SÍRIA Evacuação de Alepo suspensa pela segunda vez
Evacuação de Alepo suspensa
pela segunda vez
O
acordo alcançado na quinta-feira terá sido desrespeitado pelos rebeldes, acusam
as
forças
governamentais da Síria. Foram ouvidas quatro explosões no local de onde
partem
os autocarros.
Ambulâncias do Crescente Vermelho têm auxiliado no processo de evacuação
da cidade de Alepo. AFP/Getty imag João Francisco Gomes |
A
evacuação de Alepo foi suspensa esta sexta-feira, depois de milhares de pessoas
terem
sido retiradas da cidade nas últimas 24 horas. A suspensão acontece depois de
os
rebeldes se terem recusado a colaborar na retirada dos feridos de duas cidades
situadas
na província vizinha de Idleb, Fua e Kefraya.
Na quinta-feira, um grupo de
ambulâncias dirigiu-se para essas localidades para facilitar
a retirada, que no entanto não aconteceu. A saída dos doentes das duas cidades
fazia parte do acordo de retirada de Alepo, já que foi uma das condições impostas
pelo Irão, aliado do Governo de Damasco, para permitir a marcha de rebeldes
e civis da maior cidade do norte da Síria. Segundo dados do Observatório Sírio
dos Direitos Humanos, nenhum doente ou ferido saiu daquelas localidades de maioria
xiita. Além disso, os rebeldes que
ocupavam a zona leste de Alepo terão tentado levar prisioneiros
durante a evacuação. Fonte governamental acusa os rebeldes de terem furado
o acordo. “A operação de evacuação foi suspensa porque as forças da oposição falharam,
ao não respeitarem as condições do acordo”, sobre a retirada, disse a fonte do
regime sírio À AFP. Já a Reuters dá conta que houve pelo menos quatro explosões no
local de onde têm saído os autocarros.
Mais de 8 mil pessoas já foram
retiradas
Desde o início da operação de
evacuação de Alepo, na quinta-feira, já foram retirada milhares
de pessoas da cidade, segundo órgãos oficiais e ativistas. A agência de notícias
estatal SANA afirmou que até agora um total de 8.079 “terroristas” e respetivas
famílias abandonaram os distritos sitiados de Al Salahedín, Al Ansari, Al Mashad
e Al Zabdie pelo corredor de Al Ramusa-Ameriya, sob a supervisão do Comité Internacional
da Cruz Vermelha (CICR) e o Crescente Vermelho.Essas pessoas, segundo a mesma
fonte, foram retiradas de Alepo em dez operações e foram
encaminhadas para zonas do sudoeste da província com o mesmo nome. Por sua
vez, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) informou que até à suspensão
da operação saíram dez grupos com 8.500 feridos, doentes, civis e combatentes
do leste de Alepo, em direção ao oeste. A ONG precisou que 3.000 dos retirados
são rebeldes e cerca de 360 são feridos e doentes.
Apesar de terem sido retirados
da zona de conflito, os habitantes de Alepo ainda enfrentam
perigos, sobretudo a falta de mantimentos e de medicamentos. Por outro lado,
com a rápida queda de Alepo, não houve tempo suficiente para que fossem preparados
os locais para onde se dirigem os cidadãos. Outro fator que poderá colocar em
risco os civis que foram retirados da cidade é o inverno rígido que se faz
sentir agora
na região. A perda de Alepo, principal
bastião e símbolo da revolta na Síria, marcará o fim da rebelião
nesta cidade, cuja zona oriental conquistara em 2012. Representará também a
mais importante vitória do governo desde o início da guerra civil, em 2011. Mas
são sobretudo
os civis as vítimas: centenas já morreram e quase 130.000 fugiram da cidade
desde o início da ofensiva pró-regime, lançada a 15 de novembro para retomar a
totalidade da cidade.
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