VATICANO Papa critica populismo e pede acolhimento de imigrantes
VATICANO
Papa critica populismo e pede acolhimento de imigrantes
Publicada em 21 de fevereiro
de 2017 às 16:35
Pontífice ainda criticou má distribuição de renda pelo mundo
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O papa Francisco criticou
nesta terça-feira (21.02.2017) a “retórica populista” sobre os imigrantes e
disse que as autoridades têm a obrigação “moral” de ajudar as pessoas que fogem
de guerras e da miséria.
O líder católico não citou
especificamente nenhum país, mas criticou os governos que usam o medo sobre a
presença de imigrantes como desculpa para justificar, por exemplo, crises
econômicas – como ocorre em várias nações europeias e nos Estados Unidos.
“Perante este tipo de
rejeição, enraizada até em última instância no egocentrismo e amplificada pela
retórica populista, é necessário mudar de atitude para ultrapassarmos a
indiferença e contrariar o medo através de uma abordagem generosa de
acolhimento aos que batem às nossas portas”, disse durante um encontro com
líderes de grupos humanitários e imigrantes que moram na Itália.
Segundo Francisco, é preciso
“abrir canais humanitários acessíveis e seguros” para aqueles que fogem de
guerras e de perseguições, sendo que muitos deles estão “nas mãos de
organizações criminosas sem escrúpulos”.
O Pontífice ainda ressaltou
que proteger os imigrantes é “um imperativo da moral que deve ser traduzido em
instrumentos jurídicos, internacionais e nacionais claros e pertinentes”,
causados por “escolhas políticas justas e de longo prazo” com “programas
tempestivos e humanizantes na luta contra os traficantes de ‘carne humana’ que
lucram sobre as desventuras dos outros”.
Para combater o que chamou de
“índole da rejeição”, o sucessor de Bento XVI afirmou que o acolhimento
responsável “começa com a sistematização de espaços adequados e com decoro”.
“Grandes acampamentos não dão resultados positivos, gerando, ao contrário,
novas situações de vulnerabilidade e de problemas”, disse Jorge Mario Bergoglio
sugerindo que esse acolhimento seja feito “de maneira difusa”.
Outro ponto destacado pelo
Papa voltou a atacar as políticas populistas apresentados por diversos
candidatos aos governos europeus e por parlamentares de vários países, que
tentam impedir que imigrantes consigam o reagrupamento familiar.
De acordo com o líder da
Igreja Católica, essa integração dos imigrantes “não é nem assimilação, nem
incorporação” cultural”, mas sim um trabalho “bidirecional” que implica no
“mútuo reconhecimento da riqueza cultural do outro”.
Em outra parte de seu forte
discurso, Bergoglio ainda criticou a má distribuição da riqueza no mundo, que
causa tanto crises internas nos países, mas também força muitas pessoas a
tentar buscar uma vida mais digna em outra nação.
“Não pode um grupinho de
indivíduos controlar os recursos de meio mundo. Não podem pessoas e povos
inteiros terem direito de recolher apenas as migalhas. Ninguém pode ficar
tranquilo e dispensado dos imperativos morais que derivam da
corresponsabilidade de gestão do planeta”, acrescentou ainda criticando o “uso
cínico do mercado” e de “novas formas de colonialismo”.
Desde que assumiu o
Pontificado, o papa Francisco sempre defendeu a causa dos imigrantes e dos
refugiados. Tanto que uma de suas primeiras viagens foi até a ilha de
Lampedusa, na Itália, uma das principais portas de entrada de imigrantes
ilegais na Europa.
A fala ainda ocorre em um
momento que o ultranacionalismo começa a ganhar força na Europa, que será palco
de diversas eleições presidenciais importantes em 2017 e que podem agravar
ainda mais a gestão da crise migratória. Do outro lado do Atlântico, o novo
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também está tomando medidas para
barrar refugiados e imigrantes de países em guerra – especialmente os de
maioria muçulmana.
Da
AnsaFlash
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