PÁSCOA 2018 Mensagem «Urbi et Orbi» – Páscoa de 2018 (c/vídeo)
PÁSCOA 2018
Mensagem «Urbi et Orbi» – Páscoa
de 2018 (c/vídeo)
Abr 1, 2018 - 11:25
Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa!
Jesus ressuscitou dos mortos.
Ressoa na Igreja, por todo o mundo, este anúncio, juntamente com o
cântico do Aleluia: Jesus é o Senhor, o Pai ressuscitou-O e Ele está vivo para
sempre no meio de nós.
O próprio Jesus preanunciara a sua morte e ressurreição com a imagem do
grão de trigo. Dizia: «Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica
ele só; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24). Foi isto mesmo que
aconteceu: Jesus, o grão de trigo semeado por Deus nos sulcos da terra, morreu
vítima do pecado do mundo, permaneceu dois dias no sepulcro; mas, naquela sua
morte, estava contida toda a força do amor de Deus, que se desencadeou e
manifestou ao terceiro dia, aquele que celebramos hoje: a Páscoa de Cristo
Senhor.
Nós, cristãos, acreditamos e sabemos que a ressurreição de Cristo é a
verdadeira esperança do mundo, a esperança que não dececiona. É a força do grão
de trigo, a do amor que se humilha e oferece até ao fim e que verdadeiramente
renova o mundo. Esta força dá fruto também hoje nos sulcos da nossa história,
marcada por tantas injustiças e violências. Dá frutos de esperança e dignidade
onde há miséria e exclusão, onde há fome e falta trabalho, no meio dos
deslocados e refugiados – frequentemente rejeitados pela cultura atual do
descarte – das vítimas do narcotráfico, do tráfico de pessoas e da escravidão
dos nossos tempos.
E nós, hoje, pedimos frutos de paz para o mundo inteiro, a começar
pela amada e martirizada Síria, cuja população se encontra exausta por uma
guerra sem um fim à vista. Nesta Páscoa, a luz de Cristo Ressuscitado ilumine
as consciências de todos os responsáveis políticos e militares, para que se
ponha imediatamente termo ao extermínio em curso, respeite o direito
humanitário e proveja a facilitar o acesso às ajudas de que têm urgente
necessidade estes nossos irmãos e irmãs, assegurando ao mesmo tempo condições
adequadas para o regresso de quantos foram desalojados.
Frutos de reconciliação, imploramos para a Terra Santa, ferida,
também nestes dias, por conflitos abertos que não poupam os indefesos, para o Iémen
e para todo o Médio Oriente, a fim de que o diálogo e o respeito mútuo
prevaleçam sobre as divisões e a violência. Possam os nossos irmãos em Cristo,
que muitas vezes sofrem abusos e perseguições, ser testemunhas luminosas do
Ressuscitado e da vitória do bem sobre o mal.
Frutos de esperança, suplicamos neste dia para todos aqueles que
anseiam por uma vida mais digna, especialmente nas regiões do continente
africano atormentadas pela fome, por conflitos endémicos e pelo terrorismo. A
paz do Ressuscitado cure as feridas no Sudão do Sul e da mortificada República
Democrática do Congo: abra os corações ao diálogo e à compreensão mútua. Não
esqueçamos as vítimas daquele conflito, sobretudo as crianças! Não falte a
solidariedade em prol das inúmeras pessoas forçadas a abandonar as suas terras
e privadas do mínimo necessário para viver.
Frutos de diálogo, imploramos para a península coreana, para que
os colóquios em curso promovam a harmonia e a pacificação da região. Aqueles
que têm responsabilidades diretas ajam com sabedoria e discernimento para
promover o bem do povo coreano e construir relações de confiança no âmbito da
comunidade internacional.
Frutos de paz, pedimos para a Ucrânia, a fim de que se reforcem os
passos a favor da concórdia e sejam facilitadas as iniciativas humanitárias de
que necessita a população.
Frutos de consolação, suplicamos para o povo venezuelano, que vive
– escreveram os seus Pastores – como que em «terra estrangeira» no seu próprio
país. Possa, pela força da Ressurreição do Senhor Jesus, encontrar a via justa,
pacífica e humana para sair, o mais rápido possível, da crise política e
humanitária que o oprime e, àqueles dentre os seus filhos que são forçados a
abandonar a sua pátria, não lhes falte hospedagem nem assistência.
Frutos de vida nova, Cristo Ressuscitado dê às crianças que, por causa
das guerras e da fome, crescem sem esperança, privadas de educação e
assistência sanitária; e também aos idosos descartados pela cultura egoísta que
põe de lado aqueles que não são «produtivos».
Frutos de sabedoria, imploramos para aqueles que, em todo o mundo,
têm responsabilidades políticas, a fim de que respeitem sempre a dignidade
humana, trabalhem com dedicação ao serviço do bem comum e garantam progresso e
segurança aos seus cidadãos.
Queridos irmãos e irmãs!
Também a nós, como às mulheres que acorreram ao sepulcro, é-nos dirigida
esta palavra: «Porque buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui;
ressuscitou!» (Lc 24, 5-6). A morte, a solidão e o medo já não são a última
palavra. Há uma palavra que vem depois e que só Deus pode pronunciar: é a
palavra da Ressurreição (cf. João Paulo II, Palavras no final da Via-Sacra,
18/IV/2003). Com a força do amor de Deus, ela «afugenta os crimes, lava as
culpas, restitui a inocência aos pecadores, dá alegria aos tristes, derruba os
poderosos, dissipa os ódios, estabelece a concórdia e a paz» (Precónio Pascal).
Feliz Páscoa para todos!
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