BRASIL CHAPADINHA Hospitalidade. Alguns, não o sabendo, hospedaram Anjos por CASIMIRO DOS ANJO

CHAPADINHA
Hospitalidade. Alguns, não o sabendo, hospedaram Anjos por CASIMIRO DOS ANJOS
domingo, 17 de julho de 2016
A hospitalidade constitui a estrutura e a rede de serviços para atender a demanda turística e a demanda de lazer e de eventos, especialmente nos segmentos de hospedagem e gastronomia nos hotéis, pousadas, restaurantes e centros de convenções. Esta é a definição comercial moderna de hospitalidade.
Porém, na Antiguidade e nos tempos bíblicos hospitalidade tinha uma abrangência mais religiosa, e era impregnada da religiosidade da época. Na verdade, os antigos pensavam que os deuses andavam pelo mundo, e que podiam testar os homens tornando-se hóspedes ou peregrinos no meio dos mortais. Ou deuses ou anjos. Assim aconteceu na narrativa lendária de Abraão (Gn.18,10). 
E ainda só fez isso com dois homens, e não sabia que aqueles homens eram anjos. Manoá fez um convite ao Anjo do Senhor: “teremos grande alegria em que fique connosco, desejamos preparar-te um cabrito” (Jz. 13, 15). Antigamente os acontecimentos eram muito marcados pela sacralidade. Assim, a palavra hospitalidade era marcada pela sacralidade.
O que é preciso fazer ressaltar é que  o termo hospitalidade é originário do latim hospitalitas, e que está directamente relacionado ao acto de hospedar alguém, ou seja, de receber alguém e dar abrigo a essa pessoa. Nesse sentido, refere-se também à qualidade de que alguém é hospitaleiro, e destaca que esta prática se mostra a partir do acolhimento gentil e respeitoso. 
Os povos mais tradicionais conservam muito dessa generosidade, respeitabilidade e sacralidade. Diz-se que os brasileiros, os mexicanos e os marroquinos são os que mais praticam a hospitalidade.
Tanto assim que a palavra hospital vem da mesma raiz  hospes, que significa hóspedes, ou hospedeiro, aquele que hospeda, e recebe bem o irmão. Na época do império romano, com o advento do cristianismo surgiu a preocupação de abrigar os necessitados e desamparados; assim como para os viajantes havia as hospedarias, para os enfermos foram criados os hospitais, casas mantidas por organizações de caridade. Santos houve que se distinguiram nessa atividade: São Camilo de Lelis, São João de Deus, São José Cotolengo, São Diogo de Alcalá. entre outros.

Muitos entendem que embora a hospitalidade seja algo que tenha a dádiva como prerrogativa, a hospitalidade se distingue no ponto de ser uma troca, não espontânea, mas sim monetária. Reconhece-se, assim, que a hospitalidade pode ser caritativa ou comercial. E assim notamos que na hospitalidade comercial há um atributo de acolhimento de delicadeza e urbanidade, uma relação de anfitrião e hóspede. Um quer ser bem acolhido, e o outro precisa de ganhar o seu dinheiro à custa do bom acolhimento. Por isso que hoje em dia essa hospitalidade  virou uma das maiores indústrias mundiais no turismo na gastronomia.
Não já assim na hospitalidade originária bíblica e cristã; aqui a hospitalidade, mais do que preparar muitas coisas, consiste em muitas bondades. Acolher a pessoa como pessoa, e não comercialmente. Nesse sentido, Deus pode chegar como um viajante, um necessitado, e a nós pertence acolhê-lo seja de onde for e de que origem for. Daí que na hospitalidade não há lugar para xenofobismo.
Quem acolhe um hóspede parece estar oferecendo algo, mas estará recebendo mais do que oferece. Na realidade o verdadeiro acolhedor abre não só a porta da casa, mas também a porta do coração à pessoa que chega com toda a carga de riqueza interior ou de sofrimento. Exemplo de hospitalidade são os povos de nossos povoados do interior onde a pessoa humana vale mais do que aquilo que lhe oferecem. Não sovinam tempo e conversa para atendê-los em longas conversas.

Um exemplo de hospitalidade podemos dizer também que são os filhos  que chegam num casal. Aí muitos pais se desculpam que  não têm tempo para dar aos filhos: é o activismo  e a falta de disposição em falar do essencial, sob o pretexto de tantas tarefas urgentes. Não se dando conta que deixamos solto e sozinho o hóspede e a tarefa mais urgente que temos em casa: o filho ou a filha. Não será esta a principal hospitalidade que é preciso praticar em nossas casas hoje em dia?

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