VATICANO Papa denuncia «crime» da exploração sexual das mulheres
VATICANO
Papa
denuncia «crime» da exploração sexual das mulheres
Mar 19, 2018 - 13:38
Francisco ouviu testemunho de
nigeriana enganada por rede de tráfico humano e disse que prostituição
corresponde a «torturar uma mulher»
Roma, 19 mar 2018 (Ecclesia) – O Papa deixou hoje duras críticas aos que promovem a exploração sexual das mulheres e os seus clientes, falando num “crime contra a humanidade”.
Roma, 19 mar 2018 (Ecclesia) – O Papa deixou hoje duras críticas aos que promovem a exploração sexual das mulheres e os seus clientes, falando num “crime contra a humanidade”.
Francisco falava na abertura dos
trabalhos de uma inédita reunião pré-sinodal com jovens de todo o mundo,
crentes e não-crentes, para preparar a próxima assembleia do Sínodo dos Bispos,
marcada para outubro.
A manhã, no Pontifício Colégio
Internacional ‘Maria Mater Ecclesia’, contou com vários testemunhos, entre eles
o de Blessing Okoedion, nigeriana a viver na Itália, que foi vítima de tráfico
de seres humanos.
“É um crime contra a humanidade, é
um delito contra a humanidade. E nasce de uma mentalidade doente: que a mulher
deve ser explorada. Nos dias de hoje, não há feminismo que tenha conseguido
tirar isto da consciência, do inconsciente mais profundo ou do imaginário
coletivo, digamos assim”, disse o Papa.
O testemunho de Blessing Okoedion
impressionou o Papa, que criticou os clientes das mulheres envolvidas em redes
de exploração sexual, muitos deles homens batizados, católicos, por cujas ações
Francisco pediu “perdão”.
“É um criminoso. Quem faz isto é
um criminoso. ‘Mas padre, não podemos fazer amor?’. Não, não, isto não é fazer
amor, isto é torturar uma mulher, não confundamos os termos. Isto é criminoso”,
exclamou, numa passagem saudada pelas palmas dos presentes.
Num longo discurso de improviso, o
Papa falou da necessidade de uma educação que não perca a capacidade do
“assombro” e criticou o mundo virtual que domina as relações, mesmo na família,
com a perda do sentido do “concreto”.
Francisco disse que a verdadeira
proteção se faz no “crescimento” e brincou quando lhe perguntaram o que fazer
diante de um jovem tatuado.
“Naquela tatuagem, que pertença se
diz? E começar a dialogar. Daqui se chega à cultura dos jovens, não? É
importante. Mas não ter medo, com os jovens nunca devemos assustar-nos. Nunca.
Porque sempre, mesmo por trás de coisas não tão boas, há algo que nos fará
chegar a alguma verdade, não?”, recomendou.
Entre os quetiveram oportunidade de apresentar uma pergunta ao Papa estava Maxime Rassion, estudante de Direito francês, que não pertence à Igreja Católica.
Entre os quetiveram oportunidade de apresentar uma pergunta ao Papa estava Maxime Rassion, estudante de Direito francês, que não pertence à Igreja Católica.
“O perigo é não deixar aparecer as
perguntas”, disse-lhe Francisco, para quem o essencial é não “anestesiar” as
perguntas fortes da existência, promovendo o “discernimento” perante o “vazio”
que muitos sentem.
O Papa ouviu ainda perguntas de
María de la Macarena Segui, argentina, do projeto Scholas Occurrentes, a rede
mundial de escolas pela inclusão promovida pelo Papa desde quando era arcebispo
de Buenos Aires; de Yulian Vendzilovych, seminarista da Ucrânia; e da irmã
Teresina Chaoying Cheng, religiosa da China, de quem recebeu uma prenda que
simboliza “calor e alegria”.
Francisco aludiu aos casos de
abusos sexuais na Igreja para pedir uma formação que não limite as pessoas, sem
descurar qualquer dimensão da existência.
“Prefiro que um jovem, uma jovem
perca a vocação do que depois seja um religioso doente, que faça mal”, assumiu.
O dia acabou com uma foto de
grupo, já após dezenas de selfies com o Papa, que saiu da sala de baixa de uma
salva de palmas dos participantes, entre eles três portugueses.
Dos trabalhos, que decorrem até sábado, vai sair um documento que será
entregue ao Papa a 25 de março, Domingo de Ramos e Dia Mundial da Juventude,
jornada que este ano é celebrada a nível diocesano. OC|Ecclesia
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