NATAL Outros sabores… e outros saberes de Natal! Por P. JOAQUIM PINHO
Outros sabores… e outros saberes de Natal!
Por
P. JOAQUIM PINHO
Há dois mil anos atrás, quando Jesus veio à Terra o mundo, como hoje, vivia tensões e crises; conflitos e guerras. Era enorme a ânsia de paz. Mas os homens não sabiam como fazê-la. Também para a paz, as suas “arquitecturas” e projectos nunca prescindiam de ideias ancestrais como: autodefesa; desconfiança; exércitos poderosos; estratégias militares sempre apuradas e prontas para o ataque; domínio absoluto; terror preparado. Assim era. Parar as batalhas seria já um grande passo. Mas prevaleciam sempre os desejos e os interesses dos mais fortes. Nunca ficava o interesse e o respeito pela cultura, pelos valores e pelo progresso! Nunca! Nos tempos do imperador César Augusto, a grandiosa Paz Romana
começava a abrir brechas por toda a parte. Em Roma como por todo o império. Os povos subjugados
queriam liberdade e independência. Queriam ver respeitados os seus direitos. A
Terra de Jesus não era excepção. Na própria sociedade romana e nos círculos
políticos que rodeavam César, a corrupção ameaçava dominar a sociedade… E na Palestina de Herodes o Grande, à época
do nascimento de Cristo, o panorama assemelhava-se… O sofrimento dos pobres e
humilhados era indisível. A crueldade de Herodes e a força bélica romana
abatiam-se implacáveis sobre o Povo da Aliança.
Passados tantos séculos, a paz
ilusória prevalece… Os fundamentalismos e os ódios alimentados por falsas
religiões e a barbaridade de poderosos só conduzem ao abismo universal…
O quê e Quem nos pode de facto trazer a Paz autêntica? O tempo
do Natal é sempre uma forte interpelação à humanidade inteira.
Deixo aqui o testemunho do jovem
jornalista, Antoine, que perdeu a esposa nos atentados do dia 13 de Novembro em
Paris. É um eloquente testemunho cristão. Com um forte sabor e saber de Natal.
Eis a sua carta e que a todos aproveite.
"Na noite de sexta-feira
vocês acabaram com a vida de um ser excepcional, o amor da minha vida, a mãe do
meu filho mas vocês não terão o meu ódio. Eu não sei quem são vocês e não quero
saber, são almas mortas. Se esse Deus pelo qual vocês matam cegamente nos fez à
sua imagem, cada bala no corpo da minha mulher terá sido uma ferida no seu
coração", afirmou Leiris.
Portanto, escreveu o
jornalista, "eu não vos darei o presente de vos odiar. Vocês bem que
mereciam, mas responder ao ódio com a cólera seria ceder à mesma ignorância que
fez vocês serem quem são. Querem que eu tenha medo, que olhe para os meus
concidadãos com um olhar desconfiado, que eu sacrifique a minha liberdade pela
segurança. Perderam. Continuaremos a atuar da mesma maneira".
Referindo-se ao cadaver da sua
esposa, baleada no teatro de Bataclan, afirmou "Eu a via esta manhã.
Finalmente, depois de noites e dias de espera. Ela ainda estava tão bela como
quando partiu na noite de sexta-feira, tão bela como quando me apaixonei
perdidamente por ela há mais de doze anos. Claro que estou devastado pela dor,
concedo-vos esta pequena vitória, mas será de curta duração. Eu sei que ela nos
vai acompanhar a cada dia e que nos vamos reencontrar no paraíso das almas
livres ao qual vocês nunca terão acesso".
"Somos só dois agora, eu
e o meu filho, mas somos mais fortes do que todos os exércitos do mundo. Eu não
tenho mais tempo para dar-vos. Quero juntar-me a Melvil que está acordando do
seu descanso. Só tem 17 meses. Vai comer como todos os dias, depois vamos
brincar, como fazemos todos os dias e durante toda a sua vida este rapaz vos
fará a afronta de ser feliz e livre. Porque vocês nunca terão o seu ódio». in VM dez 15
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