ESCRAVATURA
Dia Mundial da Paz: Papa condena «fenómeno
abominável» da escravatura e tráfico de pessoas
“Sim! Penso no «trabalho escravo»”, alerta o Papa, desafiando as
empresas a “garantir aos seus empregados condições de trabalho dignas e
salários adequados” e a “vigiar para que não tenham lugar, nas cadeias de
distribuição, formas de servidão ou tráfico de pessoas humanas”.
A mensagem alude ainda às redes de prostituição, aos casamentos
forçados, ao tráfico e comercialização de órgãos, às crianças-soldados, aos
pedintes, ao recrutamento para produção ou venda de drogas e a formas
disfarçadas de adoção internacional.
O Papa chama a atenção para “aqueles que são raptados e mantidos
em cativeiro por grupos terroristas”, servindo como “combatentes” ou como
“escravas sexuais”.
“O flagelo generalizado da exploração do homem pelo homem fere
gravemente a vida de comunhão e a vocação a tecer relações interpessoais
marcadas pelo respeito, a justiça e a caridade”, assinala a mensagem.
Face à dimensão atual do problema, Francisco propõe um compromisso
global de “prevenção, proteção das vítimas e ação judicial contra os
responsáveis” pelas formas de escravatura e tráfico humanos.
“Tal como as organizações criminosas usam redes globais para
alcançar os seus objetivos, assim também a ação para vencer este fenómeno
requer um esforço comum e igualmente global por parte dos diferentes atores que
compõem a sociedade”, explica.
O Papa espera uma “mobilização de dimensões comparáveis às do
próprio fenómeno” para combater o “flagelo da escravidão contemporânea”,
pedindo às instituições e a cada um que “não se tornem cúmplices deste mal, não
afastem o olhar à vista dos sofrimentos de seus irmãos e irmãs em humanidade,
privados de liberdade e dignidade”.
No início deste mês, o Papa uniu-se a vários líderes religiosos
mundiais, no Vaticano, numa declaração comum pela erradicação da escravatura
até 2020.
Francisco refere que as sociedades humanas conhecem o fenómeno da
escravatura “desde tempos imemoriais” e que esta foi formalmente abolida no
mundo “na sequência duma evolução positiva da consciência da humanidade”.
“Na raiz da escravatura, está uma conceção da pessoa humana que
admite a possibilidade de a tratar como um objeto”, precisa.
Partindo da Bíblia, o Papa assinala que, como irmãos e irmãs,
“todas as pessoas estão, por natureza, relacionadas umas com as outras” e que a
“a realidade negativa do pecado” interrompe esta fraternidade.
A mensagem para o Dia Mundial da Paz 2015 deixa
uma oração “a fim de que cessem as guerras, os conflitos e os inúmeros
sofrimentos provocados quer pela mão do homem quer por velhas e novas epidemias
e pelos efeitos devastadores das calamidades naturais ”.
OC
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