A missão continental na América Latina por Armando Soares

A América Latina é dos continentes com maior percentagem de católicos. É no entanto também o continente mais frágil economicamente. À doutrina da Igreja sobre as questões sociais contrapôs-se, logo desde o princípio da colonização, um ritmo de exploração, que foi continuado e é seguido pelas multinacionais. Um continente endividado porque explorado por entidades multinacionais, e pelos que se deixam atrair pelo dinheiro oferecido para grandes projectos. E criam uma elite superior com contas no estrangeiro e em nome pessoal. Cava-se assim um abismo cada vez maior entre ricos e pobres. Estes são sempre a maioria.
A América Latina é o continente da droga. Abastece sobretudo a Europa e os Estados Unidos. Droga prejudica os que a consomem e lança um grupo na exploração milionária do seu tráfico com cartéis bem montados nos países produtores. Isto vai criar uma classe de endinheirados favorecidos e que favorecem um mundo inóspito de corrupção. Corrupção a todos os níveis, porque é preciso fazer passar o produto, e é preciso inventar mil e uma maneiras para o transportar sem ser descoberto.
Apesar dos grandes recursos, como por exemplo, o petróleo e géneros alimentícios, há país com conflitos intermináveis que impedem ou atrasam o desenvolvimento cultural e o campo da saúde. Faltam médicos, faltam medicamentos, falta alimentação em muitos países que são dos mais pobres do mundo. As catástrofes naturais, como a do Haiti, vieram ajudar este desequilíbrio.
À Igreja se apresenta este campo, com todos estes problemas, para evangelizar. O Congresso da Aparecida, no Brasil, foi um momento forte para a missionação incentivando os bispos a lançarem a missão nas suas dioceses. Aconteceu em muitas dioceses da América Latina que se ficaram em organizações modelo. Mas não atingiram ver que isso é necessário, mas não basta. As pessoas têm de pôr-se a caminho, enfrentando os desafios dentro e fora das fronteiras do seu país.
O apelo de João Paulo II foi sempre, como peregrino desta região do globo: «América, evangeliza-te para evangelizares o mundo». Vemos com júbilo que há já muitos missionários sul-americanos a evangelizar outros países, outras culturas, outros continentes. Mas a força do Espírito, o grande protagonista da Missão (Redemptoris Missio) deve ainda soprar mais forte e os sul-americanos devem estar mais atentos aos apelos de Deus e os gritos dos que pedem a salvação.

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