PORTUGAL FÁTIMA Cardeal patriarca avisa que só há solidariedade com subsidiariedade
PORTUGAL
FÁTIMA Cardeal
patriarca avisa que só há solidariedade com subsidiariedade
O cardeal patriarca de Lisboa disse hoje em Fátima
que "solidariedade sem subsidiariedade, não o é de facto", depois de
na quinta-feira ter apelado a que o Estado seja subsidiário do direito dos pais
à escolha do ensino dos filhos
Lusa FÁTIMAHÁ 2 HORASPOR LUSA. D. Manuel Clemente |
Durante
a homilia que antecedeu a procissão do adeus da peregrinação aniversária
internacional de maio, 99 anos após as aparições, Manuel Clemente lembrou
também que as "entidades políticas servem o bem comum, que é o bem de
todos segundo as legítimas escolhas de cada um".
Na
quinta-feira, dia 12 de maio, Manuel Clemente, questionado em conferência de
imprensa sobre alterações aos contratos de associação, disse que este pode ser
o momento para se debater a liberdade de escolha no ensino.
"O
papa é claríssimo sobre o direito e a responsabilidade dos pais, inalienável,
diz ele, na educação dos filhos e na escolha do tipo de ensino para os filhos.
E que o Estado deve ser subsidiário desse direito dos pais. E este ponto, que o
papa vinca tão fortemente, é que é o principal", disse então.
Hoje, o cardeal patriarca voltou a abordar a questão da
solidariedade e da subsidiariedade e esclareceu que é "neste ponto que
culto, cultura e sociedade se devem harmonizar, mesmo e sobretudo em sociedades
plurais e democráticas, como quer ser" a portuguesa.
"Sendo as famílias e o catolicismo realidades
fundantes do que somos hoje, ainda que sejamos diversos, hão de ser tidos em
conta por organizações posteriores, como o Estado ou as instâncias
internacionais, quando legislam ou administram o que a todos respeita",
vincou o também presidente da conferência episcopal portuguesa.
"Mas, estando nós em tempo de grandes indefinições
culturais, lembro tão-somente que Portugal nunca se entendeu sem Santa Maria,
cuja 'terra' é. E adianto ainda que só por grande distração ou preconceito não
se notará o que aqui sucede há um século quase, neste chão bendito da Cova da
Iria".
Manuel Clemente explicou também que várias gerações têm
somado peregrinações, em "tempos de guerra e em tempos de paz, em horas de
dor e ainda de esperança".
"Porque em tantos lugares continua a vida, pessoal ou
pública, como sempre acontece. Buscam-se soluções, tomam-se medidas, de acerto
variável... Mas, aqui em Fátima, antes, durante e depois disso e muito mais,
cumpre-se o legado do Senhor na Cruz: temos uma mãe, pulsa um coração. Uma mãe
que, sendo de Jesus, o é de nós todos. Um coração em que cabem e se sublimam os
de todas as mães. Será esse talvez o maior 'segredo' de Fátima. E assim mesmo
atrai, assim mesmo perdura".
O cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, presidiu na
quinta-feira e hoje à peregrinação internacional que decorreu no Santuário de
Fátima e que celebrou o 99.º aniversário das aparições.
Esta peregrinação foi a primeira grande celebração no novo
altar do recinto de oração que permite uma maior visibilidade da também
renovada basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
A obra foi adjudicada em março de 2015, durou cerca de um
ano e constou da construção do altar, ambão (púlpito) e cadeiras da
presidência: "Cada uma das três peças tem um caráter próprio e obedece a
princípios individuais bem delineados, de acordo com a sua função e
simbologia", assinala o Santuário.
"O meu espírito alegra-se em Deus, meu Salvador"
foi o tema desta peregrinação que, para além das habituais cerimónias
litúrgicas, incluiu o acolhimento da imagem da Virgem Peregrina - que viajou ao
longo de um ano pelas 21 dioceses portuguesas do continente e ilhas, conventos
e mosteiros de clausura - e a consagração dessas mesmas dioceses a Nossa
Senhora de Fátima, na presença de todos os bispos portugueses.
A peregrinação abriu oficialmente na quinta-feira na
Capelinha das Aparições, com uma saudação a Nossa Senhora e aos peregrinos.
Hoje, a celebração final começou às 09:00, com o rosário na
Capelinha das Aparições. Seguiu-se, às 10:00, a procissão para o altar, missa,
a tradicional bênção dos doentes, consagração e procissão do adeus. NM
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