COP25 todos num «Acordo Verde Global» Por P. Armando Soares
COP25 todos num «Acordo Verde Global» Por P. Armando Soares
12 Dezembro, 2019 JM-196
Avançar juntos
1.
O presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, anunciou em Madrid, na
COP25, que apresentará em março uma lei para tornar a transição climática
irreversível na União Europeia (UE).
“…
esta lei vai dotar de uma perspetiva climática todos os setores económicos”,
disse, acrescentando que a “medida implica uma energia limpa e acessível, o
desenvolvimento da economia circular e desenhar uma estratégia de
biodiversidade”.
Numa
mesa redonda de líderes mundiais sobre o clima, Ursula referiu-se também
ao plano de investimentos necessários para por em marcha uma ação climática
sustentada na investigação, na inovação e nas novas tecnologias.
Este
plano terá um montante global de um bilião de euros nos próximos 10 anos.
Quanto ao custo, recorda: “qual seria o custo se não fizéssemos nada?”
“Este processo deve incluir todos”, destacou. O Fundo de
Transição proposto pela Comissão Europeia não deixará para trás
“aqueles que têm de dar os passos maiores” neste processo. O Fundo deve incluir
“privados e públicos”, com financiamento do Banco Europeu de Investimento
(BEI).
“Se
avançarmos juntos, iremos mais rápido e isso é do interesse de todos”, afirmou
Von der Leyen, acrescentando que o objetivo desta COP25 é transformar o “Acordo Verde
Europeu” num “Acordo Verde Global”.
Salvar a vida no planeta
2.
“A salvação do planeta é bandeira das religiões”, diz Isabel Varanda doutorada
em Teologia, professora associada da Faculdade de Teologia da Universidade
Católica Portuguesa (UCP), onde acompanha, há vários anos, a área da ecologia.
Entrevistada
por José Pedro Frazão (Renascença)
e Paulo Rocha (Ecclesia), a investigadora considerou a ecologia um “território
educativo de intervenção prioritária”, e afirmou que perante a “emergência
climática” não bastam “discursos pontuais” ou manifestações de “angústia”, mas
a ação de todos. Para Isabel Varanda, Greta Thunberg “é um símbolo” que motiva
a comunidade em geral e o Papa Francisco deveria escrever a ‘Laudato Si’ 2’”,
após quatro anos do primeiro documento, porque “há desenvolvimentos a tal
velocidade que já justificaria uma outra encíclica”.
A
COP 25 é um sinal para o mundo, afirmou. Não sabemos quais serão as conclusões,
mas o objetivo está cumprido: um alerta e despertar emergente, das consciências
para a grande questão ecológica que ensombra a vida do planeta e dos seres humanos.
É
“uma emergência expressa pelo Papa Francisco em termos de revolução cultural.
Há situações traumatizantes de populações e regiões do nosso planeta, em
profundo sofrimento devido às alterações climáticas.
Amar e cuidar a Terra
3.
A encíclica ‘Laudato Sí’ foi publicada em 2015 e, um ano depois, num
apontamento para a Ecclesia, a Dra Isabel Varanda, afirmou: “Penso que se
percebeu que o tempo é de agir, mas não se agiu”. Ainda não se agiu! A
encíclica tem todo o valor como uma referência incontornável que contribuiu
para o despertar das consciências mundiais e da sensibilidade dos católicos.
A
encíclica ‘LS’ foi muito elogiada por todos os académicos e especialistas, por
ser bastante completa e muito bem baseada em todas as áreas, da física à economia,
passando naturalmente pela ética.
E qual o contributo das religiões? Há um trabalho que
carece de ser feito, a nível do diálogo inter-religioso e depois em cada uma
das religiões, das religiões monoteístas, e das grandes religiões do mundo.
O CITER (UCP) constituído como um grupo de investigação
interdisciplinar “Grupo REC” (Religião, Ecologia e Cidadania), focaliza sua
investigação na área das problemáticas ecológicas. No seio deste grupo, está em
curso o projeto cujo tema de investigação é “Amar e cuidar a Terra: critérios e
processos de ecologia integral”.
É
preciso reconhecer o valor de todas as criaturas, da pessoa humana e de todas
as realidades terrestres.
O efeito estufa
4.
O mundo está agora 1,1 graus mais quente do que no início da Revolução
Industrial, uma mudança que já teve um efeito profundo no planeta e na vida das
pessoas.
“Agora
estamos enfrentando uma crise climática global”, afirmou Guterres. O ponto de
não retorno não está mais no horizonte. Está à vista e corre em nossa direção.
E cremos que tem razão.
A
reunião de Madrid é a última reunião do grupo COP antes de 2020, ano em que o
acordo de Paris entra em vigor.
Nos
cenários atuais, as emissões devem cair 7,6% a cada ano na próxima década. Isso
exigirá que a maioria dos países cumpra seus compromissos antes da próxima
reunião da COP em Glasgow, em novembro próximo.
A decisão do presidente Donald Trump de remover os
Estados Unidos do acordo de Paris foi um grande revés para limitar o
aquecimento global. Os Estados Unidos são responsáveis por 13% das emissões
globais, o segundo maior emissor do mundo depois da China.
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