VATICANO Papa rejeita cenário de «guerra de religiões»
VATICANO
Papa rejeita cenário de «guerra de religiões»
(Lusa) Francisco comenta assassinato de sacerdote francês e
fala num «mundo em guerra»
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Lisboa, 27 jul 2016 (Ecclesia)
- O Papa Francisco disse hoje que mundo vive uma “guerra”, mas rejeitou que a
mesma seja uma “guerra de religiões”, evocando o sacerdote francês assassinado
esta terça-feira durante a celebração da Missa, ataque reivindicado pelo
autoproclamado Estado Islâmico.
“Alguém poderá
pensar que estou a falar de uma guerra de religiões. Não: todas as religiões
querem a paz. A guerra querem-na os outros, entendido?”, disse aos jornalistas
que o acompanharam desde Roma para a sua viagem à Polónia.
Francisco disse
esta tarde no avião, a caminho de Cracóvia, que “o mundo está em guerra”,
comentando o assassinato do padre Jacques Hamel, na sequência da tomada de
reféns na igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, próximo de Rouen, norte de
França, que acabou também na morte dos dois terroristas que executaram o
ataque, ligados ao Daesh.
O pontífice
agradeceu as condolências recebidas neste momento, em particular as do
presidente de França, François Hollande.
“Repete-se muito
a palavra segurança, mas a verdadeira é guerra. O mundo está em guerra, guerra
aos bocados”, alertou Francisco, reforçando a ideia de que se assiste a um
terceiro conflito global, despois das Guerras Mundiais do século XX.
Em relação a
estes conflitos, o Papa entende que a guerra não é tão “orgânica”, mas é
“organizada”.
“É guerra. Este
santo sacerdote (Jacques Hamel) foi morto precisamente no momento em que
oferecia a oração pela paz, é um dos muitos cristãos, tantos inocentes, tantas
crianças”, advertiu, numa denúncia das perseguições religiosas no mundo.
Francisco deu
como exemplo a situação na Nigéria, refutando a ideia de que é preciso
desvalorizar situações como esta no continente africano.
“Não podemos ter
medo de dizer esta verdade: o mundo está em guerra porque perdeu a paz”,
insistiu.
A visita à
Polónia acontece por ocasião da 31ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a
decorrer até domingo, e o Papa espera que os jovens sejam sinal de “esperança”
neste momento.
Após saudar um a
um os 70 jornalistas de 15 países, o Papa voltou a pegar no microfone para
sublinhar que estava a falar de “uma guerra a sério, não de guerra de
religiões”.
“Falo de guerra
de interesses, por dinheiro, por causa dos recursos naturais, pelo domínio das
populações”, precisou.
Francisco deixou
Roma pelas 14h00 locais (menos uma em Lisboa) e dirigiu, como é tradição, uma
mensagem ao presidente da Itália, Sergio Mattarella, falando da JMJ como um
encontro de “jovens provenientes de todo o mundo para um encontro significativo
marcado pela fé e fraternidade”.
À chegada ao
aeroporto internacional de Cracóvia, menos de duas horas depois, o Papa foi
recebido pelo presidente da Polónia, Andrzej Duda, e pelo arcebispo da diocese,
cardeal Stanislaw Dziwisz.
Durante a visita
de cinco dias, Francisco vai participar nas cerimónias da JMJ, visitar o
santuário mariano de Czestochowa e prestar homenagem às vítimas dos campos de
extermínio nazi em Auschwitz-Birkenau.
Esta é a 15ª
viagem internacional do atual pontificado e a primeira do Papa à Polónia, em
toda a sua vida.
OC
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