”PRESÉPIO 2 São Francisco de Assis e o primeiro presépio
” PRESÉPIO 2
São Francisco de Assis e o primeiro presépio
São Francisco de Assis e o primeiro presépio
In “Admirabile Signum” PRESÉPIO
2. A origem do Presépio
fica-se a dever, antes de mais nada, a alguns pormenores do nascimento de Jesus
em Belém, referidos no Evangelho. O evangelista Lucas limita-se a dizer que,
tendo-se completado os dias de Maria dar à luz, «teve o seu filho primogénito,
que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles
na hospedaria» (2, 7). Jesus é colocado numa manjedoura, que, em latim, se
diz praesepium, donde vem a palavra presépio.
Ao entrar neste mundo, o Filho
de Deus encontra lugar onde os animais vão comer. A palha torna-se a primeira
enxerga para Aquele que Se há de revelar como «o pão vivo, o que desceu do céu»
(Jo6, 51).
Passemos agora à origem do
Presépio, tal como nós o entendemos. A mente leva-nos a Gréccio, na Valada de
Rieti; aqui se deteve São Francisco, provavelmente quando vinha de Roma onde
recebera, do Papa Honório III, a aprovação da sua Regra em 29 de novembro de
1223. Aquelas grutas, depois da sua viagem à Terra Santa, faziam-lhe lembrar de
modo particular a paisagem de Belém. E é possível que, em Roma, o «Poverello»
de Assis tenha ficado encantado com os mosaicos, na Basílica de Santa Maria
Maior, que representam a natividade de Jesus e se encontram perto do lugar
onde, segundo uma antiga tradição, se conservam precisamente as tábuas da
manjedoura.
As Fontes Franciscanas narram,
de forma detalhada, o que aconteceu em Gréccio. Quinze dias antes do Natal,
Francisco chamou João, um homem daquela terra, para lhe pedir que o ajudasse a
concretizar um desejo: «Quero representar o Menino nascido em Belém, para de
algum modo ver com os olhos do corpo os incómodos que Ele padeceu pela falta
das coisas necessárias a um recém-nascido, tendo sido reclinado na palha duma
manjedoura, entre o boi e o burro».[2]Mal acabara de o ouvir, o fiel amigo foi
preparar, no lugar designado, tudo o que era necessário segundo o desejo do Santo.
No dia 25 de dezembro, chegaram a Gréccio muitos frades, vindos de vários
lados, e também homens e mulheres das casas da região, trazendo flores e tochas
para iluminar aquela noite santa. Francisco, ao chegar, encontrou a manjedoura
com palha, o boi e o burro. À vista da representação do Natal, as pessoas lá
reunidas manifestaram uma alegria indescritível, como nunca tinham sentido
antes. Depois o sacerdote celebrou solenemente a Eucaristia sobre a manjedoura,
mostrando também deste modo a ligação que existe entre a Encarnação do Filho de
Deus e a Eucaristia. Em Gréccio, naquela ocasião, não havia figuras; o Presépio
foi formado e vivido pelos que estavam presentes.[3]
Assim nasce a nossa tradição:
todos à volta da gruta e repletos de alegria, sem qualquer distância entre o
acontecimento que se realiza e as pessoas que participam no mistério.
O primeiro biógrafo de São
Francisco, Tomás de Celano, lembra que naquela noite, à simples e comovente
representação se veio juntar o dom duma visão maravilhosa: um dos presentes viu
que jazia na manjedoura o próprio Menino Jesus. Daquele Presépio do Natal de 1223,
«todos voltaram para suas casas cheios de inefável alegria»[4].
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