TAILÂNDIA direitos humanos

TAILÂNDIA direitos humanos

Papa Francisco: direitos humanos e diálogo entre religiões

Por P.Armando Soares

25 Novembro, 2019 JM-188

O Papa celebrou a Missa com os jovens | Catedral da Assunção,

Banguecoque | 22.11.2019 | Foto: Vatican Media

Tráfico de pessoas e a exploração laboral

O Papa Francisco denunciou no dia 22 novembro 2019, na Tailândia, o tráfico de pessoas e a exploração laboral na Ásia. “Carregais aos ombros as preocupações dos vossos povos ao ver o flagelo das drogas e o tráfico de pessoas, o atendimento a um grande número de migrantes e refugiados, as más condições de trabalho, a exploração laboral sofrida por muitos, bem como a desigualdade económica e social que existe entre os ricos e os pobres”, disse aos bispos da Conferência Episcopal da Tailândia e da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas (FABC). A FABC reúne os membros das 19 Conferências Episcopais da Ásia, com sede em Hong Kong. 
“Viveis num continente multicultural e multirreligioso, dotado de grande beleza e prosperidade, mas ao mesmo tempo provado por uma grande pobreza e exploração. Os progressos tecnológicos podem facilitar a vida, mas podem também suscitar um crescente consumismo e materialismo”, advertiu o Papa.
Francisco recordou o início da missionação católica levada a cabo por leigos e leigas, num “exercício simples e direto de” inculturação, não teórica nem ideológica, mas fruto da paixão por partilhar Cristo “com coragem, alegria e uma resistência extraordinária”.
Os primeiros missionários a estabelecer-se no território tailandês (Sião), foram os dominicanos portugueses em 1567, seguidos pelos franciscanos e pelos jesuítas. “Ousados, corajosos, porque sabiam, antes de mais nada, que o Evangelho é um dom para ser semeado em todos e para todos”, referiu.
               
Roupagem «estrangeira» no anúncio do Evangelho
O Papa deslocou-se hoje à aldeia de Wat Roman, nos arredores de Banguecoque, onde existe uma maioria católica, na população, onde pediu que o anúncio do Evangelho deixe de lado qualquer “roupagem estrangeira”.
“Devemos deixar que o Evangelho se despoje de roupagens boas, mas estrangeiras, para ressoar com a música que faz vibrar a alma dos nossos irmãos”, disse, durante um encontro com membros de Instituto de Vida Consagrada, no compromisso inicial do terceiro dia de viagem à Tailândia.
Francisco agradeceu a “todas pessoas consagradas que, com o silencioso martírio da fidelidade e dedicação diária”, de modo especial aos consagrados idosos. O encontro reuniu cerca de mil participantes de congregações, sociedades de vida apostólica e ordens monásticas das várias dioceses da Tailândia.
O Papa disse aos religiosos do país que a sua missão é “partilhar uma alegria, um horizonte belo, novo e surpreendente”. Não devemos ter medo de inculturar cada vez mais o Evangelho”, apelou.
Francisco admitiu que, para muitos, o Cristianismo é “a religião dos estrangeiros”. “Este facto impele-nos a buscar corajosamente modos de proclamar a fé ‘em dialeto’, tal como uma mãe canta as canções de embalar ao seu bebé”, sustentou.

Defender a dignidade humana
O Papa encontrou-se hoje na Tailândia com 18 líderes de Igrejas cristãs e outras religiões, na Universidade de Chulalongkorn. Propôs aos presentes um “espírito de fraterna colaboração que ajude a pôr fim a tantas escravidões que persistem” na atualidade, em particular “o flagelo do tráfico e exploração de pessoas”.
“Todos somos chamados não só a prestar atenção à voz dos pobres – marginalizados, oprimidos, povos indígenas e minorias religiosas –, mas também a não ter medo de gerar instâncias onde possamos trabalhar juntos”, declarou. O encontro em Banguecoque reuniu cerca de 1500 pessoas.
Francisco sublinhou que o primeiro chefe de Estado não cristão recebido no Vaticano foi o rei Chulalongkorn, da Tailândia, que em 1897 se encontrou com Leão XIII.
Fez apelo a todos para enfrentar problemas mundiais, como as “graves consequências” da globalização económico-financeira, os conflitos sobre migrantes e refugiados ou a degradação e destruição da natureza.
 “Estes tempos exigem que se construam bases sólidas, ancoradas no reconhecimento da dignidade das pessoas, na promoção dum humanismo integral capaz de reconhecer e reivindicar a defesa da nossa casa comum, numa gestão responsável que a preserve como um direito fundamental à existência”, precisou.
Como imperativo: “defender a dignidade humana e respeitar os direitos de consciência e liberdade religiosa”, felicitando depois os tailandeses pela atenção que dedicam aos mais velhos. O encontro foi animado por um coro constituído por católicos, budistas e muçulmanos, num gesto simbólico.

A «magnífica história de evangelização»
O Papa Francisco encerrou, no dia 22 nov. 2019, o programa da sua primeira viagem à Tailândia, desafiando os jovens católicos a dar continuidade à “magnífica história de evangelização” do país.
 “Esta bela Catedral é testemunha da fé em Jesus Cristo que tiveram os vossos antepassados: a sua fidelidade, profundamente arraigada, impeliu-os a cumprir boas obras, a construir o outro templo ainda mais esplêndido, composto de pedras vivas para poder levar o amor misericordioso de Deus às pessoas do seu tempo”, disse, na homilia da Missa a que presidiu na Catedral da Assunção, em Banguecoque.
Em 2019 assinalam-se os 350 anos da instituição do Vicariato Apostólico de Sião, que marcou o início da presença da Igreja Católica no país; a primeira missionação foi levada a cabo por religiosos portugueses: frei Jerónimo da Cruz e frei Sebastião do Canto, dominicanos, em 1567, seguidos pelos franciscanos e jesuítas. “A sua vida resistiu a muitas provações e sofrimentos”.
Num país de maioria budista, onde os católicos são cerca de 0,5% da população (400 mil em 60 milhões de habitantes), Francisco denunciou situações ligadas à dignidade humana, com apelos a toda a Ásia

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