Missão: do “eu” medroso ao “eu resoluto”

Missão: do “eu” medroso ao “eu resoluto”

Por P. Armando Soares

D.R
Foi divulgada a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões, a celebrar no dia 18 de outubro de 2020.

A missão é “Igreja em saída” para anunciar o Evangelho, é movimento do Espírito que nos impele e conduz, é conversão, é mudança, é envio ao outro neste ano bem marcado pelas tribulações e desafios causados pelo covid-19.

Ao apelo «Quem enviarei?» o profeta Isaías responde: «Eis-me aqui, Senhor, envia-me» (Is 6, 8).

A chamada vinda de Deus misericordioso, interpela a Igreja e a humanidade na crise mundial atual. Fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furiosa. Demo-nos conta que estávamos no mesmo barco, todos frágeis e desorientados.

Sentimo-nos chamados a remar juntos, falando a uma só voz, a voz do medo, dizendo angustiados “vamos perecer” (Mc 4, 38).

 

O sofrimento e a morte fazem-nos experimentar a nossa fragilidade humana; mas, todos reconhecemos um forte desejo de vida e de libertação do mal. 

A missão que Deus confia a cada um faz-nos passar do «eu» medroso e fechado ao «eu» resoluto e renovado pelo dom de si.

No sacrifício da cruz, onde se realiza a missão de Jesus (Jo 19, 28-30), Deus pede-nos a nossa disponibilidade pessoal para ser enviados, porque Ele é Amor, em perene movimento de missão, para dar vida. 

Ele é o Missionário do Pai, morto e ressuscitado por nós. No seu movimento de amor atrai-nos com o seu próprio Espírito, que anima a Igreja, nos torna seus discípulos e nos envia em missão ao mundo e às nações.

 

A missão de anunciar é movimento porque o Espírito Santo nos impele e conduz. A vida humana nasce do amor de Deus, cresce no amor e tende para o amor. 

A Igreja, sacramento universal do amor de Deus pelo mundo, prolonga na história a missão de Jesus e envia-nos por toda a parte. Deus continua a manifestar o seu amor e a tocar e transformar corações, mentes, corpos, sociedades e culturas em todo o tempo e lugar.

A missão é resposta, livre e consciente, à chamada de Deus. Prontos a ouvir a chamada ao caminho do matrimónio, da virgindade consagrada ou do sacerdócio ordenado. 

Só com disponibilidade interior se pode responder a Deus: «Eis-me aqui, Senhor, envia-me» (Is 6, 8). E isto respondido não em abstrato, mas no hoje da Igreja e da história.

 

A compreensão daquilo que Deus nos está a dizer nestes tempos de pandemia torna-se um desafio para a missão da Igreja. Desafia-nos a doença, a tribulação, o medo, o isolamento. Interpela-nos a pobreza de quem morre sozinho, de quem está abandonado a si mesmo, de quem perde o emprego e o salário, de quem não tem abrigo e comida.

Somos convidados a redescobrir que precisamos das relações sociais e também da relação comunitária com Deus. 

E a oração, na qual Deus toca e move o nosso coração, abre-nos às carências de amor, da dignidade e da liberdade dos nossos irmãos, bem como ao cuidado por toda a criação. 

Deus continua a procurar alguém para enviar. 

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