VOCAÇÃO As vocações são dons da misericórdia divina por ARMANDO SOARES *
VOCAÇÃO
As vocações são dons da misericórdia divina por ARMANDO SOARES *
O decurso do Jubileu da
Misericórdia, deve fazer sentir a todos os cristãos a alegria de pertencer à
Igreja , e de descobrir que as vocações cristãs bem como as particulares,
nascem no meio do povo de Deus e são dons da misericórdia divina! A Igreja é a casa
da misericórdia e também a «terra» onde a vocação germina, cresce e dá fruto. A
acção misericordiosa do Senhor perdoa os nossos pecados e abre-nos a uma vida
nova que se na chamada ao discipulado e à missão. Toda a vocação na Igreja tem
a sua origem no olhar compassivo de Jesus.
Paulo VI, na Exortação
Apostólica Evangelii nuntiandi,
descreveu os passos do processo da evangelização. Um deles é a adesão à
comunidade cristã (cf. n. 23), da qual se recebeu o testemunho da fé e a
proclamação explícita da misericórdia do Senhor. A Igreja não é só um lugar
onde se crê, mas também objecto da nossa fé; por isso, dizemos no Credo: «Creio
na Igreja». Deus chama-nos a fazer parte da Igreja e dá-nos uma vocação
específica sendo o caminho vocacional feito juntamente com os irmãos e as irmãs
que o Senhor nos dá.
Papa Francisco exorta todos os
fiéis a assumirem as suas responsabilidades no cuidado e discernimento
vocacionais. Quando os Apóstolos procuravam alguém para a escolha dos sete
diáconos, foi convocado o grupo dos discípulos (cf. Act 6, 2).
A vocação nasce na Igreja:
“para o serviço na Igreja em todo o mundo”. «Um sinal claro da autenticidade
dum carisma é a sua eclesialidade, isto é, para o bem de todos» (Ibid., 130).
Respondendo à chamada de Deus, o jovem pode considerar os múltiplos carismas e
realizar assim um discernimento mais objectivo. Deste modo, a comunidade
torna-se a casa e a família onde nasce a vocação. O candidato aprende a
conhecer e a amar os irmãos e irmãs que percorrem caminhos diferentes do seu; e
estes vínculos reforçam a comunhão entre todos.
A vocação cresce na Igreja.
Durante o processo de formação, os candidatos às diversas vocações precisam de
conhecer cada vez melhor a comunidade eclesial. Para isso, é oportuno fazer
alguma experiência apostólica juntamente com outros membros da comunidade como:
comunicar a mensagem cristã ao lado dum bom catequista; experimentar a
evangelização nas periferias com uma comunidade religiosa; descobrir o tesouro
da contemplação, partilhando a vida de clausura; conhecer melhor a missão ad
gentes em contacto com os missionários; e, com os sacerdotes diocesanos,
aprofundar a experiência da pastoral na paróquia e na diocese.
A vocação é sustentada pela
Igreja. Quem consagrou a própria vida ao Senhor, está pronto a servir a Igreja
onde esta tiver necessidade. A missão de Paulo e Barnabé é um exemplo desta
disponibilidade eclesial. Enviados em missão pelo Espírito Santo e pela
comunidade de Antioquia (cf. Act 13, 1-4), regressaram depois à mesma
comunidade e narraram aquilo que o Senhor fizera por meio deles (cf. Act 14,
27). Os missionários são acompanhados e sustentados pela comunidade cristã, que
permanece uma referência vital, como a pátria visível onde encontram segurança
aqueles que realizam a peregrinação para a vida eterna.
Dentre os agentes pastorais,
revestem-se de particular relevância os sacerdotes. Por meio do seu ministério,
torna-se presente a palavra de Jesus que disse: «Eu sou o bom pastor» (Jo
10,11).
Todos os fiéis são chamados a
consciencializar-se do dinamismo eclesial da vocação, para que as comunidades
de fé possam tornar-se, a exemplo da Virgem Maria, seio materno que acolhe o
dom do Espírito Santo (cf. Lc 1, 35-38). A maternidade da Igreja exprime-se
através da oração perseverante pelas vocações e da acção educativa e de
acompanhamento daqueles que sentem o chamamento de Deus. Fá-lo também mediante
uma cuidadosa selecção dos candidatos ao ministério ordenado e à vida
consagrada.
Que o Pai de misericórdia, que
entregou o seu Filho pela nossa salvação e sempre nos sustenta com os dons do
seu Espírito, nos conceda comunidades cristãs vivas, fervorosas e felizes, que
sejam fontes de vida fraterna e suscitem nos jovens o desejo de se consagrarem
a Vós e à evangelização. * Director in VM-junho 2016
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