PORTUGAL A GREVE DA TAP Governo diz que greve na TAP «acelera privatização»
PORTUGAL
O
secretário de Estado dos Transportes rejeitou hoje ceder a «pressões» no âmbito
da greve dos tripulantes de cabine da TAP, admitindo que a paralisação, a ter
algum efeito, será o de acelerar o processo de privatização.
«Acho que a greve agrava
mais, separa mais, do que aproxima. Agrava a situação da empresa - não é que a
empresa esteja mal do ponto de vista financeiro, está a crescer - mas torna a
empresa notícia por maus motivos, afasta passageiros, que ficam desesperados, e
sobretudo [os trabalhadores] não se podem queixar que não lhes dizemos a
verdade», afirmou Sérgio Monteiro.
Falando aos jornalistas à
margem do congresso europeu Eurolog, com o patrocínio do Presidente da
República e da Associação Portuguesa de Logística (APLOG), que hoje se realiza
em Lisboa, Sérgio Monteiro declarou que os trabalhadores da transportadora «já
sabem o que pode ou não ser feito» e avisou que o Governo não vai ceder a
pressões.
«A greve, normalmente, é um
instrumento de pressão sobre a administração ou sobre o Estado para conseguirem
certas coisas. Ora, é claro o que pode ser feito ou não. Não vale a pena
estarem com pressões desta natureza porque a nossa posição é só uma e já lhes
foi comunicada», sublinhou o secretário de Estado.
Apelou, por isso, ao bom
senso «daqueles que convocaram esta greve, no sentido de não prejudicarem a
empresa».
Questionado pela Lusa sobre
se a greve poderá ter um impacto negativo no processo de privatização da
empresa, Sérgio Monteiro respondeu que "não".
«Desse ponto de vista, se o
objetivo é esse [travar a privatização], o impacto é indiferente. Se alguma
coisa acontece, acelera o processo de privatização», salientou.
O governante referiu ainda
que vai reunir-se hoje com a plataforma de todos os sindicatos representativos
dos trabalhadores da transportadora aérea, a pedido desta, e insistiu na
disponibilidade manifestada pelo Governo para dialogar.
«Falta de diálogo da parte do
Governo não tem havido. Agora, exceções orçamentais para além daquelas que
foram permitidas no Orçamento do Estado para 2014 (OE2014), isso não pode ser
alterado porque perdíamos o equilíbrio que existe na sociedade portuguesa
relativamente a outros funcionários públicos», reforçou.
Sérgio Monteiro revelou, por
fim, que o Governo pediu à administração da TAP, há duas semanas, «que
ponderasse, no âmbito da proposta do Orçamento do Estado para 2015 (OE2015),
que medidas podem ser tomadas - iguais ou diferentes ao OE2014 - que possam
mitigar o impacto na vida de alguns trabalhadores».
Entretanto, a TAP divulgou na
terça-feira que quase metade dos passageiros com reserva para voar na TAP na
quinta-feira e no sábado, dias de greve dos tripulantes de cabine, já
cancelaram ou reagendaram as suas viagens.
A greve, convocada pelo
Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), filiado na UGT,
é repartida em dois períodos, sendo o primeiro entre as 00:00 e as 23:59 de
quinta-feira e sábado e a segunda a 30 de novembro e 2 de dezembro. lusa/tsf
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