GUATEMALA JUSTIÇA SOCIAL: indígenas e camponeses manifestam-se em favor
O dia 20 de Outubro de 1944 marcou o início de uma fase importante para a Guatemala. A partir desta data, o país, e em especial trabalhadores/as, indígenas, camponeses/as e camadas populares, foram beneficiados com mudanças drásticas nos rumos da política e da economia. Os interesses das elites económicas e de países como os Estados unidos deram espaço para a reforma agrária, a devolução de terras indígenas e a oferta de crédito para camponeses/as empobrecidos.
Durante os anos, sob a junta revolucionária, a Guatemala viveu dias diferentes, com verdadeira transformação rumo à democracia e a criação de políticas de desenvolvimento que melhoraram as condições de vida de camponeses/as, indígenas e das camadas mais pobres da população.
A junta revolucionária proibiu também os trabalhos forçados, criou o banco da Guatemala, legalizou a propriedade da terra estatal, criou o instituto de fomento para a produção, elevou o salário semanal, implementou o código de trabalho, promoveu a diversificação das exportações e promoveu uma reforma no sistema educativo, entre outras benfeitorias.
A oposição conseguiu o que queria e elegeu como presidente da Guatemala o militar Castillo Armas. A partir deste momento, a vida das populações mais carentes do país começou a passar por novas transformações, sendo que dessa vez, negativas. Segundo destaca a Coordenadoria Nacional Indígena e camponesa (Conic), de imediato, foi invalidado o decreto que concretizou a reforma agrária.
"Desde esta época, os campesinos e indígenas se viram submergidos novamente na miséria, exclusão e pobreza, devido ao fato de que o novo governo mudou toda sua política para que os grandes proprietários de terra sigam enriquecendo a custa da população em geral", denunciam.
Firmes de que esta situação ainda pode mudar a Conic e demais organizações indígenas e camponessas da Guatemala lutam por transformações como a aprovação da Lei da Consulta sobre a Mineração, da Lei Geral dos Povos Indígenas, de Desenvolvimento Rural Integral, Lei da Consulta aos Povos, de Rádios Comunitárias e de lugares sagrados.
A luta dessas organizações também chama atenção para os retrocessos na questão agrária, pede a resolução da dívida agrária, a destinação de recursos para o Fundo de Terras, para a Secretaria de Assuntos Agrários, para a reactivação da economia camponesa, assim como o arrendamento de terras.
"Também pedimos o fim à repressão contra líderes comunitários, não aos desalojamentos (políticas de despojo de terras ancestrais aos povos indígenas), políticas para reduzir o alto custo de vida, a não outorga de concessões mineiras, petroleiras e hidroeléctricas que afectam as comunidades e políticas para reduzir o aumento da energia eléctrica", reivindica a Conic.
Lutando e manifestando-se de forma digna pelas demandas populares, Conic, Frente Nacional Contra a Mineração, Via Campesina Internacional e Coordenadora Latino-Americana de Organizações do Campo acreditam que será possível, com união, "alcançar uma Guatemala com justiça social e bem-estar para a população".* Natasha Pitts-ADITAL
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