Deixem a guerra e embarquem na paz
Se os homens e mulheres do nosso tempo tivessem algum
tempo para pensar, algo neste mundo poderia mudar.
Com efeito, há milhões de irmãos nossos a morrer de
fome, a morrer de epidemias como sida, o cancro, a tuberculose, a cólera, a
malária, a diarreia.
Há irmãos nossos que não têm uma casa digna para
habitar. Somente sua palhota, sua cabana, sua choça, sua trapeira onde chove,
onde há frio, onde há lama pelo chão.
Há irmãos nossos que nunca souberam (e talvez nunca
venham a saber) o que é viver em paz porque nasceram, viveram, e estão
condenados a viver debaixo da guerra, e da força destruidora das armas.
Há irmãos nossos que, com poucos anos, não aprenderam
a fazer outra coisa do que carregar uma arma - as crianças soldados -, que só
sabem disparar e matar, mas não sabem porquê nem para quê - só sabem que é ao
serviço de chefes, dos mais velhos que mandam, e lhes dão apenas uma magra
côdea para comer.
Há irmãos nossos que nunca souberam o que é viver pois
a vida lhes foi madraça e estão em contacto permanente com os mortos que a
guerra faz.
Há irmãos nossos que terão poucos anos de vida pois
sabem que serão dizimados pelo sida.
Há irmãos nossos desesperados, porque um dia se
embrenharam nos caminhos da droga e hoje são cadáveres ambulantes, dependentes,
sem capacidade para serem homens e mulheres e poderem viver uma vida com
dignidade.
Há homens e mulheres que caíram nas malhas do prazer e
da vida fácil, e que hoje reconhecem que isso não é viver mas ser escravo, da
pior das escravaturas que há - a escravatura branca. Conduz à destruição e o
dinheiro recebido - que se recebeu - é como excremento do diabo que não rende
para nada. Infelizmente há quem o faça porque tem fome, ou porque tem crianças
que precisam de comer. O meu país ainda é assim!
Há homens e mulheres enganados por outros homens e por
outras mulheres sem escrúpulos, sem moral, sem ética e que se comprazem em ver
os outros serem como eles ou pior que eles, chafurdando na lama.
Mas também há homens e mulheres que, no meio das
tribulações que a vida tem, lutam com força e coragem para terem uma vida com
dignidade.
Há homens e mulheres de fé, não ratos de sacristia,
mas que vivem sua fé em obras e testemunhos de vida cristã, ajudando os que
mais precisam.
Há homens e mulheres que acreditam em Deus, dão
sentido à vida, louvam a Deus, amam os irmãos - os outros homens, vivem a
liberdade dos filhos de Deus e são felizes. Bacano!
Há homens e mulheres que sabem integrar-se na
comunidade e na sociedade, esforçando-se por viver uma vida feliz sem
precisarem de limitar sua liberdade numa vida de acorrentados ou imitando os
pobres animais que o homem traz à trela, para dominar. Ou então os bigbrotherianos enclausurados e
voluntariamente sem privacidade para todos poderem ver os manequins comandados
que são após dias de monotonia psicologicamente estoirante. E tudo por causa
duns contos de reis ou duns milhões de euros, que se destruirão como o nome e a
fama que depressa se esfumam. Pois a história nos diz que só guarda nomes de
valor. Quem fala dos bobos?
Há homens e mulheres que conseguem viver uma vida
sossegada para além do bulício das audiências televisivas, que não os
incomodam. São felizes. Informam-se e formam-se. O resto é mais ou menos
charanga!
Há homens e mulheres que reflectem profundamente sobre
os acontecimentos ecológicos e não fortuitos de que somos vítimas, e se sentem
culpados por atraiçoar a constituição da própria natureza física e animal,
familiar, astronómica e ambiental, cavando sua insegurança e sua destruição a
curto ou longo prazo. Não é preciso Deus vir destruir a natureza ou o homem -
pensá-lo seria loucura. Basta deixar o homem destruir-se a si mesmo, pois o
homem brinca, esgota e destrói a vida.
Mas, sinto-me feliz, porque ainda há homens e mulheres
criadores de vida, que lutam pelo bem, que amam a Deus, se dedicam a tempo
pleno e corpo inteiro ao serviço dos mais carenciados, dos excluídos, dos que
não têm ninguém.
Esses são HOMENS e MULHERES que merecem este nome! * na força da PALAVRA por Armando Soares (65)
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