PENTECOSTES 3 inimigos do Espírito


PENTECOSTES 3 inimigos do Espírito
Papa apresenta os três inimigos do dom do Espírito: o narcisismo, a vitimização e o pessimismo
Foto: Vatican Media
“O que é que nos une, em que se baseia a nossa unidade?”. Na homilia da Missa na Solenidade de Pentecostes, celebrada no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro, com a presença de 50 fiéis, o Papa Francisco falou sobre a unidade como dom do Espírito Santo.
E começou, partindo da Igreja nascente: «Há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo – escreve Paulo aos Coríntios –; há diversidade de serviços, mas o Senhor é o mesmo; e há diversos modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos».

 Diversos, unidos pelo Espírito Santo
O Apóstolo – observa o Papa – insiste em juntar duas palavras que parecem opostas. Quer-nos dizer que este um só que junta os diversos é o Espírito Santo. E a Igreja nasceu assim: diversos, unidos pelo Espírito Santo”.
O Papa recordou que entre os apóstolos havia “pessoas simples, habituadas a viver do trabalho das suas mãos, como os pescadores”, mas também Mateus, “certamente dotado de instrução pois fora cobrador de impostos”.  Ou seja, há “origens e contextos sociais diversos, nomes hebraicos e nomes gregos, temperamentos pacatos e outros ardorosos, ideias e sensibilidades diferentes. Todos eram diferentes”.

A união vem com a unção
A união “Deixou as suas diversidades; e agora une-os, ungindo-os com o Espírito Santo.” Em Pentecostes, “os Apóstolos compreendem a força unificadora do Espírito”, pois constatam, que apesar de todos falarem línguas diversas, “formam o povo de Deus, plasmado pelo Espírito, que tece a unidade com as nossas diferenças”.
Voltando para a Igreja hoje, o Papa pergunta: «O que é que nos une, em que se baseia a nossa unidade?»,  pois também entre nós “existem diversidades, por exemplo de opinião, preferência, sensibilidade”. Mas a tentação, “é defender sempre as nossas ideias, considerando-as boas para todos e pactuando apenas com quem pensa como nós. E esta é uma má tentação que divide”.

Nosso princípio de unidade é o Espírito Santo
Mas “o nosso princípio de unidade é o Espírito Santo. E a primeira coisa que Ele nos lembra é que somos filhos amados de Deus. Todos iguais nisso, e todos diferentes”:
“O Espírito vem a nós, com todas as nossas diversidades e misérias, dizer-nos: temos um só e mesmo Senhor, e um só e mesmo Pai; somos irmãos e irmãs.
Olhemos a Igreja como faz o Espírito, não como faz o mundo:
O mundo vê-nos de direita e de esquerda, com esta ideologia, com aquela outra; o Espírito vê-nos do Pai e de Jesus.
O mundo vê conservadores e progressistas; o Espírito vê filhos de Deus.
O olhar do mundo vê estruturas, que se devem tornar mais eficientes; o olhar espiritual vê irmãos e irmãs implorando misericórdia. O Espírito ama-nos e conhece o lugar de cada um no todo: para Ele não somos papelinhos coloridos levados pelo vento, mas ladrilhos insubstituíveis do seu mosaico”.

O perigo da “Igreja ninho”
Voltando ao dia de Pentecostes, o Papa observa que a primeira obra da Igreja é “o anúncio”:
Vemos, porém, que os Apóstolos não preparam uma estratégia; quando estavam fechados no Cenáculo, não preparavam um plano pastoral. Teriam podido dividir as pessoas por grupos… Mas não! O Espírito não quer que a recordação do Mestre seja cultivada em grupos fechados, em cenáculos onde tendemos a «fazer o ninho». E esta é uma séria doença que pode ocorrer na Igreja: a Igreja não comunidade, não família, não mãe, mas ninho. O Espírito abre, relança, impele para além do que já foi dito e feito, Ele impele para mais além dos recintos duma fé tímida e cautelosa”.

O segredo da unidade é o dom
Diferentemente do mundo que precisa de uma “estrutura compacta e uma estratégia calculada”, na Igreja – disse o Santo Padre – é o Espírito que assegura ao arauto a unidade”. Assim, os Apóstolos partem “sem preparação, lançam-se, saem. Anima-os um único desejo: dar o que receberam.”
E isso, leva-nos a compreender que “o segredo da unidade na Igreja, o segredo do Espírito, é o dom. Porque Ele é dom, vive doando-Se e, assim, nos mantém unidos, fazendo-nos participantes do mesmo dom”:
Deus é dom, que se comporta, mas dando. E por que é importante? Porque o nosso modo de ser crentes depende de como entendermos Deus. Se tivermos em mente um Deus que Se impõe, desejaremos também nós tomar e impor-nos: ocupar espaços, reivindicar importância, procurar poder.”
“MAS, SE TIVERMOS NO CORAÇÃO QUE DEUS É DOM, MUDA TUDO. ENTÃO TAMBÉM NÓS QUEREREMOS FAZER DA VIDA UM DOM. E AMANDO HUMILDEMENTE, SERVINDO GRATUITAMENTE E COM ALEGRIA, OFERECEREMOS AO MUNDO A VERDADEIRA IMAGEM DE DEUS.”

Os três inimigos do dom
O Espírito, memória viva da Igreja, lembra-nos que nascemos de um dom e crescemos doando-nos; não poupando-nos, mas dando-nos.
O Papa então nos convida a olhar no íntimo de nós mesmos e nos perguntar o que é que impede de nos darmos, indicando três inimigos do dom, “sempre deitados à porta do coração: o narcisismo, a vitimização e o pessimismo”.

O narcisimo
“O narcisismo leva a idolatrar-me, a comprazer-me apenas com o lucro próprio. O narcisista pensa: «A vida é boa, se eu ganho com ela». E assim chega a dizer: «Por que deveria eu doar-me aos outros?» Nesta pandemia, faz um mal imenso o narcisismo, o debruçar-se apenas sobre as próprias carências, insensível às dos outros, o não admitir as próprias fragilidades e erros.

 A vitimização
Mas o segundo inimigo, a vitimização, também é perigoso. A vítima lamenta-se todos os dias do seu próximo: «Ninguém me compreende, ninguém me ajuda, ninguém me quer bem, estão todos contra mim!» Quantas vezes ouvimos estas lamentações! No drama que vivemos, como é má a vitimização! Como é mau pensar que ninguém nos compreende e sente aquilo que sentimos nós. Isso é a vitimização!

O pessimismo
Por fim, temos o pessimismo. Neste caso, a ladainha diária é: «Nada vai bem, a sociedade, a política, a Igreja…»
O pessimista insurge-se contra o mundo, mas fica inerte e pensa: «Assim para que serve doar-se? É inútil». Agora, no grande esforço de recomeçar, como é prejudicial o pessimismo, ver tudo negro, repetir que nada voltará a ser como antes!”
Com este tipo de pensamento – observou Francisco – o que seguramente não volta é a esperança: “Nestes três – o ídolo narcisista do espelho, o deus-espelho; o deus-lamentação: “eu me sinto pessoa nas lamentações”; e o deus-negatividade: “tudo é escuro” – , “encontramo-nos na carestia da esperança e precisamos apreciar o dom da vida, o dom que é cada um de nós. Por isso, necessitamos do Espírito Santo, dom de Deus que nos cura do narcisismo, da vitimização e do pessimismo, nos cura do espelho, das lamentações e do escuro.”
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