BRASIL COMUNIDADES DE BASE Celebração do Jubileu de 50 anos das CEBs na diocese de Brejo

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COMUNIDADES DE BASE
Celebração do Jubileu de 50 anos das CEBs na diocese de Brejo
sábado, 26 de novembro de 2016
Celebrar o Jubileu de 50 anos das CEBs quer dizer 50 anos de vida das paróquias da
diocese de Brejo. O que era, como foi e como está sendo agora.

Temos que enfocar os aspectos históricos, sócio- políticos e religiosos. Passou-se da
época dos coronéis (fazendeiros) para a época do agronegócio. E no aspecto religioso
passou-se de uma religião intimista e individualista para uma fé transformadora das
realidades sofredoras das grandes maiorias. 

A Igreja foi deixando devagarinho essa fé individualista e assumindo aquilo que o
Concílio Vaticano anunciou “aprouve a Deus salvar o ser humano não
individualisticamente, mas em comunidade” (E.N. nº9).

Na época de 1970 tínhamos herdado duas vertentes da mesma herança: a herança
escravocrata abolida em 1888 oficialmente mas continuada na prática nas fazendas do
Maranhão. E a outra herança da ditadura militar que deixou as marcas e continuava
Impondo a ideologia do medo nas populações pobres para continuarem se sujeitando
aos ricos e políticos e à sua ditadura.

Na época, os donos de terras usavam o braço do cabouco como máquina de
enriquecimento. E como máquinas tratavam os moradores de suas terras, que não
tinham nenhum direito, só o direito de obedecê-los e servi-los como seus únicos
donos, com direito a prisão pela menor desobediência. Na realidade, a nação pouco
contava, os fazendeiros eram a nação, a lei, o juiz e o tribunal. Na época tinha até
fazendeiros que diziam “eu sou federal”.

Num ambiente assim, o medo era o combustível para manter o carro da história, e
perpetuar o poder dos fazendeiros e coronéis. E ao mesmo tempo perpetuar a
ignorância e a sujeição do povo. Alguma ou outra escola que tinha era na cozinha da
professora. E esta era trazida diretamente da cidade pelo fazendeiro, e quando não
servia mais aos seus interesses era logo despachada.

Em frente a esta situação começou um fermento como coisa pequenina e escondida
no meio da massa fazendo a transformação. Foram as Comunidades Eclesiais de Base
(CEBs), tanto no interior como na cidade. Justo, há 50 anos, em 1966 no norte do
Maranhão, nas cidades de Tutóia e Barreirinhas. 

O povo começou a despertar na sua fé e nos seus direitos de cidadania. O nosso bispo
dom Valdeci nestes dias assistiu uma celebração em Tabocas (Barreirinha) onde estava
uma senhora dessa época e contou como naquela época começaram a viver unidos
em comunidade: faziam roça comunitária para sobreviver em tempos de dívidas ao
patrão, para fazer viagens, comprar Bíblias, e levantar a capela. 

Esse fermento foi se espalhando pelas outras paróquias. E há 46 anos (em 1970),
chegou também em Chapadinha.

Um comerciante ambulante pelo interior que vendia remédios começou levando
Bíblias nas suas bolsas para vender e dizia: Meus irmãos, está aqui um produto novo. É
a Bíblia. E começou juntando o povo nos dias de domingo, lendo e explicando a Bíblia,
e deixando assim  esse costume pelos povoados. Era o senhor Sebastião Alves.

Não demorou a reação dos fazendeiros, que viam nessa união e nas mensagens da
Bíblia uma ameaça ao seu poderio. Começaram mandando para a cadeia os
organizadores dessas comunidades que começavam surgindo. E como diz o ditado,
quanto mais bate mais frutos dá, e as comunidades foram aumentando. 

Paróquia, entidades de direitos humanos, organismos criados pela CNBB como CPT,
Caritas, juntos faziam a defesa e acolhimento das causas que iam surgindo. Passados
50 anos, de entre muitos espinhos brotaram os jardins de mais de 108 Comunidades ,
54 na paróquia de NªSª das Dores e 54 na paróquia de Cristo Rei no município de
Chapadinha.

Pouco a pouco, o católico foi entendendo que “ a vida só se ganha na doação”
(Diretrizes da Igreja no Brasil, n.11). E que “o discípulo missionário encontra na atitude
de alteridade e gratuidade as marcas que configuram a sua vida à de Jesus Cristo”.
(Leigos e Leigas na sociedade e na Igreja, 11).

A abertura ao outro não é “um opcional”, mas uma condição necessária para a
realização do ser humano” (Evangelho da alegria, 2).


O povo das comunidades foi aprendendo que era preciso rejeitar a tradição de uma
religião individualista e intimista que pensava honrar a Deus pisando nos direitos dos
irmãos. 

E aprendeu que a missão é assumir ao mesmo tempo os compromissos sócio-políticos
transformadores das realidades sofredoras dos mais pobres (Cristãos leigos e leigas no
Brasil, n.112)

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