SMBN Padre GUEDES regressa a Portugal por P. JOSÉ GUEDES
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Padre GUEDES regressa a Portugal por P. JOSÉ
GUEDES
Em 2009, quando deixei Chililabombwe e fui trabalhar para Solwezi, a separação foi difícil e emocional para mim e para muitos daqueles a quem eu vi nascer e crescer, tendo-os acompanhado durante muitos anos de vida. Lembro-me de um me ter dito: “Pensávamos que seríamos nós a enterrá-lo”. Aceite como um da família, eles gostariam de me ver no meio deles até ao fim. Só que somos peregrinos, e não temos moradia permanente, e a nossa vida não depende somente de nós. Estamos nas mãos de Deus e também nas mãos dos outro. Na diocese de Solwezi trabalhei 7 anos, 4 no Centro Pastoral de St. Kizito e 3 na Paróquia de Sta. Doroteia. Finalmente regresso a Portugal para assumir novas tarefas no Seminário de Valadares. E muitos me perguntam porquê. Sim, porque é que eu deixo a Zâmbia. A gente com quem tenho trabalhado vêem-me como Zambiano. Se o meu coração e a minha alma estão aqui, também o corpo devia ficar aqui. No entanto, desde que deixei o seminário diocesano de Lamego e entrei na Sociedade Missionária, a minha vida tem sido toda dedicada à missão; e os superiores pensam que é tempo de também dar o meu contributo à Sociedade Missionária, ajudando na formação dos seminaristasA partida é sempre dolorosa. Afinal, sou mais zambiano do que português e para trabalhar em Portugal vou ter me inculturar numa sociedade completamente diferente da que deixei.
Fui a Chililabombwe dizer adeus, e
as pessoas receberam-me com carinho e amizade. Estou especialmente grato ao
movimento Encontro Matrimonial (Marriage Encounter), que prepararam uma
ceia com a presença de todos. Nestas ocasiões, nunca faltam as palavras de
apreço e de louvor, acompanhadas da recordação de momentos passados que ficaram
gravados na memória das pessoas. De tudo o que disseram, houve uma palavra
repetida por vários, que me encheu o coração de alegria. Chamaram-me um
construtor – a builder, não de casas, mas de pessoas. E senti-me feliz por ver
tanta gente que cresceu e se tornou adulta, e por saber que Deus me deu a
graça de as acompanhar e ajudar nessa caminhada de crescimento.
A formação na fé através da
catequese e do acompanhamento da juventude e das famílias foi sempre uma das
minhas prioridades pastorais. Os quatro anos passados em St. Kizito foram
dedicados à formação de catequistas, que são essenciais nas aldeias e nas
paróquias rurais. E depois, em Sta. Doroteia, voltei ao trabalho mais
especificamente pastoral. Finalmente, dediquei os últimos dois anos à
preparação da Bíblia em Lunda e em Kaonde para a publicação duma edição
católica da Bíblia. Foi um trabalho cansativo, principalmente a revisão da
tradução dos livros deutero-canónicos em Kaonde. No entanto, acho que
esse esforço foi inteiramente missionário, na medida em que foi feito ao
serviço da Palavra, ou seja ao serviço de Jesus Cristo.
No meu último dia em Solwezi, os
meus membros do movimento Encontro Matrimonial juntamente com a Cúria diocesana
organizaram uma ceia de despedida, em que mais uma vez pude verificar o
respeito e o carinho com que sempre me trataram. Em Lusaka, durante os últimos
dois dias de estadia na Zâmbia, fui acolhido pela família Lazarous e Fridswide
Tute, que sempre me acolheram nas minhas passagens por Lusaka.
Amanhã deixarei a Zâmbia, chegando
a Portugal no sábado de manhã. Mas o carinho e amor do Povo Zambiano
permanecerão gravados no meu coração.
Buli imwe bonse, natotela. Lesa
amupâle. Obrigado a todos. Que Deus vos abençoe a todos.
28 de Abril 2016, https://soprosdoespirito.wordpress.com/
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