a
ver e tratar cada pessoa como uma verdadeira irmã e um verdadeiro irmão; sem
tal consciência, torna-se impossível a construção duma sociedade justa, duma
paz firme e duradoura”, observa.
Francisco destaca, a este respeito, que a família é a
“fonte de toda a fraternidade” e que na “família de Deus” todos são filhos de
um mesmo pai, pelo que não há “vidas descartáveis”.
“Em Cristo, o outro é acolhido e amado como filho ou filha
de Deus, como irmão ou irmã, e não como um estranho, menos ainda como um
antagonista ou até um inimigo”, sublinha a mensagem.
O texto defende que ninguém pode ficar “indiferente”
perante a sorte dos irmãos e evoca, a esse respeito, a história bíblica de Abel
e Caim, na qual se “põe em evidência o difícil dever, a que todos os homens são
chamados, de viver juntos, cuidando uns dos outros”.
“A narração de Caim e Abel ensina que a humanidade traz
inscrita em si mesma uma vocação à fraternidade, mas também a possibilidade
dramática da sua traição. Disso mesmo dá testemunho o egoísmo diário, que está
na base de muitas guerras e injustiças”, pode ler-se.
Francisco cita o Papa emérito Bento XVI, para quem a
globalização faz “vizinhos”, mas não faz “irmãos”.
“Que Maria, a Mãe de Jesus, nos ajude a compreender e a
viver todos os dias a fraternidade que jorra do coração do seu Filho, para
levar a paz a todo o homem que vive nesta nossa amada terra”, conclui. OC/AE
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