ORAÇÃO 53 | Rezar é falar com Deus

53 | Rezar é falar com Deus

Também na nossa oração devemos aprender, sempre mais, a entrar nessa história da qual Jesus é o cume, renovar diante de Deus a nossa decisão pessoal de nos abrirmos à sua vontade, pedir a Ele a força de configurar a nossa vontade à sua, em toda a nossa vida, em obediência ao seu projecto de amor por nós.
A oração de Jesus toca todas as fases do seu ministério e todos os seus dias. Os cansaços não a bloqueiam. Os Evangelhos, antes, deixam transparecer um costume de Jesus de transcorrer em oração parte da noite. O Evangelista Marcos narra uma dessas noites, após a pesada jornada da multiplicação dos pães: “Imediatamente ele obrigou os seus discípulos a subirem para a barca, para que chegassem antes dele à outra margem, em frente de Betsaida, enquanto ele mesmo despedia o povo. E despedido que foi o povo, retirou-se ao monte para orar. À noite, achava-se a barca no meio do lago e ele, a sós, em terra” (Mc 6, 45-47). Quando as decisões se fazem urgentes e complexas, a sua oração torna-se mais prolongada e intensa. Na iminência da escolha dos Doze Apóstolos, por exemplo, Lucas salienta a duração nocturna da oração preparatória de Jesus: “Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus. Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos” (Lc 6, 12-13).
Olhando para a oração de Jesus, devem surgir em nós interrogações: Como rezamos nós? Qual é o tempo que dedicamos à relação com Deus? Faz-se hoje uma suficiente educação e formação à oração? E quem pode ser o nosso mestre? Na Exortação Apostólica Verbum Domini, falei da importância da leitura orante da Sagrada Escritura. Recolhendo quanto emergiu na Assembleia do Sínodo dos Bispos, coloquei também um acento particular sobre a forma específica da Lectio Divina. Escutar, meditar, ficar em silêncio
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diante do Senhor que fala é uma arte, que se aprende praticando com constância. Certamente a oração é um dom que requer, todavia, ser acolhido; é obra de Deus, mas exige compromisso e continuidade de nossa parte, sobretudo a continuidade e a constância são importantes. Exactamente a experiência exemplar de Jesus mostra que a sua oração, animada pela paternidade de Deus e pela comunhão com o Espírito, é aprofundada em um prolongado e fiel exercício, desde o Jardim das Oliveiras até a Cruz.
Hoje, os cristãos são chamados a serem testemunhas de oração, exactamente porque o nosso mundo está muitas vezes fechado ao horizonte divino e à esperança que leva ao encontro com Deus. Na amizade profunda com Jesus e vivendo nEle e com Ele a relação filial com o Pai, através da nossa oração fiel e constante, possamos abrir janelas ao Céu de Deus. Ainda mais, no percorrer a via da oração, sem recursos humanos, possamos auxiliar outros a percorrê-la: também para a oração cristã é verdadeiro que, caminhando, abrem-se caminhos.
Queridos irmãos e irmãs, eduquemo-nos a uma relação com Deus intensa, a uma oração que não seja ocasional, mas constante, plena de confiança, capaz de iluminar a nossa vida, como nos ensina Jesus. E peçamos a Ele o poder comunicar às pessoas que nos são próximas, àquelas que encontramos na nossa estrada, a alegria do encontro com o Senhor, luz para a existência

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