SRI LANKA Carta de Teófilo Minga
SRI
LANKA
Carta de Teófilo Minga
Negombo, 19 de junho de 2016,
Queridos
amigos,
Muitos
de vós me saudaram ou mandaram mensagens no dia dos meus anos, nos registos no
dia 9 de junho; na prática celebro-os no dia 10 por ser feriado em Portugal.
Contudo o que é mais importante, seja no dia 9 ou no dia 10, para mim, são duas
coisas: 1) Louvar e agradecer a Deus o dom da vida; tenho muitas razões para
louvá-lo e agradecer-lhe: imaginai, já são 70 anos de vida! 2) A vossa
proximidade, a vossa presença e a vossa oração por mim neste dia; tudo isso é
bem-vindo e, sem querer ser egoísta, peço-vos que continuais a realizá-las para
além do dia de anos.
Precisamente
para agradecer ao Senhor e louvá-lo por estes 70 anos de vida, resolvi fazer
hoje, dia 11 de junho, uma recoleção pessoal. Antes de viajar para a India,
caiu-me muito bem este dia livre para o passar com o Senhor. O facto de hoje
(nem sei porquê, talvez coincidência… feliz coincidência!) não haver Internet
no Convento das Irmãs do Bom Pastor, onde estivemos hospedados, ajudou-me ainda
a ter um dia de maior recolhimento.
Para
não vos atrapalhar com textos muito grandes, partilharia convosco o seguinte:
para além da intenção geral de agradecimento e louvor pelos 70 anos, três elementos pautaram a minha
reflexão, sempre de agradecimento e louvor ao Senhor.
As homilias do Papa Francisco. Estou a ler o segundo volume publicado em português
e que alimento espiritual eu encontro ali. O primeiro volume (mais gordo) tem o
título A VERDADE É UM ENCONTRO; este segundo, um tudo nada mais pequeno, tem o
titulo A FELICIDADE TREINA-SE EM CADA DIA. A mim estes livros têm-me feito um
bem enorme. É o ensinamento do Senhor vivido dia a dia através das leituras da
missa comentadas por Francisco.
O diálogo ecuménico: desde os meus primeiros tempos de Irmão Marista no
então Externato Marista do Porto, sempre fui um apaixonado por este diálogo
ecuménico. Foi esta paixão, aliás, que me levou a fazer os meus estudos de
Teologia na Suíça e não em Roma.
Aqui
ao lado do convento das Irmãs existe um templo Budista. É um dos mais famosos
do país, dizem. Quis visitá-lo como parte da minha recoleção e oração, mas ao
entrar vi que tinha que se pagar. Logo por sinal (o que me acontece algumas
vezes… e nisto sou um religioso pouco previdente!) não levava dinheiro comigo.
Mas a estátua monumental do Buda que está à entrada vê-se de longe e limitei-me
a saúda-lo de longe, fazendo-lhe uma vénia respeitosa, e a agradecer-lhe até o
ensino que em tempos tinha feito no Centro Marista Internacional de ESTUDO
COMPARADO DAS REIGIÕES, onde um capítulo era sempre o Budismo. Esta dimensão do
Diálogo Ecuménico é uma dimensão constitutiva da Igreja hoje e será com as
outras religiões que devemos ir construindo o Reino de Deus sobre a terra. O
Concílio Vaticano II e os últimos Papas têm sublinhado esta dimensão importante
da Eclesiologia.
As Irmãs que chegam para o retiro. A minha terceira reflexão neste dia de recoleção vinha
do número de Irmãs do Bom Pastor que durante o dia foram chegando ao convento
para o seu retiro anual. Vinham das mais diversas parte da Ilha por andaram os
portugueses e que Camões imortalizou nos seus Lusíadas falando das praias da
TAPROBAMA. Mais tarde foi chamada Ceilão e agora Sri Lanka. As Irmãs do
Convento onde estou cuidam de 85 meninas órfãs. Fique a imaginar todo o bem que
todas as outras Irmãs devem fazer onde se encontram. E dava graças a Deus por
estas Irmãs verdadeiros sacramentos do amor de Deus no mundo. Fácil era lembrar
neste momento todos os religiosos e religiosas, todos os sacerdotes e bispos e
todos os cristãos de boa vontade que passam pelo mundo fazendo o bem. Como não
agradecer e louvar a Deus por tudo isso?!
Com
estes três mundos no meu pensamento e no meu coração passei um lindo dia de
recoleção com o Senhor. Relembrava ainda o poema que tinha escrito há dias
precisamente lembrando os meus 70 anos que se aproximavam. Partilho-o também
convosco neste momento em que parto para a Índia (é mesmo fechar o computador e
partir para o aeroporto!). Recordando sempre a vossa proximidade e a vossa
amizade e a vossa oração por mim. Continuai nesse caminho, diria com muita
alegria e um certo humor. Respaldado assim pela vossa presença também eu serei
melhor para os outros, para aqueles que me são próximos e de quem eu sou
próximo.
E
a partir de julho serei próximo de uma maneira especial dos Irmãos (de língua
inglesa) que virão a Manziana ou a Roma fazerem a sua renovação sabática, os
seus cursos de espiritualidade. Muitos de vocês já sabem, mas talvez não todos,
que a partir de julho estou colocado no Centro de espiritualidade marista de
Manziana (Roma) para acompanhar de mais perto os Irmãos de língua inglesa que
aí farão os seus cursos de renovação espiritual. É algo de muito parecido ao
que já fiz no passado no Escorial, Madrid, Espanha. Por tudo isso, Deus seja
louvado!
E
aí vai o poema dos meus 70 anos, com das fotos tiradas precisamente no dia 9 de
junho nos jardins do Convento GOOD SHEPHERD (Bom Pastor).
Setenta anos I!
A fotografia dos 70 anos
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Setenta anos!
Quem diria, Senhor?!
Di-lo o Teu amor
Que nos torna mais humanos
Em todo o tempo e idade…
É assim a Tua bondade!
São setenta!
Serão os que Tu quiseres,
Tantos quantos me deres,
No Teu amor que me sustenta.
Sei bem que tudo foi e é graça
No tempo que passou e passa!
Que continue a ser assim…
Outra fotografia dos 70 anos
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E o meu coração conquistaste,
Respondo: “ÉS TUDO
PARA MIM!”.
Ainda hoje quero dizê-lo,
Sempre marcado pelo Teu selo!
Marcada pelo Teu Espírito de verdade
Que para mim foi também missão
Que abracei com todo o coração,
Tonando-me sacramento da Tua bondade,
No mundo que me deste, o MARISTA,
Desde então meu amor e minha conquista!
Obrigado, Senhor, por tanto tempo!
E como tomaste cuidado de mim!
De verdade, nunca vi uma coisa assim!
Deixa-me ainda estar de ouvido atento,
Em ação de graças por sonho maduro
Onde o passado é hoje e o hoje é futuro!
Teófilo
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