VATICANO Papa apresenta nova visão para universidades católicas
VATICANO
Papa apresenta nova visão para
universidades católicas
Jan 29, 2018 - 11:44
Constituição Apostólica «Veritatis Gaudium» sublinha aposta na
ecologia e no diálogo inter-religioso
O Vaticano divulgou hoje a constituição apostólica ‘A
alegria da verdade’ (Veritatis Gaudium), do Papa Francisco, que apresenta uma
nova visão para as universidades católicas, perante a globalização e a
necessidade de uma Igreja “em saída”.
“Torna-se
indispensável a criação de novos e qualificados centros de investigação onde
possam interagir, com liberdade responsável e transparência mútua, estudiosos
provenientes dos vários universos religiosos e das diferentes competências
científicas, de modo a estabelecerem diálogo entre si, visando o cuidado da
natureza, a defesa dos pobres, a construção duma rede de respeito e de
fraternidade”, defende.
O pontífice apela a
uma “mudança radical de paradigma”, uma “corajosa revolução cultural”, que
exige a “renovação do sistema dos estudos eclesiásticos”.
“Efetivamente,
estes [estudos eclesiásticos] não são chamados apenas a oferecer lugares e
percursos de formação qualificada dos presbíteros, das pessoas de vida
consagrada e dos leigos comprometidos, mas constituem também uma espécie de providencial
laboratório cultural”, precisa Francisco, no proémio da Constituição
Apostólica.
O Papa liga o
trabalho das instituições de ensino católicas à “missão evangelizadora da
Igreja”, na promoção do “crescimento autêntico e integral da família humana”.
“O que o Evangelho
e a doutrina da Igreja estão atualmente chamados a promover, em generosa e
franca sinergia com todas as instâncias positivas que fermentam o crescimento
da consciência humana universal, é uma autêntica cultura do encontro”, escreve.
O novo documento
atualiza as orientações da Constituição Apostólica ‘Sapientia christiana’,
promulgada por São João Paulo II em abril de 1979, face às mudanças
socioculturais e aos compromissos internacionais assumidos pela Santa Sé no
campo da educação.
O
atual pontífice convida a “superar o divórcio entre teologia e pastoral, entre
fé e vida”, evocando o ensinamento de vários dos seus predecessores sobre o
diálogo fé-razão e a necessidade de “inculturação” da proposta católica.
Francisco elogia
ainda o “perseverante compromisso de mediação cultural e social do Evangelho”
feito em todo o mundo e em diálogo com as várias culturas.
A Constituição
Apostólica assinala a importância da dimensão espiritual neste campo e de ouvir
“o clamor dos pobres e da terra” para tornar concreta a “dimensão social da
evangelização” como parte integrante da missão da Igreja.
O Papa retoma as
suas preocupações ecológicas para apelar a uma cultura cristãmente inspirada
que seja capaz de “descobrir em toda a criação a marca trinitária”, propiciando
“uma espiritualidade da solidariedade global que brota do mistério da
Trindade”.
Francisco quer que
as várias universidades e faculdades eclesiásticas sejam capazes de “repensar e
atualizar a intencionalidade e a disposição orgânica das disciplinas e dos
ensinamentos” dos seus planos de estudo, numa interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade “exercidas com sabedoria e criatividade”.
A ‘Veritatis
Gaudium’ sublinha a importância do trabalho em rede e desafia os teólogos a
“elaborar instrumentos intelectuais” novos num mundo marcado pelo “pluralismo
ético-religioso”.
“Isto requer não só
uma profunda consciência teológica, mas também a capacidade de conceber,
desenhar e realizar sistemas de representação da religião cristã capazes de
penetrar profundamente em sistemas culturais diferentes”, precisa.
OC | ECCLESIA
- Obter link
- X
- Outras aplicações
Comentários
Enviar um comentário