BRUXELAS COP21: Bispos católicos da União Europeia propõem nova política de proteção do clima
BRUXELAS
COP21: Bispos católicos da União Europeia propõem nova política de proteção do clima
Foto: Miguel Cupido
Organismo episcopal apela a uma «conversão ecológica»
|
Bruxelas, 29 nov
2015
A Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia
(COMECE) lançou um conjunto de propostas para a próxima Conferência da ONU
sobre as Mudanças Climáticas (COP 21), que arranca esta segunda-feira em Paris.
Intitulado “O
tempo para mudar é agora”, o documento destaca o “papel-chave” que a União
Europeia deverá ter para a consolidação de um acordo que abra as portas a uma
“nova política de proteção do clima”.
O documento
sublinha a vontade da Igreja Católica do continente, dos seus bispos e demais
responsáveis, em estar presente num debate intimamente ligado a “questões de
justiça social e global”.
Preparado com o
apoio de vários peritos em matéria de ambiente, o documento da COMECE aponta
várias prioridades para uma necessária “conversão ecológica” da sociedade.
Em primeiro
lugar, uma conversão ao nível dos “estilos de vida”, já que a atual conjuntura
negativa do clima “é apenas sintoma de um modo de vida insustentável”,
alimentado por “padrões de consumo próprios deste mundo industrializado”.
Neste contexto, a
“educação” das novas gerações para uma consciência ecológica será fundamental,
na opinião dos líderes católicos do Velho Continente.
“As verdadeiras
mudanças”, refere o texto, “ não assentam apenas em soluções técnicas ou na
redução dos gases de efeito estufa, temos de ir mais fundo, ao nível cultural
do nosso comportamento, deixar para trás a ideia do Homem que domina a
Natureza, rumo a uma noção de que o destino de todos, “homens e
criaturas”, está interligado.
E que é preciso
“preservar o valor intrínseco da natureza, e não entendê-lo exclusivamente como
algo instrumentalizável”.
O relatório da
COMECE entra ainda no campo das políticas económicas e ambientais, propondo “a
substituição gradual dos combustíveis fósseis por energias renováveis” e
apelando ao “fim da destruição das florestas tropicais” e de outros
ecossistemas essenciais para o equilíbrio do planeta.
“Ambos os passos
requerem transformações a nível económico e político: reforçar a atratividade
das energias renováveis e mudar comportamentos sociais, “encorajando as pessoas
a um uso mais eficiente e poupado da energia”, pode ler-se.
A COMECE defende
também “uma nova política económica que aumente o preço das matérias primas e
torne bens intangíveis, como a informação, mais acessíveis”.
Considera ainda
essencial o desenvolvimento de políticas globais que garantam cada vez mais a
“preservação da biodiversidade e aumentem as áreas dos ecossistemas
protegidos”.
“Estes objetivos
devem levar a um compromisso geral que garanta uma autêntica proteção das
regiões ecologicamente mais valiosas, para que estas não sejam transformadas em
terrenos agrícolas”, frisa o documento dos bispos católicos.
A COMECE espera
que este relatório, que descreve também várias iniciativas e projetos
ecológicos e sustentáveis, ao nível da Igreja Católica, seja tido em conta na
cimeira do COP21, em Paris.
JCP
Comentários
Enviar um comentário