ANTÓNIO COSTA/Bruxelas António Costa já manobra nos bastidores para ir para Bruxelas


ANTÓNIO COSTA/Bruxelas
António Costa já manobra nos bastidores para ir para Bruxelas
António Costa nunca fez mais nada na vida senão política – Costa não fará mais nada na vida que não política.
João Lemos Esteves

1. António Costa já concretizou o seu sonho de menino de ser primeiro-ministro. Surripiou o poder, quebrou uma convenção político-constitucional da democracia portuguesa, traiu os valores e a orientação política fundacional do PS de Mário Soares, juntou-se à extrema-esquerda para chegar ao poder, mesmo contra a vontade dos portugueses. Está feito. Agora, Costa já só pensa no seu próximo golpe… perdão, no seu próximo tacho político… perdão, no seu próximo desafio político. É assim: António Costa nunca fez mais nada na vida senão política – Costa não fará mais nada na vida que não política. Nós, portugueses, estaremos sempre aqui para o sustentar – e, fruto do sistema mediático em que vivemos, António Costa vai impingir-se a todos nós nos próximos anos. Costa está para ficar: nós somos a sua família de sustento… que permite a António Costa sustentar as suas famílias (amigas)!

2. Dito isto, a cabeça de António Costa já não está em Portugal. Agora, o líder socialista quer experimentar – tudo indica – um outro tipo de tacho: o tacho internacional. Costa já foi eurodeputado (que, aliás, não deixou obra nem qualquer marca relevante), pretendendo, nos próximos anos, exercer o lugar de presidente do Conselho Europeu. Na verdade, uma pessoa que outrora foi muito próxima de António Costa e que chegou mesmo a integrar o atual executivo confidenciou-nos que a escolha de Pedro Marques para cabeça-de-lista ao Parlamento Europeu se justifica com a execução de uma estratégia pessoal de António Costa que há muito é falada nos bastidores socialistas. Entre os dois socialistas foi firmado um acordo pelo qual Pedro Marques será designado por António Costa como comissário europeu – e, em troca, Pedro Marques fará pressão, junto dos seus contactos e ligações na Europa (que adquiriu na sua faceta de ministro dos Transportes), para que António Costa seja escolhido para um qualquer cargo europeu relevante (que lhe permita ter um exílio dourado, nos próximos anos até 2024/2025, em Bruxelas).

3. Porquê? Porque António Costa tem a convicção de que a próxima legislatura será muito delicada e está farto da mentira que montou com o Bloco de Esquerda e o PCP, não querendo repetir o erro de José Sócrates de não saber sair em tempo devido. António Costa quer ser ele a decidir o momento da sua saída do Governo de Portugal, em alta, após vitória eleitoral – e não em queda, após derrota. No entanto, Costa não sabe viver sem ter cargos políticos – é a sua vida, a sua fonte de rendimentos, o seu poderzinho, o seu estatuto social. Em Portugal, António Costa – segundo o que vai na sua cabeça – já só poderá ir para a Presidência da República. Ora, também aqui Costa quer evitar cometer o erro de Cavaco Silva quando, em 1995, saiu de primeiro-ministro para se candidatar imediatamente à Presidência da República. O que resta ao nosso caudilho, pois então? Ir para um sítio onde se tem estatuto político e social, ganha--se muito bem, trabalha-se pouco (na generalidade dos casos) e que lhe confira prestígio internamente – ou seja, resta-lhe a Europa. E, a partir de Bruxelas, António Costa montará, entre 2021 e 2025, a máquina de campanha para a sua candidatura presidencial de 2026. Esta é uma versão que está circulando nos bastidores e que provém de pessoas próximas – que ainda colaboram ou já colaboraram no atual Governo – de António Costa. Por falta de elementos objetivos que consubstanciassem esta informação, nunca lhe atribuímos particular crédito.

4. Eis senão quando, na passada semana, o jornal britânico Financial Times – em artigo que se percebe claramente que é de encomenda, restando apurar de quem – apontou António Costa como o candidato surpresa à presidência do Conselho Europeu. Ora aí está: afinal, a história da estratégia pessoal de António Costa é mesmo verdadeira. O líder socialista já não quer saber de Portugal, dos arranjos de poder governamentais pós-Outubro, do PSD ou da extrema-esquerda – Costa já só quer ganhar eleições (para dizer aos seus camaradas de Bruxelas que tem força político-eleitoral, que conquistou o povo português com uma “política alternativa” e para não lhe ficar colada eternamente a imagem de usurpador-mor do regime) e ir embora para a Europa, onde preparará o regresso à política nacional com os olhos postos no Palácio de Belém. Esta tese é reforçada por três bizarrias que ocorreram também na passada semana.
4.1 Primeiro: o teatro que António Costa montou na sequência da aprovação do diploma sobre o tempo de serviço dos professores. Percebemos agora que o objetivo não era falar para os portugueses – o objetivo era, essencialmente, falar para os líderes europeus. Costa quis passar para os manda-chuvas da Europa a ideia de um líder centrista, que põe ordem na casa, que sabe ser rígido aparentando ser flexível. Porquê? Porque Costa sabe que tem os esquerdistas no bolso, porque a comunicação mediática o transformou no rei mago da “política alternativa” – precisa pois, agora, de cativar os setores europeus mais moderados. A encenação de demissão – com a ajuda do recuo de PSD e CDS – serviu para Costa marcar pontos junto destes setores europeístas, rumo à conquista do tacho europeu que tanto quer.
4.2 Segundo: Moscovici – comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros – veio, de forma completamente bizarra, elogiar a coragem, a firmeza e a capacidade de liderança de António Costa. Antes do mais, Moscovici que se meta na sua casa e não venha dar lições de política aos portugueses. Depois, esta afirmação de Moscovici serviu para dar um sinal aos seus congéneres europeus de que António Costa é para levar a sério na eleição para presidente do conselho. Foi um frete do comissário para ajudar a causa tachista de Costa.
4.3 Terceiro: António Costa demonstrou publicamente o seu apoio ao Presidente francês, Emmanuel Macron. Ora, esta é a bizarria suprema: Macron nem sequer pertence à família europeia de António Costa. O aliado do PS em França é o Partido Socialista francês! Pois bem, prova-se, mais uma vez, que Costa está em campanha para a presidência do Conselho Europeu – o vídeo pró-Macron foi mais uma operação de charme de Costa, tentando colar-se à imagem de Macron como o “Senhor Europa”. Num cenário em que o Reino Unido se confronta com o Brexit, em que a Alemanha está enfraquecida em virtude do processo de transição política em curso que vive, quem poderá ser decisivo na escolha do presidente do conselho? Emmanuel Macron… Eis, pois, a explicação para o vídeo – bizarro! – de apoio de Costa a Macron; em retribuição, Macron, possivelmente, apoiará Costa em Bruxelas.

5. Em 2015, António Costa fez campanha contra PCP e BE, mentindo aos portugueses sobre a negociata que já estava cozinhada entre eles para a golpada parlamentar. Em 2019, preparem-se, pois vem aí nova mentira golpista: Costa negará sempre que irá para a Europa, ao mesmo tempo que já trabalha nos bastidores para deixar Portugal no próximo ano – e deixará aqui o esquerdista radical Pedro Nuno Santos ao leme do Governo.

joaolemosesteves@gmail.com

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