ESTADO ISLÂMICO Estado Islâmico perdeu território e recursos, mas multiplicou atentados
ESTADO ISLÂMICO
Estado Islâmico perdeu território e recursos, mas multiplicou atentados
Dois anos depois de ter proclamado o "califado", o grupo
extremista Estado Islâmico na Síria e no Iraque perdeu território e recursos
financeiros, mas aumentou sua influência através de atentados terroristas em
muitos países.
LUSA
|
A tomada pelas forças armadas
iraquianas de Fallujah, no fim de semana, marcou mais uma derrota militar do
grupo que, segundo estimativas do Departamento de Defesa dos USA, perdeu cerca
de 45% do território que controlava no Iraque e 20% na Síria.
No Iraque, na Síria e na Líbia,
os ataques aéreos lançados ou apoiados pela coligação liderada pelos Estados
Unidos limitaram as movimentações dos jihadistas e afastaram-nos dos campos de
petróleo cuja exploração constituía o grosso das receitas do grupo.
Fallujah e Mossul eram as únicas
grandes cidades controladas pelo grupo no Iraque. Com a perda da primeira e as
operações militares iraquianas para recuperar a segunda já em curso, o
território atualmente controlado pelo EI no país é muito fragmentado e, em
muitas zonas, não contíguo.
Na Síria, as forças do regime
apoiadas pela aviação russa recuperaram em março a cidade de Palmira e Raqa,
principal bastião e "capital" do "califado", já foi alvo de
duas grandes ofensivas militares desde o final de maio.
O encerramento da fronteira
entre a Síria e a Turquia, por outro lado, tornou mais difícil o afluxo de
jovens estrangeiros radicalizados, que em 2014 e 2015 chegavam ao
"califado" às dezenas de milhares, oriundos principalmente de países
árabes, mas também europeus, sobretudo britânicos, belgas, franceses e alemães,
segundo o Centro de Contra-terrorismo de Haia.
Na Líbia, onde aproveitando o
caos instalado e a existência de governos rivais o grupo conseguiu estabelecer
em junho de 2015 um bastião em Sirte, o princípio deste mês foi marcado pela
entrada na cidade das forças do novo governo de união nacional, apoiado pela
comunidade internacional, que conseguiu "empurrar" os jihadistas para
uma zona residencial de apenas cinco quilómetros quadrados.
As derrotas militares não
supõem, no entanto, o princípio do fim do grupo, consideram muitos
especialistas.
No "califado",
explicam, os jihadistas concentram-se naquilo que os define: o incitamento ao
ódio sectário, que recentemente, segundo descrições de habitantes, passa muito
pela repressão das populações sunitas, para que não encontrem alternativa à
submissão ao domínio do Estado Islâmico.
Por outro lado, no que os
especialistas consideram ser uma nova fase da estratégia do grupo, sucederam-se
ataques terroristas em países mais ou menos distantes do "califado",
visando sobretudo alvos civis internacionais.
Segundo um relatório da ONU,
no primeiro semestre de 2016 o Estado Islâmico surgiu ligado a atentados em 11
países que mataram mais de 500 pessoas, de França ao Bangladesh, passando pela Alemanha,
Bélgica, Egito, Estados Unidos, Indonésia, Líbano, Paquistão, Rússia e Turquia.
Os ataques de Paris e
Bruxelas, por exemplo, mostram uma "capacidade para organizar ataques
complexos", coordenados por ex-combatentes jihadistas agindo por vezes sob
as ordens de dirigentes do grupo na Síria e no Iraque.
A capacidade de projetar
ataques internacionais está associada ao regresso aos países de origem de
muitos dos combatentes estrangeiros afastados pelos revezes militares sofridos
na Síria e no Iraque, concluiu o documento.
Segundo números do Centro de
Contraterrorismo de Haia, cerca de 4.000 europeus juntaram-se ao Estado
Islâmico a partir de 2014. Desses, cerca de 15% morreram em combate e 30%
regressaram ao país de origem.
Um relatório sobre terrorismo
do Departamento de Estado norte-americano relativo a 2014 regista um decréscimo
de 13% no número de ataques terroristas em todo o mundo e de 14% no número de
vítimas.
Mas o mesmo relatório alerta
que o grupo Estado Islâmico e o seu número crescente de apoiantes no Médio
Oriente, África e Sul da Ásia são a maior ameaça individual da actualidade.
Comentários
Enviar um comentário