PORTUGAL GREVE NA TAP avança Voos marcados podem ser cancelados uma hora antes



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GREVE NA TAP avança Voos marcados podem ser cancelados uma hora antes


30/04 20:07 CET

"Com uma média diária nos próximos dias de 296 voos, a TAP tem garantidos os voos de serviços mínimos. Todos os restantes dependerão da adesão dos pilotos à greve"
Lusa — Uma reunião de última hora, ao final da tarde desta quinta-feira, chegou a criar a perspectiva de um acordo entre pilotos e o presidente da TAP. Fernando Pinto esteve reunido com a direcção do Sindicato dos Pilotos da Aviação (SPAC), mas numa conferência de imprensa às 20 horas (hora de Lisboa), Hélder Santinho, o director do sindicato, confirmou a paralisação de 10 dias, a começar às 00 horas de sexta-feira, 01 de maio. “Não temos contrapartidas suficientes”, lamentou o sindicalista.
Pouco depois da declaração do director do SPAC, o ministro da Economia admitiu ter tido esperança que o sindicato “reconsiderasse e tivesse o bom senso e a responsabilidade” de desconvocar a greve. Pires de Lima apelou aos pilotos para “irem trabalhar de 01 a 10 de maio.”

O primeiro-ministro reiterou pedido aos pilotos. “Eu espero sinceramente que a generalidade dos pilotos da TAP não se reveja na posição do seu sindicato, que daí tire as suas consequências e faça aquilo que o sindicato não teve flexibilidade para fazer: desconvocar aquela greve. Se o sindicato não teve a flexibilidade para o fazer, que os pilotos possam permitir que a TAP continue a voar nos próximos anos”, afirmou Pedro Passos Coelho, num jantar comemorativo do 01 de Maio, organizado pelos Trabalhadores Social Democratas do Porto.

Os passageiros com voos marcados na TAP entre 01 e 10 de maio poderão saber se têm viagem apenas com uma hora de antecedência, quando a companhia souber se os pilotos se apresentam ao serviço, devido à greve convocada. A comissão de trabalhadores da companhia insiste na travagem da privatização da empresa e acusa o Governo de “chantagenzinha” com a ameaça de reestruturação e corte de pessoal.
Com a greve dos pilotos a manter-se inalterada, a TAP alertou esta quinta-feira para as “enormes dificuldades” que os passageiros com voos marcados para os próximos dez dias terão na sequência da greve convocada pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), dado que desta vez – pela duração da paralisação – o número de ligações canceladas antecipadamente será reduzido.

Ainda assim, a companhia elaborou uma lista de voos para os primeiros três dias que não se irão realizar, em função da prioridade e da taxa de ocupação. Os passageiros com reservas para essas ligações estão a ser informados.
Depois, só estão garantidas as 276 ligações incluídas nos serviços mínimos, mas a TAP tem a convicção de que um conjunto grande de pilotos se apresentará ao serviço e, por isso, poderá ter uma operação mais alargada.
Mas os pilotos — como a restante tripulação — apenas tem de se apresentar uma hora antes da partida, por isso, só nessa altura haverá certezas sobre a realização de cada voo.
“Com uma média diária nos próximos dias de 296 voos, a TAP tem garantidos os voos de serviços mínimos. Todos os restantes dependerão da adesão dos pilotos à greve”, refere a TAP em comunicado, pedindo aos passageiros com voos incluídos nos serviços mínimos que reconfirmem a intenção de viajar.

A TAP adianta que, na análise dos voos, verificou que “muitos passageiros já terão optado por outras alternativas, mantendo as reservas originais”. A companhia apela para que estes cancelem essas reservas para, assim, poder destinar esses lugares a outros passageiros.
Desde logo, a companhia alerta “para as dificuldades de atendimento, tanto nos aeroportos, como no ‘contact center’, mas o pessoal que estará de serviço fará o melhor que lhe for possível para resolver os problemas que sejam colocados.”
Os passageiros terão acesso à informação ac tualizada com regularidade sobre a operação na página da TAPna internet ou na página da companhia no Facebook.
Em vésperas da greve dos pilotos, a TAP realça que “os serviços têm trabalhado incessantemente para encontrar soluções que minimizem as consequências mas, numa greve de dez dias seguidos, é impossível à companhia resolver parte dos problemas colocados”.

Comissão de trabalhadores aponta dedo ao Governo
O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, em entrevista à SIC Notícias na noite de quarta-feira, admitiu um cenário de despedimentos e o encerramento da TAP, em caso de greve. O responsável governamental garante que a greve de 10 dias dos pilotos vai colocar problemas financeiros sérios à TAP.
Os trabalhadores referem, em comunicado, que a “ameaça de reestruturação é em parte uma chantagenzinha do tipo, ‘ou aceitam a privatização ou levam com uma reestruturação’”, acusando o Governo de, com os seus “únicos e criminosos objectivos” como a criação de “oportunidades de negócio aos amigos” apenas “servir os interesses daquilo a que se chama o grande capital.”
Perante esta situação, os trabalhadores referem no comunicado que “se impõe a travagem definitiva das tentativas de privatizar a TAP, que a tutela deixe de ser um elemento desestabilizador da TAP, e que pelo contrário, um conjunto de políticas públicas seja desenvolvido para potenciar o papel da TAP enquanto geradora de riqueza para o país, promotora de emprego de qualidade, dinamizadora da actividade económica”.
Para a comissão de trabalhadores, “é falso que a única alternativa a privatizar seja a insolvência ou a reestruturação”.
O comunicado refere que a TAP “vive hoje sob duas ameaças, ambas muito sérias e ambas com a mesma origem, o actual Governo”: o processo de privatização em curso e o processo de reestruturação.

Segundo os trabalhadores, “está hoje em curso uma campanha mediática estridente contra a TAP, assente em falsas premissas, que procura apresentar a situação da TAP como insustentável e a privatização como única alternativa”.
A comissão de trabalhadores adianta que “a agravar este cenário” há um Presidente da Comissão de Acompanhamento do Processo de Privatização, João Cantiga Esteves, “escolhido pelo Governo, que não pode ser imparcial pois é quem mais alto berra sobre a inevitabilidade da privatização”.

Para os trabalhadores, o actual Governo “está na fase terminal do seu mandato, e é preciso garantir que a TAP sobreviva à sanha destruidora com que pretende terminá-lo, qual Nero que encontrou no incêndio de Roma a forma de imortalizar o seu nome”.

A greve dos pilotos da TAP começa esta sexta-feira e prolonga-se até domingo, 10 de maio. Os serviços mínimos apenas garante a realização de 276 ligações, cujos destinos definidos para estes 10 dias de greve são Açores (todos os voos programados), Madeira (três voos Funchal-Lisboa-Funchal, por cada dia), Angola (um voo diário de ida e volta), Brasil (dois voos diários) e Moçambique (três voos diários). Estão ainda abrangidas pela decisão de serviços mínimos do Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social sete cidades europeias, com um voo de ida e volta diário, em França, Luxemburgo, Reino Unido, Suíça, Alemanha, Bélgica e Itália.

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