NATAL COM FÉ VIVA UM DEUS HUMANADO por Armando Soares*
37 | Natal com fé viva
um Deus humanado por Armando Soares*
«E a Palavra se fez carne e veio habitar no meio de nós» (Jo 1, 14). Com estas palavras, tiradas do prólogo do evangelho de São João, nos é anunciada a 80 verdade profunda do mistério do Natal. É fascinante a expressão: «e veio habitar no meio de nós». O original grego diz “eskenosen”, que, literalmente, quer dizer: «plantou a sua tenda no meio de nós”. Ele é o Emanuel, o Deus connosco, para sempre. Perante este acontecimento não há outra coisa a fazer senão ajoelhar com fé, acreditar no mistério, confiar no Messias, deixarse envolver pela presença fascinante e única e vital do Espírito divino. Nosso Salvador é Jesus Cristo. No Natal, Jesus anuncia que quer plantar de novo a sua tenda aqui entre nós, mas também entre todos os povos da terra: na Europa, na África, na Ásia, em todo o continente Americano e na Oceania. A minha proposta é de um Natal missionário, aberto, universal, para olhar a humanidade inteira com os olhos do Verbo. Do ponto de vista missionário, este ano é um ano de graça, desde o Sínodo dos Bispos, em Roma, em Outubro e o decorrer do ano da fé, com apelos à fé em todas as dimensões já que a fé não é aceitar uma ideologia, ou um conjunto de verdades que se decoram como um teorema de matemática ou como se de uma fórmula química se tratasse. Estamos num mundo de grave crise económica. Mais especificamente na zona do Euro. O optimismo desmedido e o despesismo exorbitante conduziram a uma crise financeira mundial. Tudo isto parece ceder o passo à «necessidade de uma ética nos negócios e uma diminuição da fé cega na magia do mercado”, afirmou Ban Kimoon, secretário Geral da ONU. Comprometida com a vida da humanidade, para torná-la a história da salvação, a Igreja não concorda com a cultura da especulação. A comunidade de fé também exige ética nos negócios e consequente mudança de regras económicas: de um modelo que defende os interesses de uma minoria, dos desempregados, dos mais afectados pela austeridade, a um projecto de vida integral para todas as pessoas de todos os continentes. Não apenas sobrevivência, mas “vida e vida plena” a todos, eis a determinação precisa de Cristo. No meio deste furacão económico, o Papa levanta a voz de profeta: «Sem Deus, tudo desmorona, até a economia!». Bento XVI afirma em Roma, a certeza de que Deus «coloca a sua tenda no meio de nós». O Natal nos fala de esperança, de partilha, de sobriedade e de acolhimento 81 ao outro. Somente estes valores, vividos também na economia, serão capazes de alargar o espaço destas tendas, para que todos os povos e, de modo especial os mais pobres e sofridos, possam, neste Natal, experimentar a presença da graça e do amor. É isto que desejamos a todos os nossos leitores e isto só é possível se o nosso cristianismo brilhar com a luz da fé em Cristo Jesus. Feliz Natal! Feliz Ano Novo! Que a tenda de Deus se estabeleça … e permaneça para sempre entre nós!
in NA FORÇA DA PALAVRA n.37
«E a Palavra se fez carne e veio habitar no meio de nós» (Jo 1, 14). Com estas palavras, tiradas do prólogo do evangelho de São João, nos é anunciada a 80 verdade profunda do mistério do Natal. É fascinante a expressão: «e veio habitar no meio de nós». O original grego diz “eskenosen”, que, literalmente, quer dizer: «plantou a sua tenda no meio de nós”. Ele é o Emanuel, o Deus connosco, para sempre. Perante este acontecimento não há outra coisa a fazer senão ajoelhar com fé, acreditar no mistério, confiar no Messias, deixarse envolver pela presença fascinante e única e vital do Espírito divino. Nosso Salvador é Jesus Cristo. No Natal, Jesus anuncia que quer plantar de novo a sua tenda aqui entre nós, mas também entre todos os povos da terra: na Europa, na África, na Ásia, em todo o continente Americano e na Oceania. A minha proposta é de um Natal missionário, aberto, universal, para olhar a humanidade inteira com os olhos do Verbo. Do ponto de vista missionário, este ano é um ano de graça, desde o Sínodo dos Bispos, em Roma, em Outubro e o decorrer do ano da fé, com apelos à fé em todas as dimensões já que a fé não é aceitar uma ideologia, ou um conjunto de verdades que se decoram como um teorema de matemática ou como se de uma fórmula química se tratasse. Estamos num mundo de grave crise económica. Mais especificamente na zona do Euro. O optimismo desmedido e o despesismo exorbitante conduziram a uma crise financeira mundial. Tudo isto parece ceder o passo à «necessidade de uma ética nos negócios e uma diminuição da fé cega na magia do mercado”, afirmou Ban Kimoon, secretário Geral da ONU. Comprometida com a vida da humanidade, para torná-la a história da salvação, a Igreja não concorda com a cultura da especulação. A comunidade de fé também exige ética nos negócios e consequente mudança de regras económicas: de um modelo que defende os interesses de uma minoria, dos desempregados, dos mais afectados pela austeridade, a um projecto de vida integral para todas as pessoas de todos os continentes. Não apenas sobrevivência, mas “vida e vida plena” a todos, eis a determinação precisa de Cristo. No meio deste furacão económico, o Papa levanta a voz de profeta: «Sem Deus, tudo desmorona, até a economia!». Bento XVI afirma em Roma, a certeza de que Deus «coloca a sua tenda no meio de nós». O Natal nos fala de esperança, de partilha, de sobriedade e de acolhimento 81 ao outro. Somente estes valores, vividos também na economia, serão capazes de alargar o espaço destas tendas, para que todos os povos e, de modo especial os mais pobres e sofridos, possam, neste Natal, experimentar a presença da graça e do amor. É isto que desejamos a todos os nossos leitores e isto só é possível se o nosso cristianismo brilhar com a luz da fé em Cristo Jesus. Feliz Natal! Feliz Ano Novo! Que a tenda de Deus se estabeleça … e permaneça para sempre entre nós!
in NA FORÇA DA PALAVRA n.37
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