IDOSOS E CRIANÇAS Igreja: Francisco condena «crueldade» de sociedade que «descarta» crianças e idosos
IDOSOS E CRIANÇAS
Igreja: Francisco condena «crueldade» de sociedade que «descarta»
crianças e idosos
Mar 17, 2018 - 11:58
Papa
encerra visita de homenagem ao Padre Pio e diz que não basta fazer «like» nas
páginas dos santos
San Giovanni Rotondo, Itália, 17 mar 2018 (Ecclesia) – O Papa deixou hoje
na Itália fortes críticas a uma sociedade que “descarta” crianças e idosos,
falando em práticas de “crueldade”.
“Descartam as pessoas, as crianças, os idosos, porque já não têm
utilidade”, disse, na homilia da Missa que reuniu milhares de pessoas no
exterior da igreja de São Pio de Pietrelcina, na localidade de San Giovanni
Rotondo.
Junto ao santuário dedicado ao santo, conhecido como Padre Pio, uma das
figuras católicas mais conhecidas do século XX, Francisco recordou a impressão
que lhe provocavam os relatos de infanticídio na antiga Esparta, quando os
bebés não obedeciam aos padrões da cidade.
“Irmãos e irmãs, fazemos o mesmo, com mais crueldade, com mais ciência: o
que não serve, o que não produz, é descartado. Esta é a cultura do descarte, os
pequeninos já não desejados, hoje, e por causa disso Jesus é deixado de parte”,
declarou.
O Papa, que tinha visitado antes uma ala de oncologia pediátrica no
hospital fundado pelo Padre Pio, convidou a ver Jesus nos doentes e nos mais
fracos.
“Quem toma a seu cuidado os mais pequenos está do lado de Deus e vence a
cultura do descarte, que, pelo contrário, tem predileção pelos poderosos e
considera inúteis os pobres. Quem prefere os pequenos proclama uma profecia de
vida contra os profetas de morte de todos os tempos, também de hoje”.
“Muitos estão dispostos a fazer ‘gosto’ na página dos grandes santos, mas
quem faz como eles? Porque a vida cristã não é um ‘gosto’, mas um ‘dou-me’. A
vida perfuma quando é oferecida como dom”, sustentou.
A homilia falou da importância da oração, como louvor a Deus e adoração,
não apenas como “chamadas de emergência”, e deixou uma questão: “Nós, cristãos,
rezamos o suficiente?”.
São Pio de Pietrelcina, acrescentou o Papa, deixou como herança os “grupos
de oração”, como “gesto de amor” pelos outros e por Deus, uma obra de
misericórdia espiritual.
Francisco convidou a valorizar a “pequenez”, a humildade de coração, e a
viver com “sabedoria”, que desarma o mal.
“São Pio combateu o mal durante toda a vida e combateu-o com sabedoria,
como o Senhor: com a humildade, com a obediência, com a cruz, oferecendo a dor
por amor. E todos o admiraram, mas poucos fazem o mesmo”, advertiu.
Visita ao quarto do Padre Pio. Foto: Vatican
Media
San Giovanni Rotondo fica na região da Campânia, província de Benevento, e
já recebeu as visitas de João Paulo II, em 1987, e de Bento XVI, em 2009.
Francisco falou do Padre Pio como um “apóstolo do confessionário”,
realçando que no Sacramento da Reconciliação se propõe aos católicos uma vida
“amada e perdoada”, que recomeça a partir da “cura do coração”.
A viagem nos “passos” de São Pio tinha começado em Pietrelcina, assinalando o
centenário da aparição dos estigmas recebidos pelo religioso.
Francisco seguiu depois, de helicóptero, para San Giovanni Rotondo, no
leste da Itália, onde visitou Hospital “Casa Alívio do Sofrimento”, passando
pelo serviço de oncologia pediátrica.
Já no santuário dedicado a São Pio de Pietrelcina, ao lado do ministro
provincial dos Capuchinhos, e outros responsáveis religiosos, rezou em
silêncio, durante vários minutos, diante da urna de cristal que conserva o
corpo do Padre Pio, exposto diante do altar do Santuário de Nossa Senhora das
Graças.
O Papa regressa ao Vaticano de helicóptero, numa viagem de cerca de uma
hora. OC|Ecclesia
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