GUERRAS FINANCEIRAS Dia Mundial da Paz: Papa denuncia «guerras» financeiras
GUERRAS
FINANCEIRAS
Dia
Mundial da Paz: Papa denuncia «guerras» financeiras
Francisco recorda situações de desigualdade, pobreza e injustiça
|
Cidade do Vaticano, 31 dez 2013 (Ecclesia)
O Papa denuncia as
consequências da “tragédia da exploração do trabalho” e das “guerras"
económico-financeiras, na mensagem para o Dia Mundial da Paz 2014, que se
celebra a 1 de janeiro.
“Penso nos tráficos ilícitos de dinheiro como também na
especulação financeira que, muitas vezes, assume expressões predadoras e
nocivas para sistemas económicos e sociais inteiros, lançando na pobreza
milhões de homens e mulheres”, escreve Francisco, num documento dedicado ao
tema ‘Fraternidade, fundamento e caminho para a paz’.
Nesse contexto, o Papa fala em “guerras menos visíveis, mas não
menos cruéis” do que os conflitos armados, que acontecem “nos campos económico
e financeiro com meios igualmente demolidores de vidas, de famílias, de
empresas”.
A primeira mensagem do atual pontificado para esta celebração
anual promovida pela Igreja Católica aponta o dedo a “inúmeras situações de
desigualdade, pobreza e injustiça”, considerando que as mesmas “indicam não só
uma profunda carência de fraternidade mas também a ausência duma cultura de
solidariedade”.
“As novas ideologias, caraterizadas por generalizado
individualismo, egocentrismo e consumismo materialista, debilitam os laços
sociais, alimentando aquela mentalidade do ‘descartável’ que induz ao desprezo
e abandono dos mais fracos, daqueles que são considerados ‘inúteis’, lamenta o
Papa.
Francisco alerta para o aumento de um relacionamento humano
“pragmático e egoísta”, em que cada um se deixa guiar pela “avidez do lucro” e
pela “sede do poder”.
“É necessário encontrar o modo para que todos possam beneficiar
dos frutos da terra, não só para evitar que se alargue o fosso entre aqueles
que têm mais e os que devem contentar-se com as migalhas, mas também e
sobretudo por uma exigência de justiça e equidade e de respeito por cada ser
humano”, sustenta.
A mensagem alude à “corrupção que hoje se difunde de maneira
capilar”, pedindo à comunidade política para "agir de forma transparente e
responsável".
"A fraternidade gera paz social, porque cria um equilíbrio
entre liberdade e justiça, entre responsabilidade pessoal e
solidariedade", frisa.
O documento reforça os apelos papais em favor de um compromisso
global contra a fome.
“É mais que sabido que a produção atual é suficiente e todavia há
milhões de pessoas que sofrem e morrem de fome, o que constitui um verdadeiro
escândalo”, insiste Francisco.
Segundo Papa, o “necessário realismo” da política e da economia
não pode reduzir-se a um “tecnicismo sem ideal, que ignora a dimensão
transcendente do homem”.
“Quando falta esta abertura a Deus, toda a atividade humana se
torna mais pobre, e as pessoas são reduzidas a objeto passível de exploração”,
adverte.
Francisco sublinha que a fraternidade é o “fundamento principal”
da paz e apela a uma atitude de “de serviço às pessoas, incluindo as mais
distantes e desconhecidas”.
O Dia Mundial da Paz começou a ser celebrado anualmente a 1 de
janeiro durante o pontificado do Papa Paulo VI, em 1968, e a mensagem para esta
jornada é enviada às dioceses e às embaixadas de todo o mundo. OC/AE
Comentários
Enviar um comentário