QUARESMA Quaresma: Reconciliação permanente do cristão por P. ANÍBAL MORGADO, Luanda

QUARESMA
Quaresma: Reconciliação permanente do cristão por P. ANÍBAL MORGADO, Luanda
Deus, por amor, criou o homem à Sua imagem e semelhança, isto é, com espírito, com vontade, consciência e liberdade (Gen. 1,26). Colocou o homem num lugar de harmonia, paz e bem-estar. Ia ao seu encontro no jardim, onde convivia, dialogava com ele (2,8.15). Deu-lhe uma mulher como companheira, porquê: «Não é conveniente que o homem esteja só; vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele» (Gen2, 18). Deus deu uma orientação muito importante ao homem: «Não comas o fruto da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em comeres, certamente morrerás» (Gen.2,17).

A harmonia e o bem-estar, em que o homem e a mulher viviam, despertaram a inveja de Satanás: «Por inveja do demónio é que a morte entrou no mundo» (Sab.2,24). O homem aceitou a proposta de Satanás. E sua vida passou a ser de sofrimento. E o pior de tudo, é que perdeu a imagem de Deus, de tal maneira que chega até a considerar Deus seu inimigo. Ou a dizer que não há Deus. É a situação em que vive a humanidade actualmente. E muitos órgãos da comunicação social caminham nesta linha, num total esquecimento e numa deplorável ignorância de Deus Criador e do Seu grande Amor. Mas neste Seu grande Amor por todos nós, Ele nunca abandonou o homem. E logo após a queda no pecado, Ele faz uma promessa solene ao homem, diante de Satanás: «Esta (a mulher) esmagar-te-á a cabeça, ao tentares mordê-la no calcanhar» (Gn.3,15). A Igreja vê esta promessa realizada em Maria Imaculada, Virgem sem pecado para dar um corpo humano ao Filho de Deus. É o Mistério celebrado no Natal. Jesus faz-se Homem para resgatar o homem desta condição degradante que o afasta de Deus e o reconduzir à Sua amizade. Isto aconteceu na Páscoa, pelos sofrimentos, morte na cruz e ressurreição.

Chegámos assim à Quaresma, tempo propício e oportuno para prepararmos o nosso coração para celebrar dignamente a Páscoa, pela meditação, contemplação dos sofrimentos da Morte e Ressurreição de Cristo, grande manifestação do Seu Amor misericordioso por todos os homens, para os libertar da situação desastrosa e humilhante do pecado.



 Coloquemo-nos a questão: Será que já vivemos o nosso compromisso baptismal? O sacerdote perguntou-nos: renuncias a Satanás e a todas as suas obras? Este compromisso exige de cada um de nós uma luta interior e diária. Será que o nosso coração já não aceita obras de Satanás? Perante esta descrição de Paulo aos Romanos, e a nossa experiência diária temos de aceitar que sim. Por isso, só com a graça e o auxílio que Jesus nos conceda por meio do Espírito Santo, o cristão é capaz de enfrentar luta contra o pecado, na nossa vida, e sairmos vencedores aquando da «vinda gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo». Na Quaresma, meditando nos sofrimentos e Morte de Cristo, recebemos este auxílio, absolutamente necessário, na luta contra o pecado e cresceremos no amor a Jesus que tanto sofreu por nós. E este esforço, é claro, tem de ser toda a hora, todo o dia, todos os anos, porque só assim estaremos vigilantes e atentos para a hora da vinda do Senhor, a nossa morte. Morte, que é o nosso encontro com Cristo Ressuscitado.

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