COP. 25 «Chile-Madrid, hora de agir»
COP. 25 «Chile-Madrid, hora de agir»
Dez pontos documento final
Consenso
não foi fácil na conferência da ONU sobre o clima, em Madri, também devido a
resistência brasileira no tocante aos oceanos e o uso dos solos. Ainda assim,
registrou-se modesto avanço em alguns aspectos.
O acordo "Chile-Madri, hora de agir", firmado pelos quase 200 países
que participaram da 25ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (COP25), estabelece as bases para ampliar a atuação contra a mudança
climática.
A
seguir, os dez pontos chaves do documento final, apresentado neste domingo
(15/12), em Madri apesar dos muitos impasses entre os negociadores, prolongando
o evento por quase dois dias a mais do que o inicialmente previsto.
Maior ambição
Um
dos principais temas da COP25 foi a necessidade de os países serem mais
ambiciosos no combate à mudança climática. Os compromissos assumidos até então
foram considerados insuficientes, e o texto final contém o apelo que isso mude.
O documento estabelece as bases para que na COP26, em 2020, os governos
apresentem novos compromissos de redução de emissões.
Papel da ciência
O
acordo da COP25 reconhece que as políticas climáticas devem ser permanentemente
atualizadas com base nos avanços da ciência, "eixo principal" a
orientar as decisões climáticas nacionais. Também destaca o papel do Painel
Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática da ONU (IPCC) e
lhe agradece pelos dois relatórios especiais publicados neste ano.
Transversalidade
A
cúpula de Madri termina com o consenso de que a luta contra a mudança climática
é uma questão transversal, que afeta âmbitos como mercado financeiro, ciência,
indústria, energia, transporte e agricultura, entre outros. Ministros de vários
países afirmaram que seus governos assumem a agenda climática como própria.
Oceanos e uso do solo
Esses
dois pontos estiveram entre os mais debatidos no plenário. O Brasil tentou
tirar ambos no texto final, foi muito criticado por outros países e acabou
cedendo no fim. O acordo traz referências ao impacto dos oceanos e do uso dos
solos no clima, em linha com um dos relatórios publicados pelo IPCC em 2019.
Haverá uma reunião específica sobre o assunto em junho de 2020.
Gênero
Os
representantes dos quase 200 países que estão em Madri chegaram a um acordo
para aprovar um novo Plano de Ação de Gênero, que será mais uma vez revisado em
2025. O objetivo é ampliar a participação de mulheres nas negociações
climáticas internacionais e promover seu papel como agentes da mudança rumo a
um mundo livre de emissões.
Financiamento de perdas e danos
O
acordo prevê a criação de diretrizes para o Fundo Verde do Clima para que, pela
primeira vez, o órgão destine recursos às perdas dos países mais vulneráveis a
fenômenos climáticos extremos. Essa era a principal reivindicação dos pequenos
países insulares, que sofrem diariamente com os efeitos do aquecimento global.
O
documento também pede que os países desenvolvidos aloquem recursos financeiros
para ajudar os países em desenvolvimento. Além disso nasce a Rede de Santiago,
que levará assistência técnica de organizações e especialistas a esses países
vulneráveis.
Mercados de carbono
A
regulação dos mercados de carbono foi um dos principais objetivos e dos tópicos
mais debatidos da conferência. Inicialmente incluído no documento, o tema
acabou de fora do texto final por falta de acordo e será discutido outra vez na
próxima edição da COP25. Muitas delegações nacionais consideraram melhor não
ter acordo do que firmar um pacto ruim.
Multilateralismo
O
multilateralismo e a cooperação internacional foram pontos destacados pela
ministra espanhola da Transição Ecológica, Teresa Ribera. Para ela, a COP25 é
uma reafirmação desses valores para resolver um desafio global como a mudança
climática: "Embora em contextos globais complexos, a COP25 não deixou a
agenda climática cair, num momento fundamental para a implementação do Acordo
de Paris. Pelo contrário, exibiu um multilateralismo ativista."
Sociedade e transição justa
A
importância da dimensão social foi reconhecida na COP25, com os países
concordando que os seres humanos devem estar no centro da resposta à crise
climática. Nesse sentido, o acordo diz ser imperativo que a transição para um
mundo livre de emissões seja justa, promovendo criação de empregos decentes e
de qualidade.
Novo ciclo
O
documento final também reconhece a importância dos atores não governamentais na
ação climática e os convida a ampliar as ações para combater o problema. A
existência de um marco de governança global como o Acordo de Paris abre um novo
ciclo, e faz com que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
não seja apenas um fórum para fixar regras.
AV/efe,afp
Comentários
Enviar um comentário