COP25 todos num «Acordo Verde Global» Por P. Armando Soares


COP25 todos num «Acordo Verde Global» Por P. Armando Soares
Avançar juntos         
1. O presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, anunciou em Madrid, na COP25, que apresentará em março uma lei para tornar a transição climática irreversível na União Europeia (UE).
“… esta lei vai dotar de uma perspetiva climática todos os setores económicos”, disse, acrescentando que a “medida implica uma energia limpa e acessível, o desenvolvimento da economia circular e desenhar uma estratégia de biodiversidade”.
Numa mesa redonda de líderes mundiais sobre o clima, Ursula referiu-se também ao plano de investimentos necessários para por em marcha uma ação climática sustentada na investigação, na inovação e nas novas tecnologias.
Este plano terá um montante global de um bilião de euros nos próximos 10 anos. Quanto ao custo, recorda: “qual seria o custo se não fizéssemos nada?”
 “Este processo deve incluir todos”, destacou. O Fundo de Transição proposto pela Comissão Europeia não deixará para trás “aqueles que têm de dar os passos maiores” neste processo. O Fundo deve incluir “privados e públicos”, com financiamento do Banco Europeu de Investimento (BEI).
“Se avançarmos juntos, iremos mais rápido e isso é do interesse de todos”, afirmou Von der Leyen, acrescentando que o objetivo desta COP25 é  transformar o “Acordo Verde Europeu” num “Acordo Verde Global”.

Salvar a vida no planeta
2. “A salvação do planeta é bandeira das religiões”, diz Isabel Varanda doutorada em Teologia, professora associada da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP), onde acompanha, há vários anos, a área da ecologia.
Entrevistada por José Pedro Frazão (Renascença) e Paulo Rocha (Ecclesia), a investigadora considerou a ecologia um “território educativo de intervenção prioritária”, e afirmou que perante a “emergência climática” não bastam “discursos pontuais” ou manifestações de “angústia”, mas a ação de todos. Para Isabel Varanda, Greta Thunberg “é um símbolo” que motiva a comunidade em geral e o Papa Francisco deveria escrever a ‘Laudato Si’ 2’”, após quatro anos do primeiro documento, porque “há desenvolvimentos a tal velocidade que já justificaria uma outra encíclica”.
A COP 25 é um sinal para o mundo, afirmou. Não sabemos quais serão as conclusões, mas o objetivo está cumprido: um alerta e despertar emergente, das consciências para a grande questão ecológica que ensombra a vida do planeta e dos seres humanos.
É “uma emergência expressa pelo Papa Francisco em termos de revolução cultural. Há situações traumatizantes de populações e regiões do nosso planeta, em profundo sofrimento devido às alterações climáticas.

Amar e cuidar a Terra
3. A encíclica ‘Laudato Sí’ foi publicada em 2015 e, um ano depois, num apontamento para a Ecclesia, a Dra Isabel Varanda, afirmou: “Penso que se percebeu que o tempo é de agir, mas não se agiu”. Ainda não se agiu! A encíclica tem todo o valor como uma referência incontornável que contribuiu para o despertar das consciências mundiais e da sensibilidade dos católicos. 
A encíclica ‘LS’ foi muito elogiada por todos os académicos e especialistas, por ser bastante completa e muito bem baseada em todas as áreas, da física à economia, passando naturalmente pela ética.
 E qual o contributo das religiões? Há um trabalho que carece de ser feito, a nível do diálogo inter-religioso e depois em cada uma das religiões, das religiões monoteístas, e das grandes religiões do mundo.
 O CITER (UCP) constituído como um grupo de investigação interdisciplinar “Grupo REC” (Religião, Ecologia e Cidadania), focaliza sua investigação na área das problemáticas ecológicas. No seio deste grupo, está em curso o projeto cujo tema de investigação é “Amar e cuidar a Terra: critérios e processos de ecologia integral”.
É preciso reconhecer o valor de todas as criaturas, da pessoa humana e de todas as realidades terrestres.

O efeito estufa         
4. O mundo está agora 1,1 graus mais quente do que no início da Revolução Industrial, uma mudança que já teve um efeito profundo no planeta e na vida das pessoas. 
“Agora estamos enfrentando uma crise climática global”, afirmou Guterres. O ponto de não retorno não está mais no horizonte. Está à vista e corre em nossa direção. E cremos que tem razão.
A reunião de Madrid é a última reunião do grupo COP antes de 2020, ano em que o acordo de Paris entra em vigor.
Nos cenários atuais, as emissões devem cair 7,6% a cada ano na próxima década. Isso exigirá que a maioria dos países cumpra seus compromissos antes da próxima reunião da COP em Glasgow, em novembro próximo.
 A decisão do presidente Donald Trump de remover os Estados Unidos do acordo de Paris foi um grande revés para limitar o aquecimento global. Os Estados Unidos são responsáveis ​​por 13% das emissões globais, o segundo maior emissor do mundo depois da China.

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