LITURGIA Advento: Missão e Esperança por P. CAPINGANA MARCOLINO
LITURGIA
Advento: Missão e Esperança
por P. CAPINGANA MARCOLINO
“Consolai o meu povo, diz o
vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém: estão perdoados os vossos crimes (Is
40,1-2).” O Advento é memória e promessa. Promessa para nós de Cristo em
pessoa; um sonho para o povo. Um imperativo para os profetas de hoje, na correspondência às bem-aventuranças. Nossa esperança está
fundamentada na fidelidade do nosso Deus. Se falarmos dos Patriarcas (Abraão,
Isaac e Jacob) e dos eventos marcantes do povo israelita (êxodo, exílios),
deduzimos que eles também tinham esperança. As promessas de Deus continuam
entre nós: Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos (Mt 28,20). Essa
presença, no tempo e na história, foi anunciada por João Baptista, a quem
Zacarias disse: E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás à
Sua frente a preparar seus caminhos, para dar a conhecer ao seu povo a salvação
pela remissão dos seus pecados (Lc 1,76-78). E João Baptista, humilde na grande
missão, não usurpou o lugar do Messias. Apresenta-se: Eu sou a voz que clama no
deserto: preparai o caminho do Senhor (Lc 3,3). Em tom de humildade, a voz tem
valor pela mensagem que traz e conduz aos ouvidos. Como diz S. Agostinho, “a
voz serve para transmitir a palavra. Quando esta palavra entrou no coração do
outro, apaga-se a voz, cala-se”. A missão é de Cristo. Nós, inúteis servos, não
podemos impedir a palavra: anunciamo-la e fazemo-la ver. João Baptista disse:
Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1,29). É preciso que,
além do nosso dizer, Ele se dê a conhecer. Assim, após o anúncio, partimos para
outros lugares e povos, sempre à sombra do Evangelho, que nos interpela e
ilumina. Graças ao Espírito Santo, que nos precede, a missão tem aceitação. A
eficácia é ainda maior quando mostrarmos que também estamos no processo de conversão
permanente.
No mundo dilacerado pelas
guerras, crises, cataclismos e doenças, a esperança é uma realidade cuja
vivência desemboca no sentido de que a vida vale a pena. A esperança é uma
virtude que gera firmeza e alegria de que, não obstante as peripécias do
presente, dias melhores virão; o mal terá fim. Temos, então, a missão urgente,
em que nos é dada a graça de levar a mensagem e consolação aos refugiados,
desempregados, carentes de escolas. O advento está invocando um futuro melhor, de consolação.
Maria, a Mãe de Jesus, é sinal da consolação que nos vem de Deus. No
magnificat, Maria exulta de alegria. Com ela aprendemos que agradecer é um acto
de humildade. É uma missão a dar pelos catequistas, pelos pais e sacerdotes. No
magnificat reconhecemos a nova chance dada por Deus para que, mesmo frágeis,
sintamos o sopro do Espírito Santo que nos consola. O pecado não anula o amor
divino. A graça do perdão, porém, nos faz confessar a indignidade. É preciso
mostrar e aceitar a ferida que dói. Depois da cura, o nosso coração exulta de
alegria. A gratidão leva-me a confessar que, não sendo digno, Deus ouviu o meu
clamor, e eu fui curado. Ao receber a Arca da Aliança em sua casa, David
exclamou: como entrará a Arca do Senhor em minha casa (1Sm 6,9)? Essa exclamação
ressoou no coração de Isabel, que recebeu a Arca da Nova Aliança: E donde me é
dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor (Lc 1,43)? Maria é a Arca da Nova
Aliança. Jesus Cristo é a Nova e eterna Aliança. É ele, por excelência e
natureza, o Missionário do Pai. in VM dezembro 2016
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