JIHADISMO Allahu Akbar (Deus é o Maior)
JIHADISMO
Allahu Akbar (Deus é o Maior)
Era
uma viagem de altíssimo risco, que muitos desaconselharam. Mas Francisco achava
ser seu dever visitar a África, o continente pobre. E foi ao Quénia, ao Uganda,
à República Centro Africana, recusando colete à prova de bala e papamóvel
blindado. Tinha mensagens essenciais para entregar: a denúncia do abismo entre
a riqueza e a miséria; plantar uma árvore, num gesto simples, mas carregado de
significado: "a mudança climática é um problema global" e exige
"um novo estilo cultural": "frente à "cultura do descarte,
"a cultura do cuidado"; sobretudo, apelar ao diálogo ecuménico e
inter-religioso, que "não é um luxo, algo opcional, mas algo
essencial" em ordem à paz. Na mesquita central de Bangui, recordou que
cristãos e muçulmanos são "irmãos": "Juntos, digamos
"não" ao ódio, à vingança, à violência, em particular à que se comete
em nome de Deus. Deus é paz, salam."
É absurdo, aterrador,
jihadistas invocarem o Nome de Deus, quando matam indiscriminadamente
inocentes, metralhando, degolando, fazendo-se explodir. Ficamos atónitos e é
preciso dizer: se esse deus existisse, só haveria uma atitude humanamente
digna: ser
Nenhuma religião
tem a Verdade toda. Portanto, se as religiões não são o Sagrado, o Mistério, e
se, mesmo todas juntas, o não possuem, devem dialogar para tentarem dizê-lo
menos mal, embora sempre na gaguez quase muda.
A verdade das
religiões afirma-se na prática, no combate pela dignidade, justiça, direitos
humanos.
Essencial é a
leitura histórico-crítica dos textos sagrados. A sua leitura não pode ser
literal, pois implica sempre uma interpretação, e o fio condutor da leitura é a
libertação/salvação plena. O que neles se encontra de opressão e indignidade
serve para dizer o que Deus não é e o que o ser humano não deve ser.
Conquista
civilizacional decisiva é a separação da Igreja e do Estado, da religião e da
política: o Estado laico não tem uma confissão religiosa, é confessionalmente
neutro, para garantir a liberdade religiosa de todos: ter esta religião ou
aquela ou nenhuma, mudar de religião.
Mas a laicidade pretenderia
remeter a religião para a privacidade, "para a sacristia", como
costuma dizer-se, retirando-a, portanto, do espaço público. As religiões têm
direito ao espaço público, não só para se manifestarem publicamente quanto ao
culto, mas também para poderem pronunciar-se livremente nos debates sobre as
grandes temáticas da sociedade: questões políticas, sociais, económicas, morais.
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