NIGERIA Mais um golpe na imagem do Islão por António José da Silva *

NIGERIA
Mais um
golpe na imagem do Islão por António José da Silva *



Com cerca de um milhão de quilómetros quadrados e mais de cento e setenta milhões de habitantes, a Nigeria é uma das grandes potências do continente africano, um estatuto justificado sobretudo pela sua produção de petróleo e de cacau. Independente desde 1960 no quadro da Comunidade Britânica, tornou-se uma república federada em 1963. Desde então, passou, ciclicamente, por tempos de grande instabilidade e turbulência, como aconteceu por alturas da chamada guerra do Biafra.
Hoje, pode  dizer-se que a situação política está praticamente normalizada, sobretudo porque os militares acabaram por controlar a sua histórica ambição pelo poder. Não se pode dizer portanto que a Nigéria esteja à beira de mais um conflito, pelo menos a curto prazo, mas nos últimos tempos, a opinião pública voltou a ter motivos de séria preocupação com o futuro deste grande país africano.
Apesar da multiplicidade das etnias que dão rosto ao país, não se pode dizer que esteja iminente uma guerra civil de cariz marcadamente étnico ou tribal. A grande divisão da Nigéria passa sobretudo pela Religião. Os seus habitantes dividem-se praticamente entre cristãos e muçulmanos, podendo dizer-se que a sua convivência foi, durante muito tempo, geralmente pacífica. Até que o fanatismo islâmico irrompeu um pouco por todo o continente africano e o país não foi poupado a esta vaga.
Esse fanatismo ganhou rosto num grupo que se chamou Boko Haram cuja tradição literal é precisamente a de que “a educação ocidental é pecado”. Estava definida a sua ideologia e estabelecido o seu grande objectivo: combater tudo o que cheirasse a Ocidente. O seu fundador e primeiro líder, Mohamed Yussuf morreu em combate, dando lugar ao agora famoso Abubakar Shekan que se revelou ainda mais fanático e cruel do que Yussuf, ou não fosse ele responsabilizado por mais de quatro mil mortes em ataques e atentados levados a cabo contra autoridades e contra civis. Naturalmente, a grande maioria das vítimas pertence às comunidades cristãs.

Há poucos dias, o Boko Haram levou a cabo uma operação que o retirou do relativo anonimato em que, Apesar dos seus esforços, vinha decorrendo a sua djhiad: foi o rapto de mais de duas centenas de jovens estudantes destinadas, segundo a sua própria e horrorosa publicidade, à escravatura. A reacção geral foi de repúdio completo. O Islão sofreu mais um golpe profundo na sua imagem. (*In Voz Portucalense)

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