VATICANO
Igreja Católica vai ordenar mulheres mas não será com este
Papa
O papa Francisco disse, em 2016, que a última palavra sobre a ordenação de mulheres foi dada por João Paulo II
Igreja Católica vai ordenar mulheres mas não será com este
Papa
O papa Francisco disse, em 2016, que a última palavra sobre a ordenação de mulheres foi dada por João Paulo II
As declarações do arcebispo de Viena trouxeram, uma vez mais, a
questão da ordenação de mulheres como "diáconas, sacerdotisas e
bispas" para a discussão. Schönborn considera que esta é uma decisão que
terá de ser tomada por representantes de todo o mundo, e não apenas pelo Papa.
Embora diga concordar com o concílio, Anselmo Borges tem dúvidas de "que
seja a favor da ordenação das mulheres, já que muitos bispos vêm do tempo de
João Paulo II e de Bento XVI. São conservadores". Em África, por exemplo,
"a maioria seria contra, porque a perceção da igualdade de direitos entre
homens e mulheres não é a mesma".
A não ordenação de mulheres pela Igreja Católica - que já é
possível na Anglicana, por exemplo - é, para o teólogo, um dos seus
"problemas fundamentais". Anselmo Borges lembra que "Jesus tinha
discípulos e discípulas", pelo que "é contra a vontade de Jesus que
as mulheres sejam discriminadas na Igreja". Além disso "isso é ser
contra a igualdade dos seres humanos".
Teresa Toldy, teóloga e uma das vozes que defende esta
ordenação, concorda com um concílio para tratar o tema, mas que não seja apenas
constituído por homens, como é habitual. "É uma decisão que teria de ser
assumida pela Igreja nos países todos, mas teriam de estar presentes
mulheres." Tendo em conta as várias maneiras como a questão é vista pelos
diferentes países, considera que esta "deve ser discutida, porque se for
imposta, as igrejas a nível global podem reagir mal". A teóloga não
acredita que a ordenação de mulheres aconteça no pontificado de Francisco.
"Não pode fazer tudo", frisa. Contudo, destaca, "este Papa está
a abrir portas e é importante que os católicos e o clero não deixem que elas se
fechem". Ao DN, Teresa Toldy recorda os argumentos da Igreja para a
exclusão das mulheres: "Dizem que não há evidências históricas da
ordenação de mulheres, que Jesus Cristo era homem e não pode ser representado
por uma mulher no altar e que na última ceia só estavam homens."
Fundamentos que considera "claramente discriminatórios e que não são
coerentes com a mensagem de Jesus Cristo, de não exclusão de ninguém".
Discutir
no seio da Igreja
Em 2016, o Papa Francisco disse que "sobre a ordenação das mulheres, a última palavra, clara, é a de São João Paulo II, e ela permanece" (em 1994) o papa Wojtyla escreveu a carta apostólica Ordinatio Sacerdotalis, em que assinalou: "A ordenação sacerdotal, pela qual se transmite a missão que Cristo confiou aos seus Apóstolos, de ensinar, santificar e governar os fiéis, foi na Igreja Católica, desde o início e sempre, exclusivamente reservada aos homens." Mas lembrou que não existe Igreja sem "dimensão feminina".
Em 2016, o Papa Francisco disse que "sobre a ordenação das mulheres, a última palavra, clara, é a de São João Paulo II, e ela permanece" (em 1994) o papa Wojtyla escreveu a carta apostólica Ordinatio Sacerdotalis, em que assinalou: "A ordenação sacerdotal, pela qual se transmite a missão que Cristo confiou aos seus Apóstolos, de ensinar, santificar e governar os fiéis, foi na Igreja Católica, desde o início e sempre, exclusivamente reservada aos homens." Mas lembrou que não existe Igreja sem "dimensão feminina".
Este é um tema que, na opinião de frei Fernando Ventura,
franciscano capuchinho, "deve ser discutido no seio da Igreja, com
discernimento, palavra-chave do ministério do Papa Francisco", seja
"num concílio ou num sínodo". "Enquanto cidadão, não me repugna
absolutamente nada a ordenação de mulheres, seria alguma coisa de natural. Mas
enquanto padre, tenho de me conformar com as normas vigentes."
Para o teólogo, está em causa a tradição. "A haver abertura
para a mulher caminhar para o sacerdócio feminino, teria de passar primeiro
pela diaconia", sublinha, acrescentando que "se calhar isso será
ainda para o nosso tempo". Acredita que "a maioria das pessoas não
veria com maus olhos ter uma mulher à frente de uma paróquia, mas isso não pode
ser imposto de cima para baixo". Fernando Ventura ressalva, no entanto,
que o sacerdócio não pode ser visto como "um grau superior ou de
poder". "Não precisamos de mais hierarcas, mas de gente que queria
servir, de acordo com a sua sensibilidade", adverte.
Homens
casados mais perto
Mais próxima do que a ordenação de mulheres estará, segundo os teólogos ouvidos pelo DN, a de homens casados. "Estou convicto de que está para muito breve. Vai haver um sínodo na Amazónia [em 2019] e deverá ficar decidida aí. O Papa vai dar a possibilidade de ordenar homens casados", afirma Anselmo Borges. Uma opinião semelhante à de Teresa Toldy: "Penso que estará para mais breve. Havendo escassez de clero, tem de se ver se é mais importante a missa ou o celibato. Dá-me a ideia de que é a missa."
Mais próxima do que a ordenação de mulheres estará, segundo os teólogos ouvidos pelo DN, a de homens casados. "Estou convicto de que está para muito breve. Vai haver um sínodo na Amazónia [em 2019] e deverá ficar decidida aí. O Papa vai dar a possibilidade de ordenar homens casados", afirma Anselmo Borges. Uma opinião semelhante à de Teresa Toldy: "Penso que estará para mais breve. Havendo escassez de clero, tem de se ver se é mais importante a missa ou o celibato. Dá-me a ideia de que é a missa."
Comentários
Enviar um comentário