CORRUPÇÃO/portugl A corrupção em Portugal pode estar fora de controlo.
CORRUPÇÃO/portugl
A corrupção em Portugal pode estar fora de controlo.
15.05.2019
Foto: Notícias ao Minuto |
O alerta partiu da magistrada Maria José Morgado, que apontou a apatia da sociedade civil, o sigilo fiscal e o segredo bancário como factores “para não haver um verdadeiro combate à corrupção”.
Maria José Morgado, no
seu discurso no I Congresso sobre a Democracia em Portugal, considerou que “a sociedade civil tem de exigir à Polícia Judiciária, ao
Ministério da Justiça e ao Procurador Geral da República, Souto Moura,
estatísticas, estudos, diagnósticos e resultados sobre o combate à corrupção”.
Ao CM, a magistrada
explicou que “tem
de haver um tratamento especializado dos dados, para definirmos a corrupção nos
diferentes serviços do Estado, bem como quais as categorias de funcionários
envolvidas e a relação com o crime organizado”.
A ex-directora
nacional adjunta da Polícia Judiciária, defendeu ser “necessária a quantificação de objectivos e definição de
programas por parte dos políticos”.
Enquanto esse trabalho não for efectuado “existe
uma realidade de paz podre em que não se pede responsabilidades a ninguém”, sustentou.
“Não existem números oficiais. Portugal, enquanto país pobre,
fica ainda mais pobre com a corrupção”,
acrescentou a magistrada, estimando que a “evasão fiscal represente entre cinco
a sete por cento do Produto Interno Bruto”.
“Não há um verdadeiro combate. Volta e meia há um surto de
investigações, mas depois não ficam sinais marcantes”, referiu, apontando como exemplo o ‘caso’ do Fundo Social
Europeu, que “terminou com meia dúzia de punições”.
Lamentando que “os partidos não tenham dado o exemplo”, a magistrada sublinhou: “Os portugueses têm andado ao sabor dos espectáculos
mediáticos e da confusão entre escândalos e combate real à corrupção. Esta
confusão pode ser um sinal de que a situação está fora do controlo”.
DEPOIMENTOS
A opinião da dra.
Maria José Morgado é, como todas, legítima e respeitável. Mas discordo dela em
absoluto. Não tem de se atacar o sigilo fiscal ou o segredo bancário, que
existem em Portugal, como em toda a Europa. Se o combate à corrupção não
avança, trata-se, isso sim, de incompetência da investigação criminal. O problema
não é a Lei. José Miguel Júdice, Bastonário da Ordem dos Advogados.
Há demasiados entraves
à investigação. É preciso permitir o acesso rápido às contas bancárias dos
suspeitos e o cruzamento dos dados fiscais, bancários e das conservatórias dos
registos prediais. Não é possível combater eficazmente a corrupção, tal como é
hoje – sofisticada – com os meios legais criados para um fenómeno menos
complexo. C. Anjos, Asso. Sindi. Fun. Inv. Criminal.
A magistrada Maria José
Morgado salientou a importância da blogosfera e de algumacomunicação social, na denúncia de "enriquecimentos súbitos de titulares de cargos políticos,
esbanjamento de dinheiros públicos, crimes financeiros e porosidade entre poder
político e poder empresarial".
Maria José Morgado
lamentou que Portugal não tenha "uma
cultura de denúncia", mas uma "cultura de escândalo",
observando que, enquanto a denúncia tem a vantagem de contribuir para uma "sociedade limpa", com "uma
opinião pública intransigente e que exige responsabilidade do poder político,
dos magistrados e dos jornalistas",
um "mero carrossel de
escândalos" não tem
consequências, servindo apenas para "gozo
de conversas de café".
Com resultados
perversos para a democracia, não?
Um é perfeitamente
evidente: o enfraquecimento daquilo que nas sociedades modernas é muito
importante – a sociedade civil e as lideranças da sociedade civil. Os
líderes da sociedade civil são capturados por esses interesses. Veja o exemplo do actual presidente da EDP, Eduardo Catroga. É um homem com qualidade, é um líder de opinião, e não
temos tantos como isso. Antes de o governo actual ter sido eleito e mesmo
depois, antes de ter sido nomeado para presidente da EDP, Catroga era dos críticos mais ferozes e mais contundentes da questão das
rendas excessivas– na energia, PPP. A partir do momento em que passa a ser presidente da EDP,
justifica, das maneiras mais absurdas, as rendas excessivas. Se pensarmos que isto acontece com um, dois, três, dez destes líderes – e acontece com as pessoas que estão nos mais
diversos cargos na CGD, na GALP, na EDP, na REN, etc. –, há muito poucas que
permanecem independentes, que não se vendem.
Fonte: Apodrecetuga
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