JESUS por Casimiro João (Blogue Chapadinha)


JESUS  Jesus de Nazaré - Filho do Homem - Profeta -  Cristo - Messias - Ungido - Cosmocrator


As definições de “Filho do Homem”, “Cristo” (Messias, Ungido) e “Cosmocrator” como títulos de Jesus.
Sábado, 28 de abril de 2018

Comecemos pela figura de “Filho do Homem”. A figura de Jesus como Filho do homem está relacionada à ideia do povo oprimido de Israel, após a morte de Jesus. 
Na verdade, a nova comunidade precisava de uma figura que não se relacionasse com a instituição militar, política e nem sacerdotal, precisava de uma figura que ficasse do lado de suas necessidades, e que soubesse o que era justiça para eles, porque não confiavam mais em estruturas religiosas e políticas. Aliás, filho do homem também podia definir qualquer mortal: “O que é o homem Senhor para vós, porque dele cuidais tanto assim, e no filho do homem pensais”?(Sal.143,4).

Para eles quem era Jesus? Era profeta e amigo e eles acreditavam que sua proclamação era verdadeira. Que ele morreu como os outros profetas já provava a retidão de seu ensinamento. 
A figura de “filho do homem”, tirada do cap. 7 de Daniel, já tirada do livro de Enok o etíope e de Esdras, 4,13 é uma figura simbólica do fim dos tempos e o líder do rebanho dos eleitos. Por isso a ele iria ser dada a incumbência divina de reunir e julgar os eleitos no fim dos tempos, colocando uns à direita e outros à esquerda (Mt.25,31). 
Portanto, o “Filho do homem” era uma noção popular para os camponeses em geral; era a expectativa de que finalmente o homem certo estava do lado deles, era ele, Jesus, o filho do Homem.

Assim, a classe camponesa oprimida da Palestina aceitava alegremente a figura do filho do homem, de preferência à de “Messias. E o que era a figura do “Messias”, ou “Cristo”? CRISTO era o nome que começou e ficou sempre associado e junto a Jesus, “Jesus Cristo”. Isto aconteceu porque o cristianismo começou a passar para os gregos, que aportaram ao cristianismo a sua cultura helenística. E justamente na cultura helenística ou grega não era adequado que a pessoa tivesse um nome só. Tinha que ser não só “Jesus”, mas “Jesus Cristo”.
E mais: como os cristãos posteriores e mormente os helenistas foram perdendo a noção do Jesus que viveu na Palestina, e não o tinham conhecido, então não ligavam muito àquela figura sofrida “o filho do carpinteiro”, que tinha vivido como operário e tinha até sido crucificado
A eles interessava um Jesus e um Cristo glorioso com poderes guerreiros e militares. E foram sabendo que o rei Davi tinha sido  o escolhido para ser o pai de um Messias ou Ungido, o “Cristo”. Na linguagem grega o Ungido e Messias traduziam por “Cristo”.
Foi assim associado ao Jesus terreno o termo real e militar CRISTO. A identificação de Jesus como Jesus Cristo começou a se espalhar. Até que, note bem, a palavra “Filho do Homem” nunca foi traduzida para o grego mas somente as palavras “ungido ou messias” com o nome de “Christos”, Cristo.
Assim sendo, o Cristo como rei governador e militar (título régio) era o esperado como restaurador do reinado de Davi, ligado a Deus e imbuído de poderes sobrenaturais. Então Jesus foi deixando de ser olhado e contemplado como o “Jesus terreno”, mas o Jesus ressuscitado como “Christos”(Cristo) que vai exercer esse poder no fim dos tempos.

E o que é a palavra “Cosmocrator”? É o Cristo restaurador que começa a exercer a autoridade de Deus não por “usurpação” como diz a carta aos filipenses (2,6), mas por substituição. E que foi aclamado como criador do próprio cosmos, ou seja o criador preexistente do próprio mundo. Aqui, na concepção e na conexão com outras divindades helenísticas e olímpicas, o conceito de “Cosmocrator” transforma-se em poder de governo imperial.
Na verdade, a restauração esperada começou a ficar ligada a uma pessoa agora elevada ao céu. As comunidades começaram confessando sua fidelidade a essa pessoa e tinham confiança que ela era íntima e dependente daquele que endireita o mundo, e que está ao lado de Deus, e assim a comunidade acredita que participava da mudança radical da realidade do mundo e celebrava sua nova existência já manifestada na própria comunidade.

Assim como Jesus de Nazaré, o Cristo, foi transformado em Senhor do mundo (Cosmocrator), assim os membros das comunidades tinham a fé de que sua realidade fosse também transformada ds forma radical como a dele foi transformada.
Em resumo, tivemos ocasião de ver o significado dos nomes de Jesus como “Filho do Homem”, “Cristo” e “Cosmocrator” e o que isso poderá significar para a evolução histórica do Cristianismo e dos impérios  que  que se originaram.

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