A MISSÃO DOS LEIGOS por Armando Soares
A MISSÃO DOS LEIGOS por Armando Soares
A “vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo”, foi tema na “Lumen Gentium” e na “Gaudium et Spes”. Bem pensou o papa Francisco na tarefa “essencial de inscrever a lei divina na vida da cidade terrena”, levando “a luz, a esperança e a caridade” de Cristo aos lugares que sem eles ficariam sem a acção de Deus e abandonados à miséria da condição humana.”, disse em 2015.
A “vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo”, foi tema na “Lumen Gentium” e na “Gaudium et Spes”. Bem pensou o papa Francisco na tarefa “essencial de inscrever a lei divina na vida da cidade terrena”, levando “a luz, a esperança e a caridade” de Cristo aos lugares que sem eles ficariam sem a acção de Deus e abandonados à miséria da condição humana.”, disse em 2015.
Para os dois documentos
conciliares, os cristãos leigos participam na
totalidade da missão. O documento ‘Apostolicam Actuositatem’ a «forma singular de evangelização» dos leigos», que deve
«iluminar todas as coisas temporais. João Paulo II esclarece, por seu lado, que
a«evangelização do
politico, do económico, do familiar, não sendo um exclusivo dos leigos, lhes pertence
como modo próprio» (ChL 43).
OVaticano II reconhece que
os cristãos leigos, em virtude do baptismo e da confirmação, gozam do múnus
profético, para o anúncio do Evangelho, através da catequese, do
testemunho e da palavra na vida quotidiana, familiar e social (LG 11,35). E o Código do Direito Canónico veio
permitir aos leigos, na falta de ministros ordenados, exercer o ministério da
palavra, desde que recebam delegação para o efeito (CDC 230,
3).
Participantes do sacerdócio de
Cristo, em virtude da sua vocação batismal, os leigos podem ser mediadores da
missão salvífica da Igreja. De facto, o Vaticano II ampliou o campo da ação
laical, seja como ministros extraordinários do batismo e da comunhão, seja como
acólitos e leitores (CDC 230). S.
João Crisóstomo dizia que os leigos «eram o pleroma sacerdotal do Bispo». O
exercício de tais tarefas, porém, não significa que o leigo se transforma em
pastor (ChL 23). Mas, de facto,
tarefas há que, não sendo exclusivas dos ministros ordenados, vão sendo cada vez
mais atribuídas aos leigos. Nesse aspeto, é reconfortante verificar que se
esfumaram certas reservas, ainda bem recentes, quanto à participação das
mulheres nos ofícios de acólito e leitor…
O Vaticano II contribuiu
também para a participação mais alargada dos leigos nos sínodos, nos conselhos
diocesanos e paroquiais da pastoral (AA 26; ChL 25), na administração dos
bens da Igreja e noutros cargos relacionados com
os deveres dos pastores (AA 5).
No passado mês de abril, a
Comissão Pontifícia para a América Latina (Santa Sé) defendeu a realização de
uma assembleia do Sínodo dos Bispos dedicada à realidade das mulheres. A
posição é assumida no documento final da Assembleia Plenária deste organismo, publicado
no ‘L’Osservatore Romano’, após a
reunião realizada de 6 a 9 de março sobre o tema ‘A mulher, pilar da edificação
da Igreja e da sociedade na América Latina’. “Esta CPAL não pretende projetar
os seus próprios programas e as próprias exigências à Igreja universal; no
entanto, coloca-se seriamente a questão de um Sínodo da Igreja universal sobre
o tema das mulheres na vida e missão da Igreja”, pode ler-se. “Com o Papa
Francisco assistimos a uma renovada abertura ao mundo numa Igreja que é mais
informal, mais de estar com os outros, refletindo com os outros”. Francisco privilegia
o papel dos jovens incentivando-os a deixarem-se fascinar pela pessoa de Jesus
solidarizando-se contra os males do mundo, aderindo a várias formas de
militância e voluntariado, sendo “caminheiros da fé”, felizes por levarem Jesus
Cristo a cada esquina, a cada praça,a cada canto da terra!” Francisco trouxe
da Argentina “uma mentalidade nova, trouxe a mensagem de Cristo de uma maneira
mais fresca.
“O homem que desperta em si a
questão de Deus abre-se à esperança, a uma esperança digna de fé, pela qual
vale a pena .enfrentar a fadiga de caminhar no presente”, sublinhou Bento XVI. E
acrescentou: numa crise que antes de ser “ económica e social, é uma crise de
significado e de valores”, “a importância decisiva dos leigos para mudar esta
situação, através de um “testemunho transparência da relevância da questão de
Deus, em todos os campos do pensar e do agir: na família, no trabalho, como
também na política e na economia, o homem contemporâneo tem necessidade de ver
com os próprios olhos e de tocar com as próprias mãos que com Deus ou sem Deus
tudo muda”, concluiu.
Só com esta visão eclesial
como tarefa de todos os membros da Igreja é possível enfrentar positivamente os
desafios que nos coloca o mundo atual: uma
economia da exclusão e da desigualdade social, uma orientação antropológica que
reduz o ser humano apenas a uma das suas necessidades: o consumo, «não fazer os
pobres participar dos seus próprios bens é roubar aos pobres os próprios bens
que são de todos - “Uma economia global que poderia alimentar, curar e
dar habitação a toda a população da Terra, mas que em vez disso, como um
conjunto de estatísticas preocupantes mostram – concentra essa riqueza nas mãos
de um grupo restrito de pessoas”, salienta. E, na exortação apostólica, ‘Gaudete
et Exsultate’, o pontífice pede uma maior atenção para com os mais necessitados
e pede justiça social na vida dos católicos, “reconhecendo Jesus nos pobres e
atribulados”, enfrentar novos movimentos
religiosos, alguns tendentes ao fundamentalismo e outros que parecem propor uma
espiritualidade sem Deus, ou a reduzir a fé e a Igreja ao âmbito privado e
íntimo.
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