«Gaudete et Exsultate»: O Diabo é «mais do que um mito», escreve Francisco
«Gaudete et Exsultate»: O
Diabo é «mais do que um mito», escreve Francisco
Abr 9, 2018 - 11:00
Nova exortação sobre a
santidade recomenda «vigilância e luta» aos católicos
Cidade do Vaticano, 09 abr 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco defende no
seu mais recente documento que a santidade é uma “luta constante contra o demónio”,
o qual considera “mais do que um mito”.
“Não pensemos que [o diabo] é um mito, uma representação, um símbolo, uma
figura ou uma ideia. Este engano leva-nos a diminuir a vigilância, a
descuidar-nos e a ficar mais expostos. O demónio não precisa de nos possuir.
Envenena-nos com o ódio, a tristeza, a inveja, os vícios”, alerta, na exortação
apostólica ‘Gaudete et Exsultate’ (Alegrai-vos e exultai), divulgada hoje pelo
Vaticano.
O texto recorda que a oração do Pai-Nosso se conclui com um pedido de oração
contra “o Maligno”.
“A expressão usada não se refere ao mal em abstrato; a sua tradução mais
precisa é ‘o Maligno’. Indica um ser pessoal que nos atormenta. Jesus
ensinou-nos a pedir cada dia esta libertação para que o seu poder não nos
domine”, precisa Francisco.
O documento observa que esta presença do mal consta nas primeiras páginas da Bíblia, que termina com a vitória de Deus sobre o demónio.
O documento observa que esta presença do mal consta nas primeiras páginas da Bíblia, que termina com a vitória de Deus sobre o demónio.
“Não admitiremos a existência do demónio, se nos obstinarmos a olhar a
vida apenas com critérios empíricos e sem uma perspetiva sobrenatural. A
convicção de que este poder maligno está no meio de nós é precisamente aquilo
que nos permite compreender o motivo pelo qual, às vezes, o mal tem uma força
destruidora tão grande”, observa o pontífice.
O texto recorda mesmo os casos de possessões demoníacas narrados nos
Evangelhos para sublinhar que nem todos eram situações de “doenças psíquicas”.
Francisco apresenta a vida cristã como uma “uma luta permanente” contra as
tentações do demónio.
“A corrupção espiritual é pior que a queda dum pecador, porque se trata
duma cegueira cómoda e autossuficiente, em que tudo acaba por parecer lícito”,
adverte.
A ‘Gaudete et Exsultate’ convida ao “discernimento” para saber distinguir
o que vem do Espírito Santo do que “deriva do espírito do mundo e do espírito
maligno”.
Este esforço, admite o Papa, é dificultado pelas muitas possibilidades de
ação e distração.
“Todos, mas especialmente os jovens, estão sujeitos a um zapping
constante. É possível navegar simultaneamente em dois ou três visores e
interagir ao mesmo tempo em diferentes cenários virtuais. Sem a sapiência do
discernimento, podemos facilmente transformar-nos em marionetes à mercê das
tendências da ocasião”, alerta.
O pontífice pede por isso que os cristãos façam, todos os dias, um
“sincero exame de consciência”.
O conjunto de reflexões da terceira exortação apostólica conclui-se com
uma referência à Virgem Maria.
“Conversar com Ela consola-nos, liberta-nos, santifica-nos. A Mãe não
necessita de muitas palavras, não precisa que nos esforcemos demasiado para Lhe
explicar o que se passa connosco”, escreve Francisco.
O Papa deseja que a sua nova exortação ajude a Igreja a “promover o desejo da
santidade”.
OC
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