VATICANO COP21: Igreja exige acordo climático «justo, vinculativo e transformativo»
VATICANO
COP21: Igreja exige acordo
climático «justo, vinculativo e transformativo»
(Lusa)
Cardeais, patriarcas e bispos de todo o mundo subscrevem
apelo inspirado em encíclica do Papa Francisco
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Vaticano, 29 nov 2015 (Ecclesia) – O Conselho Pontifício Justiça e Paz lançou
um apelo por um acordo “justo, juridicamente vinculativo e autenticamente
transformativo” na próxima Conferência sobre as Mudanças Climáticas (COP 21),
com dez propostas específicas de orientação.
“Apelamos à COP
21 que formule um acordo internacional para limitar o aumento global da
temperatura aos parâmetros atualmente sugeridos pela comunidade científica
global, de modo a evitar impactos climáticos catastróficos, especialmente para
os mais pobres e para as comunidades mais vulneráveis”, subscrevem cardeais,
patriarcas e bispos de todo o mundo, em representação das associações
continentais de Conferências Episcopais.
O Papa afirmou na
última quinta-feira em Nairobi que um eventual fracasso na próxima Conferência
da ONU sobre Alterações Climáticas seria “catastrófico” para a humanidade.
“Seria triste e –
atrevo-me a dizer – até catastrófico se os interesses privados prevalecessem
sobre o bem comum e chegassem a manipular as informações para proteger os seus
projetos”, advertiu, no escritório da ONU na capital do Quénia(UNON), perante
Achim Steiner, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente, e centenas de outros convidados.
Os representantes
da Igreja Católica nos cinco continentes estão de acordo quanto à “existência
de uma responsabilidade comum, mas também diferenciada”, de todas as nações na
questão climática.
“É imperativo que
se trabalhe em conjunto em prol de um empreendimento comum”, acrescentam.
Os signatários,
em nome próprio e das populações ao seu cuidado, manifestam “esperança” nas
negociações da COP 21, que vai decorrer entre hoje e 11 de dezembro, em Paris.
Este desafio,
inspirado na Encíclica ‘Laudato si’ do Papa Francisco, foi apresentado em
conferência de imprensa com 10 propostas específicas de orientação, onde se
começa por pedir “atenção não apenas às dimensões técnicas” mas particularmente
éticas e morais das alterações climáticas.
Depois, propõe-se
a definição do clima e da atmosfera como “bens comuns globais”, que pertencem e
se destinam a todos; o terceiro ponto frisa a importância de um “acordo global
justo, de mudança”.
A quarta proposta
incentiva os participantes da COP 21 a impor “limites estritos ao aumento
global da temperatura” e um objetivo de “completa descarbonização para meados
do século”.
“Novos modelos de
desenvolvimento e estilos de vida que sejam compatíveis com o clima, enfrentem
as desigualdades e tirem as pessoas da pobreza”, é outra proposta, destacando
que “um elemento primordial” para esta realidade “é pôr fim à era dos
combustíveis fósseis”.
É pedido que as
pessoas tenham acesso à água e à terra para desenvolverem sistemas alimentares
“sustentáveis” e “resistentes às condições climáticas”.
O ‘Apelo de cardeais, patriarcas e bispos de diversas partes
do mundo à COP21’ pretende também que se assegure que o acordo de 2015 aponte
para uma abordagem de adaptação que responda às “necessidades imediatas das
comunidades mais vulneráveis” e tenha presente as alternativas locais.
“Os responsáveis
pelas alterações climáticas têm a responsabilidade de apoiar os mais
vulneráveis na sua adaptação, a gerirem perdas e danos, e devem partilhar a
tecnologia e o saber-fazer necessários”, propõe o número nove.
Os responsáveis
eclesiais concluem que tudo “implica uma educação e uma consciência ecológica sérias”.
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