Um Natal mais missionário por P. A. FARIAS
Um Natal mais missionário por P. A. FARIAS
É Natal. Deus mostrou-se-nos em Jesus, presente na debilidade duma criança.
Convenhamos que Deus até da ignomínia da Cruz fez surgir a Vida. O Mistério de
Natal é um imenso sinal do Amor de Deus que continua a agir no Mundo. É com a
força dos pequenos e dos débeis que se constrói o Reino de Deus. É a lógica das
Bem aventuranças e do Magnificat de Maria.
Nos
meados do século XIX um padre Francês, Charles de Forbin-Janson, perante uma
enorme crise de vida cristã na Europa, e até no meio de grandes crispações
sociais e religiosas, pensou que nas crianças talvez houvesse uma nova energia
cristã e até uma fonte de renovação eclesial. Teve a feliz ideia de convocar as
crianças do seu país e com elas iniciar um grande movimento chamado Infância
Missionária. Mobilizou as crianças da França para ajudarem as crianças chinesas
através da oração e da ajuda material. Até conseguiu que os pais se associassem a este
movimento de tal modo que toda a França se mobilizou a partir das crianças. A Igreja
elevou esse movimento infantil à categoria de Obra Missionária Pontifícia. E muitas
vocações missionárias surgiram na alma das crianças através do interesse e preocupação pelo
anúncio do Evangelho a todos os povos.
Hoje
a IM está presente em toda a Igreja e pretende-se que cada criança se torne ela
também missionária rezando pelos seus amiguinhos, partilhando da sua pobreza o
pouco que têm, e sobretudo chamando outras crianças para a Igreja e para a
catequese. Este movimento nasce do esforço por levar as crianças a
encontrarem-se com Jesus, rezarem e tornarem-se apóstolas. Em Portugal este
movimento está a ser promovido em várias dioceses em conjugação com os
secretariados diocesanos da catequese. É uma riqueza para a catequese e para a
Igreja missionária porque está a ser ajudada pelo apoio humano e espiritual das
crianças. A Infância Missionária em Angola tornou-se no maior movimento
infantil em todo o país. São milhares as crianças que se mobilizam e se tornam
missionárias das outras crianças.
Creio
que assumir este projecto da Infância Missionária poderá ser entre nós um
grande Movimento de renovação cristã por muitas razões. A primeira nasce mesmo
do Evangelho e desta quadra natalícia pela qual somos chamados a assumir a
lógica de Deus que dos pequenos faz surgir o Seu Reino. Depois é necessário
promover uma nova maneira de estar na vida para as nossas crianças,
convidando-as a sair do seu mundo fechado e egoísta, abrindo-as à partilha, à
doação, à solidariedade. Finalmente, é preciso tornar as nossas crianças
missionárias nos seus ambientes já sem referências cristãs e onde muitos dos
seus companheiros já nem sequer são baptizados nem têm qualquer prática cristã.
É preciso criar a inquietação missionária semeando-a nos corações dos
pequeninos.
É
um grande projecto para o tempo de Advento e Natal. Precisamos de acreditar que
Deus salva o mundo a partir dos pequenos, como sempre aconteceu. Todos,
pequenos e grandes, com uma inquietação: sermos discípulos missionários.
Vamos
todos fazer mais Natal contemplando o Deus Menino do presépio de Belém, e tornando-nos
também nós salvadores do mundo. in VM. dez. 2016
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