ÁFRICA Os mártires do Uganda por PADRE KUSSETA, Gabela


Mártires do Uganda
Os mártires do Uganda deram a sua vida pela fé há cerca de 128 anos. Com estes 22 foram martirizados outros cristãos cuja história se desconhece.
A história destes mártires, disse o Papa Paulo VI, merece ser meditada demoradamente visto que os motivos que lhe dão sentido e valor, da religião e da castidade, aparecem com uma evidência que impressiona e edifica. «Quem lê, contempla; quem contempla, estremece; quem estremece, chora». Foram martirizados entre 1885 e 1887, por ordem do rei Mwanga. O Papa Bento XV, ao declarar bem-aventurados estes 22 mártires, disse que «eram duplamente mártires, da sua fé e da castidade».
José Mukasa foi educado na corte. Era amável, honesto e caritativo. O rei Mutesa simpatizava muito com ele. Era cristão desde o dia 30 de Abril de 1882 e muito estimado dos seus companheiros. A caridade de José Mukasa tornou-se notória. Exercia também exemplarmente o cargo de catequista. Como durante o dia tinha muitos afazeres junto do rei, ensinava o catecismo de noite. José Mukasa manifestou claramente que reprovava os costumes imorais do rei. Apreciava, como cristão, a inocência dos rapazes da corte e procurava, por todos os meios ao seu alcance, conservá-los puros. Os conselheiros do rei iam-lhe enchendo os ouvidos com frases como esta: «tu já não mandas nada, não és rei. Um rei é aquele que faz o que quer e a quem todos obedecem. Os teus funcionários preferem o Deus dos cristãos».
Este ódio foi-se alargando a ponto de atingir não só os jovens cristãos mas também os missionários. «O Deus dos cristãos rouba-me o coração dos rapazes», exclamava o rei. A primeira vítima deste ódio seria José Mukasa, o encarregado de todos os rapazes da corte. José Mukasa, foi martirizado a 15 de Novembro de 1885. Foi imediatamente condenado á morte pelo fogo. Quando os algozes lhe amarravam as mãos, exclamou: «morro pela minha religião e por ter fugido ao mal. Sou cristão. O cristão dá a vida por Deus. Não tenho medo da morte».
As consequências deste martírio foram muito diferentes das que o rei havia previsto. Todos os rapazes da corte choraram o mártir. Todos desejavam, como José, ser mártires da religião que professavam.
Martírio de Carlos Lwanga e companheiros. Carlos Lwanga foi baptizado na noite de 15 de Novembro de 1885. Todos os que o conheceram dizem que era alto, bem-parecido, de maneiras delicadas, esperto e bem constituído. Certo dia,  Mwanga dirigiu-se a ele nestes termos: «Se não deixas de rezar, meu cachorro, acabo contigo.»
A mesma força e coragem revelaram todos os outros mártires, com idades dos 15 aos 26 anos.
Kisito. Era encantador, modesto e detestava o pecado, embora fosse apenas  catecúmeno. Cada vez que o rei o chamava,
Beatificação e canonização. No ano de 1920, dos cerca de 150 mártires do Uganda, vinte e dois foram declarados bem-aventurados pelo Papa Bento XV.
Quarenta e cinco anos depois, Paulo VI anunciava, que desejava canonizá-los no decorrer da 3ª sessão do Concílio Ecuménico, Vaticano II. E assim foi. No dia 18 de Outubro de 1964, por volta das nove horas, acendem-se as luzes da basílica e descobre-se o painel onde estavam pintados os 22 novos santos. Toda a multidão entoou o canto do «Ave Maris Stella” em honra da rainha dos mártires.
* In O AMBOIM, Boletim da Gabela, Jul.Set 2013

Comentários

Mensagens populares