Jesus continua a chamar
Jesus continua a chamar por ARMANDO SOARES
Dirigindo-se aos jovens na sua Mensagem para a Jornada Mundial da Juventude, em 2010, Bento XVI diz-lhes: “Vós sois ricos de qualidades, energias, sonhos, esperanças: recursos que possuís em abundância! A vossa própria idade constitui uma grande riqueza não apenas para vós, mas também para os outros, para a Igreja e para o mundo”.
O jovem rico pergunta a Jesus: «Que devo fazer?» O tempo da juventude é tempo de descoberta das responsabilidades e tempo de opções fundamentais para o projecto de vida, equacionando aquilo que pode conduzir à felicidade. Isto é: «Que devo fazer a fim de que a minha vida tenha pleno valor e pleno sentido?» (Ibid., n. 3).
É preciso o jovem enfrentar com seriedade estas perguntas, sem medo, e escutar Deus com serenidade, e cumprir a sua vontade. Jesus convida o jovem rico a ir mais além da satisfação das suas aspirações e dos seus projectos pessoais, dizendo-lhe: «Vem e segue-me!». Jesus convida os seus discípulos a uma confiança nEle sem reservas. Disto são modelo os santos que seguiram Jesus Cristo Crucificado e Ressuscitado. Ficamos tristes ao ver o jovem rico do Evangelho não acolher o convite de Jesus, mas a afastar-se triste e pesaroso. Não teve coragem de seguir Jesus. Aos jovens Jesus faz hoje o convite à radicalidade do Evangelho, a serem seus sacerdotes e missionários. A quem recebe este convite à vida religiosa, monástica, de consagração, Ele sabe dar uma alegria profunda. E a quantos sentem a vocação ao matrimónio convida a comprometerem-se seriamente a viver um amor grande, fiel e aberto ao dom da vida, que é a riqueza da sociedade e da Igreja.
«Que devo fazer para alcançar a vida eterna?»: esta pergunta do jovem do Evangelho. Mas o que é a «vida eterna», de que fala o jovem rico? “É uma proposta sublime de felicidade sem fim: a alegria de sermos cumulados pelo amor divino para sempre. O interrogar-se sobre o futuro definitivo que nos espera dá sentido pleno à existência, porque orienta o projecto de vida não para horizontes limitados e passageiros mas amplos e profundos, que levam a amar o mundo, tão amado pelo próprio Deus, a dedicar-se ao seu desenvolvimento, mas sempre com a liberdade e a alegria que nascem da fé e da esperança”, afirma Bento XVI.
Somos todos chamados à santidade, seguindo o caminho dos mandamentos. Eles são pontos de referência para encontrarmos a “vida eterna”.
“Sem dúvida, trata-se de perguntas contra a corrente em relação à mentalidade contemporânea, que propõe uma liberdade desligada de valores, de regras, de normas objectivas, e convida a não colocar limites aos desejos do momento. Mas este tipo de proposta, em vez de conduzir à verdadeira liberdade, leva o homem a tornar-se escravo de si mesmo, dos seus desejos imediatos, de ídolos como o poder, o dinheiro, o prazer desenfreado e as seduções do mundo, tornando-o incapaz de seguir a sua vocação natural ao amor”, acrescenta o Papa.
Hoje os jhovens encontram-se a enfrentar muitos problemas resultantes do desemprego, da falta de referências ideais certas e de perspectivas concretas para o futuro. Às vezes pode-se ficar com a impressão de impotência diante das crises actuais. Não vos deixeis desencorajar nem renuncieis aos vossos sonhos! Pelo contrário, cultivai no coração desejos grandes de fraternidade, de justiça e de paz. O futuro está nas mãos de quem souber procurar e encontrar razões fortes de vida e de esperança.
Na recente Carta Encíclica sobre o desenvolvimento humano integral, Caritas in veritate, enumerei alguns dos grandes desafios actuais que são urgentes e essenciais para a vida deste mundo: a utilização dos recursos da terra e o respeito pela ecologia, a justa repartição dos bens e o controle dos mecanismos financeiros, a solidariedade com os países pobres no âmbito da família humana, a luta contra a fome no mundo, a promoção da dignidade do trabalho humano, o serviço à cultura da vida, a construção da paz entre os povos, o diálogo inter-religioso, o bom uso dos meios de comunicação social.
São desafios a que sois chamados a responder para construir um mundo mais justo e fraterno. São desafios que requerem um projecto de vida exigente e apaixonante, no qual deveis investir toda a vossa riqueza, segundo o desígnio que Deus tem para cada um de vós. Não se trata de realizar gestos heróicos ou extraordinários, mas de agir fazendo frutificar os próprios talentos e possibilidades, comprometendo-se a progredir constantemente na fé e no amor. Cristo chama cada um de vós a comprometer-se com Ele e a assumir as próprias responsabilidades para construir a civilização do amor. Se seguirdes a sua Palavra, também o vosso caminho se iluminará e vos conduzirá rumo a metas elevadas, que dão alegria e sentido pleno à vida. FONTE: Mensagem para a JMJ 2010, de Bento XVI.
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