SÍRIA Religiosa denuncia cenário «devastador» em Alepo
SÍRIA
Religiosa denuncia cenário «devastador» em Alepo
Alepo era a segunda cidade
mais cosmopolita da Síria, antes da guerra que dura há cinco anos e opõe forças
rebeldes ao regime do presidente sírio, Bashar-al Assad. Para quem vive hoje na
cidade síria de Alepo, a morte e a insegurança marcam o dia-a-dia das pessoas.
A irmã Annie Demerjian, religiosa da comunidade das Irmãs de Jesus e Maria fez
um retrato “devastador” de Alepo, na Síria, numa mensagem enviada à Fundação
Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
“Uma senhora contou-me que, de
manhã, despede-se da sua família porque não sabe se voltarão a encontrar-se. Ao
sair à rua vivemos com o constante medo das bombas”, relatou.
Na comunicação enviada à AIS,
a religiosa conta que as pessoas “vivem sem água durante vários meses e sem
eletricidade”, havendo ocasiões em que, por exemplo, a eletricidade é um bem
que “dura apenas uma ou duas horas”.
“Os nossos filhos saem para a
escola e nós não sabemos se irão regressar” é uma frase que faz parte dos
relatos que as religiosas das Irmãs de Jesus e Maria ouvem dos habitantes.
Segundo a irmã Annie Demerjian
o quotidiano de uma guerra que parece interminável, numa cidade em ruínas, “é
muito cansativa” e as palavras de desânimo surgem quando o cessar-fogo não é
respeitado.
“Houve muitos combates, muitos
estragos, muitos mortos. Isso deixa-nos tristes”, lamenta.
À fundação pontifícia, a
religiosa relatou que muitas pessoas partiram de Alepo “sem saber que
distâncias terão de percorrer” e deixaram a sua história, a sua segurança, a
sua casa, porque “querem encontrar um local seguro”.
Sublinhando a “importância –
cada vez maior – das orações pela paz”, agradeceu o apoio da AIS e assinala que
“só Deus pode mudar a mente e o coração das pessoas”.
“Gostaria de vos pedir que continuem
a rezar pelo povo da Síria, para que tenha coragem para continuar a sobreviver
nestas circunstâncias difíceis e dolorosas”, conclui a irmã Annie Demerjian.
Iniciada em 2011, a guerra
civil na Síria já terá causado a morte a cerca de 470 mil pessoas, segundo
dados do Centro Sírio para Pesquisa Política, a que se somam milhões de
feridos, deslocados e refugiados, para além de elevados danos materiais. HA in VM julho-agosto 2016
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