PORTUGAL Igreja junta-se a manifestação dos colégios em defesa da liberdade de ensino
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Igreja junta-se a manifestação dos colégios em
defesa da liberdade de ensino
por ESTELA SILVA/LUSA |
Cerca de 25 mil apoiantes dos contratos de associação
são esperados hoje em Lisboa. Bispos deram apoio ao protesto numa altura em que
o Ministério da Educação já dá a questão dos cortes como encerrada
A Igreja Católica vai juntar-se à manifestação de hoje
em defesa dos contratos de associação. A Conferência Episcopal Portuguesa
referiu ontem ter tomado conhecimento da "grande manifestação"
marcada para este domingo "na defesa do direito constitucional da
liberdade de ensino". Nesse sentido, os bispos quiseram "manifestar o
apoio a esta e a outras iniciativas" contra os cortes nos contratos de associação.
A Igreja - que tem 27 colégios atualmente apoiados com
contratos de associação, mas dos quais só 14 vão poder abrir turmas de início
de ciclo no próximo ano - junta-se assim ao Movimento Defesa da Escola Ponto
que está a organizar a marcha em Lisboa e que vai juntar diretores de colégios,
alunos, pais, professores, presidentes de câmara, deputados e dirigentes
partidários. Os bispos sublinharam ainda, em comunicado, que apoiam todas as
iniciativas que "com ordem e civismo defendam a liberdade de os pais
escolherem a escola e projetos educativos que desejam oferecer aos seus filhos,
pais que pagam os seus impostos, mesmo optando pelo ensino público em escolas
geridas por entidades particulares".
A organização espera conseguir juntar nesta tarde em
frente à Assembleia da República cerca de 20 a 25 mil pessoas. A concentração
está marcada para as 15.00 na Avenida 24 de Julho e segue depois para a
Assembleia da República. Junto ao Parlamento estará montado um palco para
receber atuações de música e dança dos alunos dos colégios e os discursos dos
porta--vozes do movimento contra os cortes no financiamento de turmas de início
de ciclo (5.º, 7.º e 10.º anos) em 39 dos atuais 79 colégios que têm estes
contratos.
Os manifestantes pretendem demonstrar que o ensino
público na escola estatal é mais caro do que o ensino particular financiado e
esta será uma das principais mensagens. "Vamos levar faixas, com o foco do
custo, e vamos pegar nos valores do Orçamento do Estado de 2016, no número de
turmas e na dotação orçamental e fizemos o valor para a escola estatal. Dá 105
800 euros turma/ano. O que significa que cada turma que passa do contrato de
associação [pago a 80 500 euros turma/ano] para o Estado vai sair mais
cara", explicou ao DN Luís Marinho, representante dos pais no Movimento
Defesa da Escola Ponto.
Além disso a caminhada até ao Parlamento vai decorrer
em clima "de festa da família", como sublinhou Manuel Bento, do
Movimento e diretor do Centro de Estudos de Fátima. Pelo que a polícia que vai
estar a acompanhar a manifestação não deve ter grande trabalho.
PSP vai acompanhar percurso
A PSP de Lisboa indicou que "será montado o
dispositivo normal para acompanhar e permitir que as pessoas exerçam o direito
à manifestação". Sérgio Soares, da PSP de Lisboa, acrescentou ainda ao DN
que "houve reuniões preparatórias com os promotores, que transmitiram à
polícia o número de pessoas esperado, assim como os meios de transporte para
Lisboa. São esperadas entre 15 e 20 mil pessoas, que desfilarão entre a Avenida
24 de Julho e a Assembleia da República, onde haverá uma concentração. A
segurança será, sobretudo, coordenada pela Divisão de Trânsito".
O transporte para Lisboa foi pago pelos participantes
- no máximo cada um pagou seis euros, referiu Manuel Bento - que alugaram
também um comboio vindo de Braga. Esta composição vai parar em vários pontos do
país no caminho até Lisboa e foi apelidada de Comboio da Liberdade.
Antes do protesto na rua, as duas partes - Ministério
da Educação e colégios - trocaram documentos que, segundo os próprios, lhes dão
razão. O movimento tem um parecer feito por um professor da Universidade de
Coimbra que lhe dá razão e o ME tem um parecer do Conselho Consultivo da
Procuradoria-Geral da República (PGR) que confirma a sua visão. Ontem a secretária
de Estado adjunta da Educação, Alexandra Leitão, disse que a decisão de cortar
nas turmas de início de ciclo está encerrada.
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